Fanfic: `Amor por Conveniência [DyC]
Por um momento
a tensão foi quase palpável. Com um gesto ríspido ele fechou a porta dela e
passou diante do carro se acomodando no acento do motorista. Dulce olhou-o de
relance e percebeu a enfezada expressão em seu rosto; definitivamente ele não
gostou do modo com que ela falou com ele. Havia sido dura, sabia, mas não tinha
pedido para ele parar e oferecer-lhe uma carona e tinha passado a pior noite de
sua vida. Assim que o homem ligou o motor e deu a partida, um pensamento a fez
tremer. A noite teria sido mais do que a pior de sua vida se tivesse entrado
naquela limusine...
— O que é?
A voz com
sotaque interrompeu seu medo.
— Nada.
Olhando fixo
para a estrada tentou ignorar o homem ao seu lado. Pelo canto do olho via a mão
delgada e bronzeada sobre o câmbio. Dedos longos, unhas brancas e bem tratadas.
O punho da camisa brilhava pálido contra a pele escura e o paletó do smoking.
Ficou tentada e esforçou-se para não virar o rosto para olhá-lo melhor. Era só
uma carona. Ele era um membro da segurança do cassino e não ia querer um
escândalo se uma cliente, mesmo indesejável, tivesse qualquer problema na volta
à cidade.
— Um conselho,
señorita...
A voz do
espanhol fez com que pudesse virar para ele. Seu estômago revirou como quando o
viu no cassino e depois no acostamento, mas a expressão dele a desanimou.
— Homens como Ochoa
são perigosos. Sua vida nada vale para ele. Assim, se ouvir ou vir qualquer
negociação que ele prefere não tornar pública, ele não vai hesitar em matá-la
para que não fale.
Dulce olhou-o
fixamente.
— O quê?
— Você ouviu.
Gângsters como Ochoa não se preocupam com jogadores pequenos como você.
— Gângsters?
— Não gosta da
palavra?
— Guillermo Ochoa
não é um gângster! É apenas um empresário espalhafatoso do leste europeu
que fez sucesso desde o fim do comunismo!
— Sim... com
drogas, contrabando de armas, extorsão...
Olhando para o
rosto da garota Chris ficou exasperado. Ela o olhava como se estivesse louco.
Deu um sorriso duro.
— Você é mesmo
ingênua assim, querida?
— Não sabia que
eles eram gângsters!
O choque dela
era verdadeiro? Se fosse, ele estava duplamente satisfeito por ter parado e
oferecido carona. Nenhuma mulher vestida daquele jeito devia andar sozinha a
esta hora da noite, mesmo se não estivesse saindo do seu cassino. Mas foi mesmo
apenas um cavalheirismo de sua parte ou sua libido também estava envolvida?
De perto ela
era mais linda e mesmo vestida como uma putana, o afetava poderosamente...
De qualquer modo era uma mulher da vida e mesmo linda não colocaria as mãos nela.
— Como sabe
que eles são gângsters? — Ela interrompeu seus pensamentos.
— Eu conheço
todos os que vêem ao cassino.
— Claro. É o
seu trabalho. Detetive da casa ou o que for.
Chris tirou a
mão do volante, pegou do porta-luvas um cartão de visitas e entregou-lhe
silenciosamente, que colocou-o sob uma luz da rua.
Chris Uckermann, ela leu. Empreendimentos
El Pacuso.
— Tenho um
objetivo, señorita — Chris Uckermann falou suavemente — de conhecer
todos que entram em meu cassino. Tenho um ótimo banco de dados, uma necessidade
nestes tempos incertos de fraudes. Alguns jogadores sofrem de um hábito
compulsivo que não estão de acordo com suas situações financeiras. E alguns,
como o nosso conhecido Guillermo Ochoa, gastam dinheiro cujas origens chamam a
atenção da polícia. Tais jogadores não são meus clientes valiosos.
— Seus?
— Meus.
O rosto dela
franziu mais e ele a viu olhar para ele e para o interior do carro luxuoso.
— O cassino é seu?
— É. Sou dono
de todos os resorts El Paraíso.
