Fanfics Brasil - `Esposa de Ocasião [DyC]

Fanfic: `Esposa de Ocasião [DyC]


Capítulo: 1? Capítulo

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Saltos
tamborilando no piso de mármore do salão, Dulce caminhava até a mesa da
recepcionista, uma ilha em meio a um oceano de branco resplandecente e cinza
metálico. Toda a decoração gritava modernidade. Dulce achou isso irônico, visto
que o homem que geria aquela empresa era antiquado como um dinossauro. Um
dinossauro grande e feroz.


Entrar
na caverna do dinossauro fez tudo voltar à mente de Dulce. Recordou aquela voz
grossa e carregada de sotaque, proferindo palavras pouco amáveis e profanas
para magoá-la, e viu os olhos que eram poços de ódio. Não, pior que ódio:
desprezo.


E depois
de tê-la destroçado verbalmente, o homem simplesmente se retirara de sua vida.
Desde então, ela não o vira mais. E ainda assim aqui estava ela, nesta manhã,
neste exato momento, caminhando até a mulher esbelta sentada à mesa da
recepção, para pedir para vê-lo.


Sentiu
um nó na garganta.


Não
posso fazer isto! Não posso.


Mas seus
pés nervosos continuavam caminhando, tamborilando o mármore. Precisava fazer
isso. Tentara todas as outras alternativas, e este era o único caminho que lhe
restava. Cartas tinham sido devolvidas, chamadas telefônicas bloqueadas,
e-mails apagados sem serem lidos.


Chris Uckermann
não tinha a menor intenção de permitir que ela se aproximasse dele.


Não
devia estar indo pedir nada a ele! Não é ele quem tem o direito de escolher.
Sou eu. Eu.


Porém,
para seu profundo desgosto, a lei não via dessa forma. Conforme seu advogado a
informara, Dulce não tinha o menor direito de escolha.


— Você
precisa do consentimento do Sr. Uckermann — repetira o advogado de Dulce.


Ela
alcançou a mesa da recepcionista. Se esse filho-da-mãe não me der seu
consentimento, eu vou...


— Em que
posso ser útil?


A voz da
recepcionista era suave e impessoal. Mas seus olhos tinham corrido pelas roupas
de Dulce, que sentiu que fora classificada precisamente de acordo com seu
custo. Bem, suas roupas pelo menos podiam passar com louvor neste palaciano
ambiente empresarial. O modelo de seu tailleur estava defasado em mais
de um ano, mas a que grife pertencia era óbvio para qualquer pessoa com noção
de moda. E agora, este raro remanescente do vasto guarda-roupa que Dulce um dia
tivera ao seu dispor finalmente estava servindo para alguma coisa. Conquistar a
atenção de uma pessoa no caminho da coisa mais desejada por Dulce.



Obrigada. — Ela sorriu, conseguindo manter a voz igualmente suave e impessoal.
Mas isso era difícil, considerando a mistura de apreensão e raiva que a corroía
por dentro. Mas, qualquer que fosse a força de seus sentimentos sobre a
situação, não havia o menor sentido em revelá-los agora.


Ela
ficou simplesmente parada, na pose mais elegante que conseguiu, sabendo que o
paletó e a saia azul-claros tinham corte perfeito, e que o fino colar de prata
que os acompanhava era impecável, assim como os sapatos de salto alto e a
bolsa, que combinavam em cor. Seus cabelos, recém-lavados e penteados — ainda
que por ela mesma, e não por uma cabeleireira chique — enroscavam-se
cuidadosamente nas pontas, sendo mantidos no lugar por um faixa da cor exata do
restante de suas roupas. A maquiagem era mínima e contida, e o perfume que
estava usando era uma fragrância clássica do qual ela conseguira uma amostra
grátis numa loja de departamentos.


Ela
parecia expansiva, clássica, britânica e — se Deus quisesse — suficientemente
apropriada para superar este obstáculo.



Gostaria de ver o Sr. Uckermann — disse num tom ponderado e levemente mais
aristocrático do que costumava empregar, o que, na Inglaterra, tinha seu valor.
Ela pronunciou o nome como se fosse algo que fizesse todos os dias, como se não
fosse nada excepcional.


