Fanfic: O lobo Alfa (Terminada)

       Os olhos de Alfonso se retiraram
bruscamente da tela do ordenador e farejou o ar por meio de uma inspiração
profunda. O aroma era débil, mas aumentando segundo a segundo.

        Seus olhos se moveram para explorar o
pátio da casa e seus ouvidos humanos se aguçarão, preparados para poder captar
um som que pudesse lhe ajudar a identificar esse aroma.

       A cauda de Lee apareceu rapidamente
através do mesmo fundo da linha de visão de Alfonso. Rapidamente seu próprio
aroma o saudou e se despediu da glândula olfativa de Alfonso. Não tinha sido
ele.

       Separou-se do escritório e se levantou.
O aroma era intenso. Familiar, embora de uma maneira que confundiu a
tranqüilidade e o reconhecimento de Alfonso.

       Um membro da manada. Seu gêmeo. Alfonso
afirmou ausente, quando detectou o aroma pessoal do Miguel como parte do aroma
estranho que invadia seu território.

       Seu sentido auditivo captou o som do
jipe de seu irmão, antes que pudesse vê-lo vir pelo passeio de duas milhas? -
que finalizava em sua guarida.

       E o reconhecimento do outro aroma,
veio-lhe uns momentos depois.

* * * * *

       As largas e negras orelhas de Lee
ergueram-se a causa do golpe que fez vibrar a parede na zona onde tinha
colocado seu pôster da Marilyn Manson. A gritaria aumentou, para chegar
retalhos da discussão até seus ouvidos, quando de repente, com sua visão em
branco e negro, captou como uma tachinha da esquina direita do pôster saía
disparada para ele devido a outro golpe e graças a seu reflexo animal colocou
seu corpo em uma posição pela que a 
maioria dos homens dariam um testículo por ser capazes de imitar.

       Lee se inclinou e lambeu amorosamente
seu solitário testículo.

       - Posso cheirá-la sobre ti!

       Ante as acusações do alfa, que soavam na
habitação continua, Lee ouviu por um momento a entrevista de seu primeiro
baile de graduação. Ainda em um mundo em branco e negro, Lee olhou pela janela,
além do arvoredo. Para a cabana.

       Então era esse o aroma.

       Ele somente o tinha feito a uma meia
milha, mas ou menos,  através do bosque
pelo que tinha passado a noite anterior, onde seu irmão maior esteve a ponto de
morrer pela mordida de um lobo alfa, ao descobrir este, por acaso, aquele aroma
na pequena fêmea mais sedutora da manada vizinha. 

       Sabia que Alfonso perderia o controle se
cheirasse aquela pequena brincadeira. Mas lhe tinha permitido cheirá-la e ele
até tinha arriscado uma lambida saborosa quando ela não tinha estado olhando,
havendo-se esquecido das dolorosas surras fraternais ante tanta testosterona
correndo por suas veias. A fêmea tinha paquerado e jogado com energia para
ganhá-lo, com seu delicioso e perfeito traseiro ao ar, para provocá-lo, mas
ninguém tinha vindo à área de amparo de sua própria manada.

       De fato, nem nada nem ninguém tinha aparecido
durante o acontecimento.

       Lee choramingou e seguiu com seu próprio
estilo de cachorrinho feliz, enquanto escutava a seus irmãos lutar na habitação
continua.

       - Disse que nos assegurássemos esta vez...

       - Disse que eu ia assegurar-me esta vez!

       - Ela não esta ovulando ainda!

       - Não era seu dever comprovar isso!

       - Alfonso, se a manada te esperar para
determinar a fecundidade desta fêmea...

       Fecundidade?

       Lee jogou uma olhada ao dicionário que
seu pai lhe tinha dado o Natal anterior. Foi um inferno conseguir convertê-lo
em um batente para a porta.

       -... estamos vendo a extinção de uma
espécie em nossa geração.

       Não esta lista para ser impregnada
ainda.

       Lee cabeceou e riu de sua própria
inteligência e logo se moveu bruscamente para morder-se algo que não sentia e
inclusive não podia ver o avanço lento por sua pele. Melhor não perguntar.
Nunca tinha entendido o impulso de fazer isso.