Ele esperou um
brilho nos olhos dela quando revelou que era um homem rico. Mas, ela apenas
comentou:
— Pensei que
fosse o detetive da casa. Achei estranho estar dirigindo um carro como este...
pensei que fosse emprestado.
— Não, é meu.
Gosta dele?
— É muito
interessante — Dulce falou, educadamente. Conhecia os homens e sabia que seus
carros eram coisas importantes e que tomavam como ofensa se não fossem
admirados.
Ele deu uma
risada. Não queria, mas não se conteve. Sem saber o motivo, sentiu uma onda de
relaxamento ao perceber a total falta de interesse dela por um carro que
custava mais de duzentos mil euros.
Inesperado.
E uma garota
assim, que praticamente tinha escrito na testa "Sexualmente disponível
para quem pagar", deveria começar a babar por saber que era rico.
Por que não
estava? Por que não havia ficado com seus "acompanhantes" durante a
noite?
— Por que você
não foi com Ochoa?
— Porque não
sou tão idiota! Posso ter sido ao não perceber que ele era um gângster, mas não
o bastante para entrar numa limusine com ele e ir para um lugar com uma
aconchegante banheira comum!
— Perdoe-me —
sua voz foi suave — mas pensei que esse era o objetivo.
Dulce estava
séria. Certo, não podia culpá-lo por pensar que era uma mulher da vida. Mas não
ia permitir que a julgasse tão imbecil por estar grudada num gângster!
— Bem, não
era! Eu estava com eles como... um favor à namorada de Guillermo Ochoa. Ela
está de cama por causa de uma lagosta estragada e não queria alguma mulher se
aproximando dele, de seu dinheiro. Então, eu estava lá para tomar conta dele, apenas em público! Quando ele e seus amigos quiseram fazer uma festa particular eu
me afastei, certo? Eles não gostaram e acabei voltando para casa a pé.
Ele franziu o
rosto.
— Devia ter
pedido ao porteiro para chamar um táxi.
— Táxis custam
dinheiro, señor Uckermann.
— Você só
gasta o dinheiro dos outros?
— Você não tem
o direito de dizer isto.
— A costa está
cheia de garotas procurando homens para gastar dinheiro com elas.
— Bem, eu não
sou uma delas!
— Se não quer
que pensem isso, é melhor não andar com tipos como Guillermo Ochoa, mesmo que
ele fosse o empresário que pensou.
— Eu disse que
estava fazendo um favor a uma amiga!
Ele olhou-a
com os olhos brilhando.
— De fato.
A descrença
dele a abalou e determinada a tirar aquele jeito cínico de seu rosto ela falou
duramente:
— Veja, señor Uckermann, sou uma ingênua idiota,
como disse, mas não sou esse tipo de garota, ainda que pense que sou!
— Então,
sugiro que no futuro não fique na companhia de tipos como Ochoa ou faça
qualquer favor às namoradas dele!
— Acredite,
não o farei. Mas, por ter feito, não me tornei uma prostituta! Assim, pare de
meter o nariz na minha vida. Não pedi uma carona e não pedi o seu conselho
sobre gângsters do leste europeu,
mesmo sabendo que o fez gentilmente. Mas a sua preocupação não é necessária,
acredite. Nunca mais chegarei perto de Guillermo Ochoa e nunca mais porei meus
pés em seu precioso cassino. Então, antes que me avise amistosamente para não
poluir o seu resort de luxo, pode
poupar o seu fôlego.
— É uma pena
que não pretenda por os pés novamente em meu cassino.
Ele ficava
cada vez mais satisfeito. O protesto dela era tão veemente, a sua afronta
quanto a ser uma mulher da vida tão genuína, que não conseguia desacreditá-la.
E se realmente
não soubesse que Ochoa era um gângster e não tivesse, ou pretendesse, fazer
sexo com ele, então — ah, o profundo e poderoso impulso que a sua libido
mostrava podia finalmente ser satisfeito. Chris pensou que era mesmo um bom
sentimento. Podia ir em frente, a partir dali.
Dulce
encarou-o assombrada. Ele a queria de novo no cassino?
Por quê?
Tinham chegado à cidade e iam para a área do porto antigo, as ruas se
estreitando.
