Fanfics Brasil - `Anel da Vingança [DyC]

Fanfic: `Anel da Vingança [DyC]


Capítulo: 5? Capítulo

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Chris relaxou no banco de trás do carro,
e o motorista afastou-se do meio-fio.


O empresário gelou de raiva. Então, Dulce
pensa­va que podia usá-lo como um idiota, enredá-lo assim como a mãe dela
fizera com Enrico, até o momento da morte.


Uckermann sentiu um nó no estômago. Blanca
matara Enrico. O ataque cardíaco fatal tinha sido provocado, segundo lhe
informara o cardiologista no hospital, pelo esforço violento realizado durante
o ato sexual. A imprensa italiana tinha um prato cheio! Um es­cândalo da alta
sociedade que combinava sexo, ri­queza, adultério e morte. A humilhação da mãe
dele tinha sido completa.


Chris sentira satisfação ao colocar Blanca
para fora do apartamento de Roma e, depois, da quinta. E, por vingança, a
mulher tomara as esmeraldas para si.


O empresário voltou a gelar de raiva.
Bem, conse­guiria reavê-las agora — mas o casamento com Dulce não era por esse
motivo. A jovem poderia ter apodrecido no inferno antes de manipulá-lo daquela forma!


A fisionomia de Chris ficou sombria.
Reaver as es­meraldas era somente um bônus. O prato principal era bem
diferente. E, como a vingança, deveria ser saboreado frio. Dulce Saviñon —
deliciosa, desejável, atraente.


O empresário sorriu. A moça não deveria
tê-lo de­safiado, dizendo que ele não a interessava. Chris nota­ra o corpo da
jovem vibrando, uma pulsação sensual que o excitou.


Teria grande prazer em demonstrar-lhe o
quanto estava errada... Era por isso que se casaria com Dulce, para saborear
o mel que a jovem prometia. E, quando tivesse saboreado tudo, faria o mesmo que
fi­zera da última vez. Deixaria a moça apodrecer no in­ferno. Tinha a obrigação
de fazer-lhe isso.


Dulce olhava fixamente através da
janelinha. Nu­vens brancas fofas faziam com que a cena parecesse ter saído de
algum desenho animado. O sol resplan­decia sobre as nuvens, fascinando-a.


A moça se perguntava o que sentia, estava
ator­doada. De fato, encontrava-se sentada ali, em um jatinho executivo
particular, voando em direção ao Ca­ribe e ao casamento com Chris.


Dulce deveria se sentir triunfante,
aliviada. Não acreditava que conseguira fazer com que o empresá­rio aderisse
àquele plano absurdo. Mas tudo o que sentia era que estava anestesiada.


Exceto o zunido dos motores, tudo era
calmo na cabine. Do outro lado do corredor, ignorando-a total­mente, Chris
trabalhava em uma pilha de papéis na mesa, à frente dele.


Uckermann mal lhe dirigira a palavra
desde que Dulce fora deixada no aeroporto de Northolt, naquela manhã, pelo
carro que o empresário mandara para buscá-la. A expressão dele era
indecifrável. Bem, a moça pensou, irritada, o que você diria a uma mulher a
qual detesta, a quem seduziu para ferir a mãe dela, com quem se casava agora
para reaver jóias da famí­lia? Não era de se esperar uma conversa normal.


As lembranças eram fortes embora Dulce
tentas­se detê-las. Lembranças de Chris, em Roma, naquele sonho mágico... Os
dois riam e conversavam. O rapaz nunca se esquivava da conversa, como se
tivesse pra­zer na companhia da moça... Tudo tinha sido falso. Iludira Dulce,
uma menina boba.


A jovem relaxou os tornozelos, girando
um, de­pois o outro. O movimento deslocou o pesado docu­mento que estava no
colo dela. Chris lhe entregara o envelope assim que Dulce se sentara. "O
acordo pré-nupcial", disse, laconicamente, os olhos som­brios e
inexpressivos. "Não haverá casamento sem a sua assinatura nesse
documento".


Dulce lera tudo. Não havia surpresas. As
esme­raldas se tornariam propriedade incondicional de Chris no momento da
cerimônia. E, quando o casa­mento acabasse, a moça não levaria nada consigo —
nem um centavo. Não tinha direito à fortuna da famí­lia, e se comprometera a
nunca usar o nome Uckermann, ou falar com a imprensa sobre o casamento. Assina­ria
o documento sem pensar duas vezes. E, então, se casaria com Chris.


Ainda estava atordoada como Chris mudara
rapida­mente de opinião. Estavam indo para as Antilhas, no Caribe, foi o que
lhe dissera, seco. Havia duas gran­des vantagens. Os casais podiam se casar
logo, sem a espera que a lei britânica estipulava. E os contratos pré-nupciais
eram seguros sob a lei antilhana.