       O golpe que agitou as duas tachinhas
restantes do Sr. Manson, distraiu a atenção de Lee, longe de seus imaginários
insetos horripilantes. Mas o tom da voz de seu irmão alfa causou que lhe
parecesse levar uma manada nova deles, começando a correr por sua nuca.

       - Não tenho por que deixar a ti ou Lee
procriar, Miguel, - grunhiu Alfonso.

       - Faço-o porquê são meus irmãos e vos
amo.

       O seguinte golpe veio com um grunhido
que Lee reconheceu como de seu irmão maior.

        - O lobo em mim tem que te escutar, Alfonso,
- a voz do Miguel retumbou e Lee saltou ante o novo golpe. Miguel estava
obviamente fora do controle. Sabia que estava longe de ganhar no Alfonso...
Apesar de suas diferenças, Alfonso era o alfa, Miguel sabia e respeitava isso.
Ao menos o lobo no Miguel o parava. E o lobo nele sabia, que pôr suas mãos
sobre o Alfonso em um ato de outra coisa que não fora a defesa pessoal, era
razão suficiente para a expulsão da manada.

       Ou a morte.

       Mía tinha sido a última coisa que tinha
provocado este lado irracional, o lado humano do Miguel.

       - Mas possivelmente não sou totalmente
tão animal como você gostaria de pensar, - seguiu Miguel. Lee se esforçou por
ouvir no silêncio que sobreveio na outra habitação.

       O muito distinto e muito forte aroma do
medo chegou através do ar.

       Mas de quem?

       - Ou possivelmente sou até mais animal
do que qualquer de nós, alguma vez, possa-se ter imaginado.

* * * * *

       O roce na porta de cristal era suave,
quase corte.

       Anahí se surpreendeu rindo quando o lobo
a olhou atentamente através do cristal e logo chutou o agarrador outra vez.
Fechou o livro no que tinha estado trabalhando e caminhou nua e descalça para
as portas.

       - Aposto que desejaria ter dedos,
verdade?

       O lobo choramingou uma súplica de
cachorrinho e se sentou para olhar-lhe fixamente com seus grandes olhos azuis. Anahí
sentiu como lhe derretia o coração ante seu olhar.

       E seu ventre se derretia com as
lembranças.

       Ela assinalou ao lobo pelo cristal.

       - Se te deixo entrar tem que ser bom -
sorriu abertamente e pôs a ponta do dedo contra o cristal.

       Ele o lambeu ao outro lado.

       Ela riu em silêncio, sacudiu a cabeça e
abriu a porta para deixá-lo entrar.

       Anahí viu como o lobo entrava como se
tivesse um convite permanente. O animal foi diretamente a sua cama. Seu peso
fez que os moles da cama rangessem e o colchão soasse com um forte plaf quando
se tombou no meio.

       - Oh não, - Anahí sacudiu a cabeça.

       - Não vamos fazer isso outra vez esta
noite. - Anahí aplaudiu o traseiro do lobo para tentar afugentá-lo de sua cama.
Ele se moveu ligeiramente e a olhou antes de girar a cabeça e posá-la sobre
suas patas dianteiras.

       - Moço, disse que não sobre a cama, -
repetiu-lhe e aplaudiu seu traseiro um pouco mais forte. O lobo deixou escapar
um som irritado e se levantou em meio da cama antes de saltar ao chão. Anahí
levantou a perna para subir, mas se encontrou com o pulso agarrado entre a
navalha afiada de dentes, postas em uma forte mandíbula, que a impulsionavam a
ir exatamente onde ele queria que ela fosse.

       O lobo atirou-a para baixo, até tombá-la
totalmente sobre a manta trançada que havia no chão, logo passou sobre ela
tombou-se ao lado e colocou a cabeça em seu ombro antes de suspirar longamente,
com alegria e fechar seus olhos.

       - É um cabeça-dura muito esperto.

       Sabia que não conseguiria dele um
sorriso zombador.

       Anahí se levantou um pouco e agarrou um
travesseiro que se colocou detrás da cabeça. O lobo jogou uma olhada em cima da
cama, logo a olhou e conseguiu que Anahí sorrisse e lhe acariciasse a cabeça,
quando agarrou entre seus dentes a esquina do edredom e o arrastou sobre eles.
Moveu-se se colocando mais perto, orientando-se para ela. Olhar fixamente
dentro desses olhos, a fez querer esquecer que era somente um lobo.