Quando virou
uma esquina, Chris sorriu e Dulce estremeceu. Havia algo em seu sorriso, algo
em seus longos e curvos cílios ao redor de seus olhos, algo na pálida luz que
delineava suas feições, que a enfraquecia e tirava seu fôlego.
Não havia nada
cínico ou irônico em seu sorriso.
Era... sexy.
Como se lendo
seus pensamentos, ele falou com voz suave.
— Eu gostaria
que voltasse ao meu cassino, mas como minha convidada, Señorita...?
— Saviñon. Dulce Saviñon.
— Señorita Saviñon.
Dulce sentiu
seu coração batendo forte e apertou a bolsa. Era loucura! Teve a pior noite de
sua vida, seus pés estavam feridos e quase foi parar no meio de uma orgia com
um bando de gângsters! E alguma coisa borbulhava como champanhe em suas veias.
Por causa do
homem sentado ao seu lado — o homem mais devastador que já tinha visto...
E ele disse
que queria vê-la novamente...
Infelizmente
só havia uma resposta.
— Creio que
não é possível.
A voz dela
soou entrecortada. Chris ficou surpreso. As mulheres não o desprezavam. Se o
rejeitavam, era claro que estavam fazendo jogo duro, antes de cair em sua cama
como um pêssego maduro.
Mas no fim
sempre caiam...
Esta também
cairia.
Pôde ver nos
olhos dela a indignação com a qual retrucou à sua pergunta e mesmo sabendo, que
a maioria das mulheres ficava ansiosa com a riqueza dele, sabia perfeitamente
quando a tensão no ar nada tinha a ver com seu saldo bancário. Como agora.
Sentiu desejo.
Já que a possibilidade dela estar associada a tipos como Ochoa estava afastada,
decidiu que agiria. Enquanto virava o carro, olhou-a. O vestido obsceno ainda
exibindo boa quantidade de seu colo, agora era perdoável. Definitivamente podia
aproveitar!
Agora?
Sentiu um peso
na consciência. Muitos homens e mulheres não precisam se conhecer muito antes
de irem para a cama. Mas ele preferia um pouco de sutileza. Gostava do processo
de sedução, para que ambos apreciassem o fim da jornada.
Ao mesmo
tempo... com esta...
Realmente não
se importaria de abreviar as coisas...
Estava muito
tentado. Há muito não via uma mulher tão estonteante e depois de saber que não
era lixo dos gângsters, ficou mais atraente.
E quanto mais
depressa tirasse aquele vestido horrendo, melhor...
O carro chegou
ao fim da rua. A Rua das Américas era à direita. Viu o letreiro do Café Raven
na metade da rua, um típico café para turistas. Mas não era o tipo de lugar
onde deixaria seu carro passar a noite, se conseguisse uma vaga, o que era
improvável. Claro que podia dizer para ela pegar sua escova de dente, porque a
levaria para seu castelo nas montanhas...
Ela iria?
Sorriu para si mesmo. Tinha certeza de poder dissuadi-la. Não chegou aos trinta
e quatro anos sem saber quando uma mulher estava atraída por ele. Podia sentir
à distância. Quanto à sua irritação por julgá-la uma mulher da vida, aquilo
também podia ser muito erótico. O desejo pairava entre eles e logo explodiria!
— Aqui está
ótimo. Deixe-me sair aqui. Você nunca conseguirá fazer a volta com esta coisa.
A voz dela
cortou o seu sonho. Chris sorriu internamente. Garotas inglesas, com todo
aquele "não me toque", na verdade, queriam ser tocadas. E esta
inglesa não era diferente.
Parou o carro
deixando-o em ponto morto e virou-se para ela.
Dios, era incrível! A luz fraca
suavizou a maquiagem e tornou seus olhos enormes e escuros. A brisa do mar
havia tirado a maior parte do volume de seus cabelos, que caiam em suas costas
em ondas selvagens. Ela virou-se para ele e seus olhares se encontraram. Ah,
estava ciente dele!
Sorrindo,
perguntou:
— Você
realmente quer sair?
Dulce ficou
mais tensa.
Uma barreira
tinha caído — a barreira dele pensando que era promíscua. O desprezo com que a
olhou quando pensou que era uma das garotas de Guillermo tinha sumido e o que
havia naquela hora era...
