Fanfic: O lobo Alfa (Terminada)

* * * * *

       A uma da madrugada.

       Pelo menos.

       Olhou de esguelha o relógio que havia
sobre a mesinha de noite e voltou a escutar o ruído que a tinha despertado.

       Golpearam de novo a porta.

       Envolvendo-se com sua bata, lenta e
dolorosamente deu pequenos passos para a porta principal da cabana. Estava a
vinte milhas de nenhuma parte e tinha tido mais visita nas últimas 24 horas que
em seu apartamento do Knoxville. Depois de partir seu último visitante, que
virtualmente a havia possuído pela segunda vez ao deixá-la doída, confusa e sem
tão sequer lhe dizer.

        - Posso te chamar? -, Anahí se tinha
sumido em um sonho fugaz, alvoroçado como o mesmo inferno, que tinha durado até
esse momento.

       Estava muito zangada. Miguel tinha
ferido seus sentimentos ao não ficar nem cinco minutos depois de ter feito
amor. Quão último recordava, antes de sua marcha, era a forma em que seus dedos
percorriam o centro de sua coluna para lhe dar depois um beijo na parte baixa
de seu sexo.

       Nem tão sequer tinha claro que se vestiu
antes de fechar a porta atrás dele.

       Estava tão segura de que tinham
conectado. Mas pela forma em que se partiu, Anahí tinha compreendido que não
sentiam exatamente o mesmo. Possivelmente o que ela havia sentido era um
vínculo muito forte e ele não havia sentido nada.

       Ante aquele pensamento lhe fez um nó no
estomago e quase fez uma careta.  Tinha
claro que o que ela queria era bom sexo e que transaria até mesmo no inferno, e
esse homem tinha posto todos ao seu dispor e cada um dos 20 centímetros de seu
duro, abrasador e masculino membro.

       Mas dentro desse mesmo corpo, que ele
tinha forçado prazenteiramente, Anahí tinha um coração. E também tinha
sentimentos. Miguel tinha conseguido feri-los os três de um só golpe. E, ao
mesmo tempo e sem medir palavra, havia-lhe dito coisas que nenhum outro ser
tinha tentado lhe expressar antes.

       Anahí conhecia o homem que lhe tinha
feito amor. Conhecia-lhe do momento em que chegou à vida. Por desgraça, não
pareceu que ele se reconhecesse. Era um tipo estranho, de acordo. E também era
tão impressionante como ela tinha pensado. Mas também era capaz de rasgar seu
coração e fazê-lo em migalhas se aproximasse muito a ele. Sem mencionar o que
poderia chegar a lhe fazer a seu corpo.

       Sorriu apesar de seus pensamentos e
amaldiçoou a quem a tinha despertado de seu profundo sonho. Abriu a porta e
acendeu a luz do alpendre ao mesmo tempo.

       Cortou-lhe a respiração.

       A cicatriz tinha desaparecido. Quando
conseguiu reagir, o sorriso satisfeito que parecia estar gravada em sua cara
tinha sido substituído por uma aparência suave e um olhar compassivo.

       Os olhos eram ainda daquele azul no que
tinha querido afogar-se. O cabelo era sedoso e de um negro azeviche. Tangível.
Atraente...

       Nesse momento lhe pareceu que era
perfeito para aproximar-se dele e aferrá-lo como não o faria com nada mais.

       Encontrava-se aproximadamente a um ou
dois metros dela, como a primeira vez que lhe tinha visto. E com a mesma
firmeza. Completamente igual.

       Abriu a boca para falar, mas não
pronunciou nenhuma palavra, sua mente, seu corpo e seu coração tinham ao homem
diante. Sem mencionar que o olhar fixo dele dizia o mesmo a respeito de seus
sentimentos.

       Conseguiu um pouco de fôlego, mas lhe
pareceu débil e sem voz. O homem que se achava ante ela pôde recuperar a fala
antes e Anahí sentiu um formigamento quando ouviu sua voz:

       - Necessito que venha a casa comigo.

       Anahí assimilou as palavras que acaba de
pronunciar esse homem diante dela. E depois sentiu como lhe parava o coração
quando ouviu a seguinte frase:

       - Lee está doente.