       - É magnífico, sabia?

       O lobo piscou devagar e Anahí soprou ao
notar que estava de acordo na opinião que tinha sobre ele mesmo.

       - Uma pouco de modéstia não te faria
mal.

       O alfa bocejou e estirou suas patas.

       Uma delas, grande e quente caiu sobre
seu ventre. Anahí a agarrou e a tirou de cima.

        - Não faremos isso outra vez esta
noite, - declarou quando bloqueou sua tentativa de pôr a pata sobre seu peito,
outra vez. Anahí riu de seu método de atuar, pois fazendo como que ia pôr as
patas em seu estomago e o pescoço, levou-as a pressionar um mamilo e entre suas
pernas.

       - Para! - riu, quando o jogo da alfa
ficou mais intenso. As duas mãos de Anahí tinham problemas para manter-se à
corrente de suas quatro patas, quando ele utilizava cada uma delas em uma parte
diferente de seu corpo. Finalmente, Anahí conseguiu sujeitar suas patas
dianteiras com suas mãos e as patas traseiras entre suas pernas. Apanhando os
quatro membros de uma vez.

       - A já! - riu e provocou que o lobo
estudasse sua indefesa posição.

       - Agora o que vai fazer menino esperto?

       Anahí compreendeu rapidamente que não
deveria ter tentado sua sorte com essa besta.

       Seus dentes lhe morderam em uma zona de
cócegas, justo entre suas costelas. Anahí gritou renda-se quando o alfa
beliscou e lambeu nesse ponto, torturando-a até o ponto de urinar-se e logo se
moveu para baixo um pouco até encontrar outro ponto e atormentá-la. Ela tentou
torcer-se para afastar-se dele, mas a não ser que deixasse ao menos duas de
suas patas, estava apanhada.

       O captor havia-se feito de escravo.

       - Para! - gritou de repente e riu a
gargalhadas. Aquele maldito sorriso zombador refletido em sua boca e seu olhar
ficaram fixos em sua cara enquanto elevava a vista de vez em quando para
assegurar-se de que ela seguia desfrutando do que lhe estava fazendo. 

       - Para! - riu e liberou suas patas
dianteiras para evitar que sua boca seguisse lhe fazendo cócegas e ela fizesse
xixi. As risadas tolas voltaram em feitas ondas durante vários segundos quando
ela ficou ao lado dele e o viu desfrutando-se de seu lucro. Finalmente, sentiu
como o lobo se trocava de posição e se instalava outra vez a seu lado, mas a
certa distância e lhe dando as costas. Anahí estendeu a mão e acariciou o liso
cabelo negro de seu pescoço e seu flanco.

        - Hoje conheci um homem, garoto.

       Anahí viu que os olhos do alfa
permaneciam abertos e olhavam fixamente através do quarto quando lhe falou.
Quase como se a escutasse. Anahí se levantou para apagar o abajur e rodou
ficando de costas e com o olhar fixo no teto.

        - Era quase perfeito, - murmurou.

       A respiração do alfa era estável.
Calmante. Anahí fechou seus olhos e deixou a sua própria respiração igualar-se
a do animal que tinha ao lado.

       - Ele era também magnífico, - murmurou.

       - E me fez desejar fazer coisas que
nunca me tinha imaginado fazendo antes. Coisas que nunca tinha imaginado que me
fizessem, - sussurrou silenciosamente ao ouvido do alfa.

       - Nunca diga a ninguém que te disse isto
- ela riu de sua própria insensatez e acariciou o flanco do alfa, - mas com um
pouco de trabalho, penso que possivelmente poderia ser o que procuro -,
declarou. E logo riu bobamente.

       - Ao menos no dormitório.

       - É terrível para mim, admitir isto?

       O alfa estava imóvel. E tranqüilo. Anahí
quis imaginar que estava pensando o que ela acabava de dizer. Quis sentir ao
lobo ao lado dela e permitir a suas fantasias jogar em sua mente. Durante só um
momento, Anahí quis fingir que ele era um homem. Um homem como o que tinha
sonhado encontrar. Um homem muito, muito similar ao Miguel Herrera.

       Mas não exatamente.