Desejo.
Podia não ter
namorado muito, mas não era tola.
E um homem
destes...
A sensação de
ter o estômago dando cambalhotas voltou. Não devia estar ali. Tinha mais com o
que se preocupar do que um homem que quase fazia o seu queixo cair.
Em sua vida
precisava apenas ganhar dinheiro. Dia após dia, semana, mês. Até estar livre do
que a afligia.
Não tinha
tempo para romance.
Nem com um
homem como Chris Uckermann, que tirava o seu fôlego com seus olhos cheios de
desejo.
Perguntar se
ela realmente queria sair do carro...
Manteve o
olhar.
O que
aconteceria se ficasse ali?
Não precisava
ser adivinha. Iria direto para a cama dele...
Não! Impossível. Mesmo estando
ao lado de um homem que fazia seu corpo tremer, ficar sem respiração, a pele
ardendo de desejo, querendo que a tocasse.
Como seus
olhos pareciam tocá-la. Poderoso, forte.
Sentiu que o
tempo se esgotava e apertou a bolsa em seu colo. Ele curvou um braço sobre a
direção como se esperando uma resposta.
— Não posso —
ela sussurrou.
— Tente —
disse-lhe Chris deslizando a mão pelos cabelos dela, tocando sua nuca com a
ponta dos dedos, puxando os lábios dela na direção dos dele. — Tente.
Seu beijo foi
gentil. Dulce fechou os olhos como que para saborear mais.
Os lábios dele
eram quentes, viciadores, habilidosos, suaves e fortes, como se provocando...
provando.
Ficou fraca.
Seus lábios moveram-se sob os dele e ela suspirou enquanto a língua dele
acariciava a dela.
O tempo parou.
Uma dor a atingiu pelo vazio deixado quando ele afastou-se.
— Esta foi uma
boa tentativa, querida. Mas... — ele afastou os dedos de sua nuca e
falou com a voz rouca, se inclinando novamente para ela — ...pode ser melhor na
próxima vez.
Ela
afastou-se, enrijecendo.
— Não!
Chris ficou
imóvel. Ela quis mesmo dizer aquilo?
Era o oposto
de como havia lhe respondido segundos atrás. Tinha sido suave, desmanchando-se
e agora virava-se para a porta como se ele estivesse lhe apontando uma arma.
— Muito
obrigada pela carona. Agora preciso ir!
As palavras
saíram apressadas acompanhadas de uma rápida busca pelos seus sapatos e um
rápido movimento em direção à maçaneta.
Ele pegou o
seu pulso e ela ficou tensa.
— Não quero
que você vá.
Era verdade,
não queria. Alguma coisa nesta mulher fazia com que quisesse prendê-la para não
perdê-la.
Sua voz era
baixa, persuasiva e ela sentiu a respiração falhar, mas recuperou-se logo.
— Bem, dá para
ver. Mas se queria pagamento pela carona, devia ter deixado claro antes. Eu
teria recusado.
A expressão em
seu rosto endureceu. Ela percebeu que ele estava com raiva, mas não se
importou. Queria sair depressa do carro.
— Não se
comporte como a mulher da vida que pensei que fosse! — A voz dele era dura e
ela estava em pânico, precisava sair. Porque, se não saísse agora...
— Ok, então
foi apenas um pequeno beijo de boa noite. Ótimo. Então, boa noite, señor Uckermann. Obrigada pela sua
gentil carona e espero que gângsters não cruzem seu caminho novamente. Prometo
tomar cuidado para não fazê-lo também.
Ele estava de
novo sem respiração.
— Por quê?
— Por que o
quê?
— Não vai
cruzar mais meu caminho?
Havia
incredulidade em sua voz, pois a recusa dela não fazia sentido. A raiva se foi,
mas sua mão continuou segurando o pulso dela.
— Por quê?
Está claro. Não é o tipo de lugar que freqüento. Não tenho dinheiro para jogar
e já lhe disse que não tenho o costume de ir lá com homens!
— Estou
contente de ouvir isto. O único homem com quem a quero ver, sou eu, Señorita Saviñon.
Sentiu que ria
dela. Ficou com raiva, sem fôlego. Puxou o punho.