O que ia
acontecer agora? Não podia deixar a incerteza transparecer em seu rosto.


— A quem
devo anunciar?


Dulce
notou que a recepcionista considerava possível que esta mulher bem-vestida
pudesse realmente ter alguma intimidade com Chris Uckermann. Mas Dulce também
sabia que não tinha o corpo escultural necessário para pertencer à sua legião
de amantes.


— Sra. Uckermann
— respondeu Dulce com um sorriso discreto.


 


Chris Uckermann
recostou-se em sua cadeira de couro e sentiu sua pressão arterial subir então
ela estava aqui, lá embaixo, neste prédio.


No seu prédio. Seu QG em Londres. Ela entrara na empresa dele, no
território dele. Ela tivera a audácia de fazer isso! Estreitou os
olhos. Estaria louca? Como ousava procurá-lo depois que ele a expulsara de sua
vida? Ela devia ter perdido o juízo!


Ou será
que essa mulher não tinha pudor?


Ele
franziu o rosto. Pudor não era uma palavra que Dulce conhecesse. Nem desgraça.
Ou culpa.


Não, Dulce
não conhecia nem nutria nenhum desses sentimentos.


Ela
fizera o que quisera fazer e não sentira nada, absolutamente nada a respeito.
Nenhuma hesitação, embaraço ou remorso.


E agora
tinha a audácia de vir aqui pedir para vê-lo. Como se tivesse o direito de
fazer isso. Dulce não tinha direito a nada. E principalmente àquilo pelo que
decerto estava aqui.


Os olhos
de Chris Uckermann faiscaram com uma fúria sombria e perigosa.


Nem
qualquer direito a se identificar como acabara de fazer, dizendo quem era.


Sua
esposa.


Dulce
sentou num dos sofás de couro preto cuidadosamente dispostos em torno de uma mesinha
de centro de vidro fume.


A sua
frente, pousados com precisão absoluta, estavam os jornais do dia em meia dúzia
de línguas.


Incluindo
o grego. Com o fragmento de seu cérebro que ainda funcionava normalmente, Dulce
começou a ler a manchete. Fez isso com dificuldade; seu grego estava
enferrujado porque ela propositalmente não usara nada do que aprendera da
língua.


Mas pelo
menos o esforço deu à sua mente algo para fazer, que não fosse girar sem
controle.


Devia
me levantar e sair daqui. Não me importar com o fato de ele se recusar a me
receber. Não ficar parada neste lugar como uma estátua, com um plano absurdo de
interceptá-lo quando ele sair. Porque ele pode não sair. Ele tem um apartamento
aqui, em algum lugar lá no alto do prédio.


Além
disso, o elevador provavelmente desce até o estacionamento subterrâneo, onde
estará à sua espera um de seus carros esportivos ou uma limusine com chofer.
Não há nenhum motivo para que ele passe por aqui.


Então
ela deveria ir. Era inútil ficar simplesmente sentada ali, com o estômago
embrulhado e os pés começando a doer nos sapatos de salto alto.


Mas
eu quero o que vim buscar. Não vou sair daqui antes de ter feito tudo ao meu
alcance!


Determinação
dava forças à sua expressão.


O que Dulce
queria era seu por direito. Ela o perdera porque fora enganada. E agora, dois
anos depois, precisava dessa coisa, mais do que nunca. Não podia esperar mais.
Precisava do dinheiro!


E era
esse único pensamento que a mantinha grudada ao sofá enquanto os minutos se
arrastavam.


Ficou
ali por quase duas horas até finalmente aceitar que era melhor desistir. Dulce
compreendeu que, por mais estúpida que se sentisse, deveria simplesmente se
levantar e sair. Pessoas tinham passado por ali o tempo todo, algumas lhe
dirigindo olhares intrigados, isso sem contar a recepcionista. Amargamente
resignada, dobrou o último jornal e colocou-o de volta na mesa. Inútil... Tudo
isto fora inútil! Ela simplesmente precisava pensar em alguma outra forma de
conseguir o que queria. Ela só não tinha idéia de que forma seria essa. Ela já
havia considerado tudo, incluindo a possibilidade de iniciar uma ação
litigiosa, o que fora prontamente desaconselhado por seu advogado.