— Bem, o que
você quer não importa, porque não o terá! Não sou uma prostituta e nem alguém
com quem se fica por uma noite, logo, não há nada que possa fazer por você, señor Uckermann, nem nesta noite ou em
qualquer outra. Lamento, mas é isto. Conheço muitas garotas inglesas que agem
diferentemente, mas estou aqui por quase três anos e nunca fui mulher de só uma
noite. Então, como eu disse, obrigada pela carona e tudo mais... e boa noite!
Saiu apressada
do carro sem olhá-lo, tentando se sentir indignada pelo modo com que ele a
tratou, mas conseguindo sentir apenas que estava se afastando de algo...
alguém... que talvez jamais fosse cruzar o seu caminho novamente. Bateu a porta
do carro e foi em direção ao precioso refúgio que era a entrada lateral do café.
Podia sentir
os faróis do carro espetando suas costas como lanças e só quando trancou a
porta atrás dela ouviu o ruído dele se afastando. Em silêncio começou a subir a
escada estreita, aliviada ou com remorso.
Ergueu a saia
e subiu os degraus para seu quarto em cima do café tentando não lembrar-se de
como sentiu-se ao ser beijada por aquele homem...
Chris Uckermann.
Enquanto
tirava as camadas de maquiagem do rosto, a imagem dele voltou.
Pare com
isto!
Por que
precisava pensar no lindo espanhol que a beijou como nunca foi beijada?
Inflamando-a como nunca aconteceu antes?
Não importava.
Os gostos de Chris Uckermann, que devia colecionar mulheres, não eram para ela.
Além do mais,
em sua vida não havia espaço para romance.
Só para
trabalhar e ganhar dinheiro. Interminavelmente...
Então, pouco a
pouco, grão por grão, ela pagaria suas dívidas.
Lentamente o
desespero a preencheu, tão familiar quanto devastador. Como tinha
entrado naquela confusão, devendo milhares de euros?
A tristeza
apareceu em seus olhos, não raiva.
Ergueu o
queixo. Faria tudo novamente sem a menor hesitação.
Limpou
vagarosamente os olhos, molhados de lágrimas. Lágrimas que lavaram seus
pensamentos de tudo. Até de Chris Uckermann.
— Dul! Com
quem pensou que estava brincando?
A voz de Dana
estava irritada.
— Pedi para
você cuidar dele! Não dá-lo de bandeja para aquela vaca da Lena! Sinceramente,
não pensei que ia fazer isso comigo!
Dulce sabia
que Dana não ficaria contente ao descobrir que tinha se afastado de Guillermo.
Com certeza a outra garota que a substituiu durante sua doença, entretanto,
devia estar mais do que contente.
— Bem — Dulce
estava contente pelo café estar vazio, pois Dana falava alto. — A noite foi
interrompida. Você disse que normalmente, Guillermo passa a noite jogando e eu esperava
ficar perto dele até o cassino fechar. Mas algo aconteceu e Guillermo partiu
logo depois da meia-noite.
— Você devia
grudar nele! — Dana sibilou.
Dulce
inclinou-se no balcão deixando de lado a caneca que enxugava.
— Eles iam
voltar para o hotel. Estavam planejando uma reunião, sem roupas, na banheira.
Isso não estava no acordo e você sabe! Então, fui embora!
O rosto de Dana
estava duro.
— Muito
obrigada, Dul. Ele passou a noite com Lena e agora ela está se vangloriando,
diz que o teve na noite seguinte e que o terá esta noite também! Bem, veremos!
Não perderei Guillermo para ela. Pode ficar com aquele bronco do Gyorg. Mas Guillermo
é meu!
Dulce ficou
calada. Nada mais tinha a ver com eles.
Exceto que
cortar Dana de sua vida não era uma opção. Ainda não. Estava ligada a ela por
muito mais do que apenas o fato das duas serem expatriadas e viverem ali.
Suspirou. Não
tinha o direito de ser hostil com Dana, pelo contrário. Nem sabia o que teria
acontecido se não fosse ela. Seis meses atrás, a companhia de empréstimos
imprensou-a ameaçando aumentar as taxas e juros de uma forma que independente
de quão duro trabalhasse, não conseguisse pagar a dívida por anos e anos. Ficou
desesperada.
Dana foi
enviada pelos deuses.
— Olhe, eu
emprestarei o dinheiro, está bem? Tenho um pouco agora e posso fazer isto —
disse à Dulce, que estava doente de preocupação. — Então, você se livra desses
tubarões e me pago com os juros normais.
Dulce agarrou
a oferta de Dana com as duas mãos e com imensa gratidão. Mas mesmo pagando-a
mensalmente com o máximo que podia, ainda faltava muito para terminar. Claro
que Dana a achava louca por não tirar proveito de sua beleza, para conseguir
alguém rico para ajudá-la.
— Não acredito
que prefira se escravizar, quando podia ser tão fácil!
— Já lhe havia
dito isso umas cem vezes.
E disse de
novo, afastando o mau humor e pegando a caneca de café que Dulce ofereceu.
— A última
noite não mostrou o que está perdendo, Dul? Aquele lugar, El Paraíso, é
fantástico! Fui lá uma vez, com um sujeito, espero que Guillermo me leve lá hoje
à noite! Assim que me livrar de Lena — falou, sombria.
Dulce não lhe
disse que duvidava que Guillermo Ochoa pudesse entrar novamente no cassino.
Será que Dana sabia que Ochoa era um gângster e não apenas um empresário pós-comunismo?
Sabendo da
experiência dela, Dulce não achou possível que ela não soubesse. Talvez apenas
não quisesse se ver como a preferida de um gângster...
De qualquer
modo, felizmente, nada mais tinha a ver com aquilo. Lamentava ter decepcionado Dana,
mas a noite tinha se desvirtuado. E mesmo em dívida com Dana não ia
compartilhar com o estilo de vida amoral da outra. Que ficasse com seu namorado
gângster.
Estremeceu ao
pensar na sorte de Dana. Não podia julgá-la.
Alguns
clientes entraram no café e Dulce deu atenção a eles. Logo depois, Dana partiu
dizendo que tinha uma longa sessão para ficar linda o bastante para ter Guillermo
de volta.
Aliviada e
sentindo-se mal e culpando-se por esse alívio, Dulce voltou ao trabalho.
Enquanto se
apressava entre os clientes, servindo-os, limpando as mesas, preparando os
pratos, subitamente lembrou-se de estar sentada num carro esporte, com o homem
mais fabuloso do mundo, inclinando-se para beijá-la...
Um copo
escapou de suas mãos espatifando no chão.
Junto com suas
lembranças.
Chris Uckermann
não era para ela.
Mas continuou
a persegui-la em seus sonhos, dormindo ou acordada. Aquele homem maravilhoso
que disse que queria vê-la novamente e que havia lhe convidado para ir ao seu
cassino.
Por que ele
quer vê-la novamente? Só para oferecer um passeio pela sua cama! Você disse que
não é garota de uma noite. Não importa que ele tenha o beijo mais fantástico
que já provou. Só quer deitar com você!
Seu coração
quase falhou. Não importava quanto seu coração batia por Chris Uckermann, simplesmente
não devia pensar nele.
Mesmo assim,
ainda pensava. Sentia-se insuportavelmente tentada a vê-lo novamente.
Você podia
tirar uma noite de folga, não? Só para vê-lo. Nada mais. Olhar para ele pela
última vez.
Certo!
Mentirosa! Você quer muito mais do que olhar e ele também! Fique esperta!
Limpou o chão
e continuou a servir o café da manhã. Sabia que o señor Guarde passaria por lá para verificar as contas e pegar os
recibos. Ele possuía vários cafés na cidade e mesmo não tendo nada contra ele
sabia, que por ter acomodação de graça, era muito mal paga pelo seu trabalho. E
ela era boa trabalhadora, prestativa e responsável.
Tinha que ser.
Tinha uma montanha de dívidas a pagar.
Com um sorriso
sarcástico privado de humor ela pensou que, Deus é quem sabia quanto custava o
incrível carro em que tinha voltado na outra noite o qual para Chris Uckermann
era apenas um brinquedo! Como ela pôde pensar que era segurança com o smoking
bem cortado, suas maneiras, e a autoconfiança que sua riqueza traz?