O último
recurso era um confronto cara a cara com seu marido. E Chris Uckermann era a
última pessoa na Terra que ela queria ver de novo!


Foi por
esse motivo que, enquanto pegava sua bolsa no chão e se preparava para sair,
sentiu um aperto no coração. Bem à sua frente apareceu um grupo de pessoas em
trajes executivos, saindo graciosamente dos elevadores e caminhando pelo piso
de mármore até as portas rotativas do QG londrino da Uckermann Corp.


Era ele.


Dulce
podia vê-lo. Seus olhos focaram imediatamente nele, conduzidos pelo instinto
que a amaldiçoara desde o primeiro encontro dos dois. Quinze centímetros mais
alto que todos os executivos ao seu redor, caminhava à frente com passadas mais
rápidas que as de seus subordinados.


Um dos
membros do grupo estava conversando com ele, sua expressão concentrada, e Chris
estava com o rosto voltado para esse homem.


Dulce sentiu
o corpo inteiro tremer.


Deus,
não. Por favor, não faça isso comigo! Por favor, não!


Porque
estava sentindo novamente o tremor que Chris Uckermann sempre causava quando
ela olhava para ele. Era como se ficasse hipnotizada, como um animal que vê um
carro se aproximar em alta velocidade e não consegue se mover nem desviar os
olhos.


Ela
esquecera o impacto que ele causava, sua força física pura. Não era apenas a
altura, a largura dos ombros ou a estreiteza dos quadris. Não era o fato de que
ele ficava magnífico num terno escuro que devia ter custado milhares de libras,
com seus cabelos negros e sedosos cortados segundo a última tendência. Ou o
fato de que seu rosto parecesse ter sido esculpido numa rocha de granulação
fina que revelava cada contorno cinzelado à perfeição. Era mais que isso. Eram
os olhos, negros e profundos, que podiam fitá-la com frieza, com fúria
selvagem, e com outra expressão que ela não queria lembrar. Ela ainda
não fora vista por ele. Ele assentiu com a cabeça para o homem e olhou para a
frente.


Foi
quando a viu.


Ela viu
acontecer. Viu o momento exato em que ele registrou sua presença. Viu o lampejo
inicial de descrença — seguido por uma fúria cega.


E então
passou. Como se ela tivesse sumido de sua visão. Ele simplesmente a havia anulado
de sua consciência como se ela não existisse. Como se não estivesse sentada ali
há quase duas horas, aguardando. Aguardando que ele viesse para o térreo, onde
os mortais habitavam em suas posições inferiores, bem abaixo dos ricos e
poderosos que compunham o mundo de homens como Chris Uckermann.


Ainda
cercado por seu séqüito, Chris Uckermann continuou andando. A qualquer momento
passaria pelos sofás e sairia pela porta rotativa, que um membro do grupo
mantinha segura para permitir sua imponente passagem. Em poucos instantes
estaria fora do prédio de sua empresa.


Dulce se
levantou e caminhou até ele.


Ela o
viu virar a cabeça, apenas por um instante. Mas não em direção a ela. Ele
dirigiu um meneio de cabeça quase imperceptível a um dos homens de terno na periferia
do cortejo. O homem se destacou do grupo, e passou por trás dele com passos
rápidos e leves, interceptando e bloqueando sua passagem no exato instante em
que ela teria alcançado seu alvo.


— Sai da
frente! — sibilou furiosa, mas o homem não se moveu.


— Sinto
muito, senhorita — disse o homem. Seus olhos não encontraram os de Dulce, seu
corpo não tocou o dela; ele simplesmente ficou parado ali, bloqueando seu
caminho. Permitindo que Chris Uckermann se afastasse dela com total
despreocupação pelo fato de que estava privando Dulce de uma coisa que
pertencia a ela, e apenas a ela.


Dulce
estava prestes a perder o autocontrole. Podia senti-lo estalar como um galho
seco sob seus saltos altos. Sentiu sua mão arquear para cima, apertando a bolsa
de couro macio que segurava como algum tipo de projétil, e com cada grama de
músculo em seu braço, ela a arremessou contra o homem que estava passando por
ela. Ignorando-a completamente.


— Fale
comigo, seu desgraçado! Fale comigo!