Estou pensando
nele de novo, percebeu exasperada. Não consigo tirar o homem da cabeça?
Não
consegue e não quer! Quer sonhar com ele mesmo que isso não faça sentido e
mesmo sabendo que se voltar ao El Paraíso, ele aproveitar-se-á de você uma
noite e só.
Com vigor
renovado esfregou o chão.
Mas você
também se aproveitará dele...
O que há de
errado em aproveitar?
Você não pode,
disse o bom senso! Precisa pagar Dana e não pode fugir, sonhando acordada com
milionários espanhóis de cílios sedosos e uma boca de matar...
Virando a
cabeça, Dulce continuou a limpar o chão.
Dana apareceu
depois do almoço, quando a Espanha fazia a sesta. Dulce estava fazendo a
contabilidade do café, anotando os pedidos e mordiscando tapas e
biscoitos de milho, de uma tigela. Um casal inglês, ignorando a sesta, tomava café numa mesa da calçada,
mas o salão interno do café estava vazio.
Dana entrou
usando uma saia rosa, curta e apertada e um top branco sem alças. Seus cabelos
loiros descolorados estavam puxados para trás e usava óculos de sol com hastes
brilhantes.
Andou pelo
café com seus saltos altos, sua figura provocante, como sempre. Dulce viu o
homem da mesa de fora do café espiar Dana pela janela, antes da namorada chamar
sua atenção.
Dana subiu
numa banqueta, cruzou as pernas e deixou a bolsa de couro rosa sobre o balcão.
— Oi. Como
estão as coisas? — Dulce perguntou.
Dana estava
meio estranha.
— Bem e nem
tanto. Podia estar tudo bem, se você me ajudasse — olhou direto para Dulce, que
sentiu o um aperto no estômago.
— O que é?
Hmmm... você descartou Lena?
Dana sorriu
divertidamente.
— Sim —
respondeu-lhe claramente satisfeita. E continuou: — Dul, a questão é que ainda
que tenha afastado Lena de Guillermo, ele está um pouco chateado comigo.
— Como? — Não
queria saber, ainda sentindo a pontada no estômago.
Dana estava
ali com um objetivo.
— Bem, a coisa
é que... Guillermo está um pouco... aborrecido, sobre a outra noite. Ele
realmente não gosta que dispensem sua companhia. As pessoas não fazem isso com
ele. Principalmente garotas.
— Eu expliquei
que só tinha concordado em ir ao cassino com ele, nada mais.
— É, mas para
ser honesta, não foi muito bom. A coisa é... Guillermo bem, na maioria do
tempo, ele é um doce, realmente, mas gosta que seja do jeito dele — deu uma
risada forçada — Qual homem não gosta? Ele se sente meio sem graça, acho. Posto
de lado, essas coisas.
— Não vejo
razão, Dana. Fui convidada para ficar nua, tomar banho. Sabia como terminaria!
Aquele Gyorg todo em cima de mim! Era bem claro o que esperava! Não gosto de
sexo assim...
— Você não
gosta de sexo, ponto! — Dana interrompeu — Não é normal! Mas, esse não é o
ponto, Dul. Guillermo está aborrecido e está descontando em mim! Quero dizer,
realmente gostaria de roupas novas, já não tenho o que vestir! Mas Guillermo
está jogando duro. Basicamente está se recusando a soltar dinheiro e está
fazendo isso, porque você fugiu na outra noite. Está me castigando!
Dulce engoliu
em seco. Logo descobriu o que Dana queria.
Olhando Dulce
nos olhos, Dana falou:
— Guillermo é
o melhor sujeito que tenho em anos! Sabe como gastar seu dinheiro e
sinceramente não quero decepcioná-lo. Mas, há muita disputa por ele! Pensei
estar sendo esperta, na outra noite, mandando você cuidar dele. Não pensei que
seria um desastre.
— Bem, nem eu.
Dana, eu estava fora de ação, fiquei assustada e fugi. Não posso lidar com
coisas assim. Sinto muito, de verdade. Eu te devo tanto, mas não posso viver
esta vida, Dana! Algumas podem, outras não.
— Certo.