A bolsa
bateu nos ombros de um dos executivos caindo no chão. O segurança segurou o
braço de Dulce, tarde demais para impedir sua ação impetuosa, mas a tempo de
forçá-lo para baixo, não rudemente, mas com a força que a situação requeria.


— Nada
disso, por favor — disse ele com um leve sorriso amargo, presumivelmente porque
ele não esperara que uma "boa jovem inglesa" se comportasse de forma
tão escandalosa.


Não que
isso lhe tenha sido nem minimamente vantajoso.


O grupo
continuou andando, agora mais apressado, embora o homem no centro não tenha alterado
o ritmo de seus passos. Ele simplesmente saiu do prédio e entrou na limusine
estacionada na porta. O carro partiu. Ele fora embora.


Seu
porco,
pensou Dulce,
tremendo dos pés à cabeça. Ela jamais o odiara tanto quanto naquele momento.


 


Chris
mantinha os olhos focados no jornal que fora posto à sua frente. Estava fazendo
o desjejum no seu apartamento em Londres. Ao outro lado da mesa estava de pé
seu secretário particular, aguardando inquieto pela reação de seu chefe.
Demetrious pressentia que aquilo não ia ser bom.


Chris Uckermann
odiava quando sua vida particular chegava à imprensa. E por causa disso ele
protegia fortemente a sua privacidade.


Mesmo
quando a imprensa farejava uma história realmente suculenta borbulhando sob a
superfície da vida cara do magnata, Chris permanecia calmo.



dezoito meses, quando circularam boatos sobre sua separação depois de um
casamento incrivelmente curto, os jornalistas tinham grudado em seus
calcanhares.


Mas,
como sempre, eles não conseguiram absolutamente nada além da declaração
superficial emitida por Chris Uckermann. E era por isso que Demetrious sabia o
quanto a notícia naquele tablóide afetava Chris Uckermann.


Demetrious
sabia que seu patrão não demonstrava muito seus sentimentos; a expressão em seu
rosto era apenas uma máscara impassível.


Por
alguns segundos houve silêncio. Pelo menos o artigo não era acompanhado por uma
foto, pensou Demetrious com gratidão. Qualquer paparazzi teria matado
por uma foto do incidente do dia anterior na sede de Uckermann. A matéria consistia
apenas em poucos parágrafos tímidos, especulações sobre os motivos da sra. Chris
Uckermann jogar a bolsa contra ele e xingá-lo.


O
jornalista em questão ilustrara o artigo com uma velha fotografia dos arquivos
de imprensa de Chris Uckermann, esbelto num smoking, entrando em algum hotel de
alto luxo em Atenas de braços com uma inglesa loura num vestido de
alta-costura. Sua expressão era tão impassível quanto a que Demetrious via
agora.


Os olhos
de Chris Uckermann se levantaram para Demetrious.


— Descubra
e demita quem falou com esses parasitas.


Demetrious
recuou enquanto seu patrão voltava a tomar o café-da-manhã. Era um homem
implacável. Havia momentos em que Demetrious definitivamente sentia pena de
quem ficava no caminho de Chris Uckermann. Como sua ex-esposa. Demetrious não
sabia por que ela agira daquela forma. Será que ela não sabia que se portar
assim seria pura perda de tempo?


Essa
mulher vinha confrontando Chris Uckermann havia várias semanas, e ele não
cedera um centímetro. E não iria ceder. Fosse lá o que ela quisesse, deveria
dar-se por vencida. No que dizia respeito a Chris Uckermann, ela não existia
mais.


Demetrious
virou-se para sair. Ele fora enviado a uma missão da qual não iria gostar, mas
que precisava cumprir.


— Mais
uma coisa...


A voz
grave fez com que Demetrious parasse.


— Diga à
sra. Uckermann para estar aqui esta noite às vinte horas e trinta minutos.




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Autor(a): ninnafervondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 57



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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:36:31

    menina cade? assim você me mata!quero++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:36:30

    menina cade? assim você me mata!quero++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:47:05

    ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ +++++++++++++++++++++++++++++++++++++++

  • fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:47:04

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  • fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:47:04

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  • fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:47:04

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  • fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:47:03

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  • fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:46:42

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  • fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:46:21

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  • fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:46:21

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