Admito que gosto muito de sexo! Mas Dul, você precisa de um sujeito rico, que possa
tirá-la disso tão depressa que não terá nem tempo para reagir. Bem — deu uma
risadinha — provavelmente não reagiria mesmo. Se fosse eu, a trancaria em meu
quarto. Dul, por que não pega leve? Você se divertiria tanto!
O argumento de
sempre. Dulce afastou o olhar.
— Não deito
para pagar minhas dívidas, Dana, é isso.
A outra
suspirou.
— Está
perdendo sua juventude, Dul! Quando se der conta não terá mais nada, nem
lembranças. Deus, os trinta anos estão chegando. A boa aparência não dura para
sempre. Por isso preciso me acertar com Guillermo! Eu o quero bem doce
comigo novamente. Por isso é que quero que venha conosco esta noite. Para se
desculpar com ele.
— De jeito
nenhum!
— Dul...
— Não, Dana.
Não posso. Desculpe. Não quero ir a qualquer lugar com Guillermo Ochoa. — Não
podia dizer o que sabia sobre o namorado dela. Então falou — Dana, realmente
sei quanto devo a você, mas...
A outra a
interrompeu.
— Não. — Havia
algo na voz dela e Dulce franziu o cenho. — Você não me deve. Deve a Guillermo.
— O quê?
Dana pareceu
desconfortável.
— Bem, alguns
meses atrás me excedi jogando e perdi muito dinheiro do Guillermo. Ele não
gostou. Eu não poderia pagar, então... bem, disse que havia alguém que me devia
mais do que eu devia a ele e ele concordou que eu transferisse a dívida para
ele. Eu repasso os seus pagamentos para ele. É o que tenho feito. Assim,
tecnicamente, você deve dinheiro a ele.
— Eu devo sete
mil euros a Guillermo Ochoa? — A voz de Dulce era arrastada.
— Não é um
problema, Dul. Você continua me pagando as mensalidades e Guillermo fica feliz.
Por isso é que digo ser bom que ele fique doce e quero que venha conosco esta
noite. Ele ficará satisfeito e ficará bom comigo. Não se preocupe, vou garantir
que você vá embora antes do relógio soar meia-noite e você se transformar numa
mulher caída!
Havia um toque
de deboche em sua voz, mas Dulce não escutava. Sua mente estava vazia,
aterrorizada.
Devia sete mil
euros a um gângster.
Deus do céu,
não era suficiente ter a dívida? Dinheiro que levaria uma eternidade para
pagar. Tinha que dever a Guillermo Ochoa?
As palavras de
Chris Uckermann ecoaram. Homens como Ochoa são perigosos, nem pisca para
matá-la...
Controlou-se
para não rir histericamente. Precisava se acalmar.
Mas o horror
estava em sua garganta.
Dana falou
novamente:
— Então, venha
conosco esta noite e emprestarei aquele vestido de novo. Encontraremos Guillermo
no hotel e...
A voz de Dulce
foi dura.
— Não posso.
— O que quer
dizer?
— Esta noite
eu não posso.
— Dul, uma vez
o café pode fechar cedo. Eu preciso mesmo da sua ajuda.
Mas Dulce
permaneceu imune à súplica e impaciência da voz de Dana. Sabia que a última
coisa que faria no mundo seria ficar perto de um gângster rude, assassino, com
gosto por banhos comuns em sua banheira, cujo companheiro se jogava por cima
dela e a quem devia sete mil aterrorizantes euros...
— Não posso —
repetiu. Sua mente pensava desesperadamente numa razão. As palavras vieram sem
pensar. — Tenho um encontro esta noite.
Autor(a): ninnafervondy
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Dulce sentia-se tensa, nervosa e com uma dor em seu estômago, quando saltou do táxi e andou para a portaria de colunas do Cassino El Paraíso. Estava louca? Por um impulso aterrorizante disse a Dana que tinha um encontro. Imediatamente ela quis saber mais e com relutância Dulce confessou-lhe ser alguém que conheceu no El Paraíso ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 48
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fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:40:00
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ ++++++++++++++++++++++++++++++++++ por favor1!!!
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fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:39:23
suas webs são mara não demora tanto para postar estou ansiosa
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:49:11
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:49:11
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:49:11
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:49:10
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:49:10
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:49:10
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:48:49
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:48:49
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