Dulce voltou a ficar entorpecida, a
sensação de ir­realidade. Não posso pensar sobre isso e não devo. É muito
irreal, bizarro, doloroso.


As palavras soavam na mente da moça. Nos
seus sonhos... A
frase ecoava pela cabeça da jovem. Sen­tiu um aperto no
coração!


Dulce se casaria com um homem que, uma
vez, por um rápido e ilusório feitiço, tinha sido tudo para ela! Um homem a
quem dera o primeiro amor. Um homem que tinha, de forma calculada, traído,
zomba­do e destruído aquele sentimento.


E, agora, Dulce seguiria adiante — de
forma cal­culada — com uma cerimônia de casamento. Mas não é por mim! É por
minha mãe! Tenho que fazer isso. É absurdo, horrível. Mas é tudo o que posso fa­zer.
Não posso me recusar!
Sentiu um peso se abater sobre ela, pressionando-a.


Sobra-lhe tão pouco tempo. Tenho que
fazer qual­quer coisa para deixá-la feliz. Não importa o que eu sinta — só
interessa a minha mãe...


Dulce sentia-se aflita e permaneceu
observando as nuvens.


Algo fez Chris desviar o olhar focado no
trabalho. Ao entrar no avião, enterrara-se em algumas propostas altamente
complexas para uma associação arris­cada com um fabricante oriental — qualquer
coisa para desviar o pensamento do que estava fazendo.


Uma sensação de irrealidade o dominava.
Devia estar louco! Simplesmente, devia chamar a aeromoça e dar ordens para que
o avião retornasse a Londres. Então, se livraria de Dulce, deixando-a na pista
e iria embora para sempre.


Mas não foi o que o empresário fez.
Continuou fo­lheando as propostas, fazendo observações, anotando dúvidas,
questões para os advogados. Esboçou um sorriso cruel. Não era fácil dirigir a Uckermann
Industriale. Era um trabalho árduo, com uma responsabili­dade esmagadora com
relação aos funcionários, cu­jas vidas dependiam dele, e a companhia contribuía
para uma porção significativa da economia italiana.


Não era de se admirar que, de vez em
quando, meu pai precisasse escapar com uma mulher bonita para que a mente
parasse de trabalhar...


O pensamento surgiu contra a sua vontade,
mas Chris sabia que era verdade. O problema era que a mu­lher com a qual o pai
relaxava não era a esposa.


Não, não vá por aí. Chris percorrera aquele cami­nho descalço, passara por
cada espinho, durante mui­tos anos. O sofrimento profundo da mãe, a deserção do
pai. E o filho se encontrava impotente para fazer qualquer coisa, exceto acusar
e desprezar, e oferecer o consolo que podia à mãe.


A sra. Uckermann sofria em silêncio.
Somente aque­les ataques de fragilidade que vieram, coincidentemente, com as
temporadas do pai com a amante reve­lavam o sofrimento materno. Então, a mãe
saía da re­sidência em Turim, e se recolhia no chalé da família, nos Alpes
italianos. Sofria, em silêncio, solitária, pelo marido infiel. Nunca quisera o
filho por perto.


Enquanto isso, Blanca desfrutava de uma
vida dourada junto do pai e da riqueza dele... E, agora, Chris estava prestes a
se casar com a filha daquela mu­lher.


Uma forte emoção o ceifava. Uma mistura
de amargura, fel. O empresário ergueu a cabeça e virou-se para observar Dulce.
A jovem estava com o rosto voltado para a janela. A fisionomia dela o imobili­zou.


Dulce deveria estar triunfante,
acreditando que o trazia aos pés dela com a promessa de devolver-lhe algo que
lhe pertencia. Mas as feições da futura espo­sa demonstravam preocupação.


Algo o agitou internamente,
dilacerando-o. Virou a cabeça bruscamente. Dulce não tinha nenhum po­der sobre Chris,
nem sobre as emoções dele, somente sobre os sentidos.


Recostou-se, relaxando os membros do
corpo, fe­chando os olhos. Evocou a imagem da moça, embora esta estivesse
somente a alguns metros dele. Chris de­senhou a imagem de Dulce na própria
mente. Deli­neou o corpo gracioso, sensual, deslizando, em pen­samento, sobre
os seios suaves, a curva do quadril.


Desde a última vez que o empresário
colocara os olhos em Dulce, a moça amadurecera como um pêssego perfeito. E,
naquela noite, sob a lua caribenha, Chris provaria daquela suculência. E ela
descobriria o porquê dele ter concordado com o casamento.


* * *


As longas horas no avião fizeram com que Dulce
adormecesse e sonhasse. O dia estava quente e lindo. A moça usava um vestido
amarelo, curto e sedutor, com tiras finas. A jovem corria pela Escadaria da
Praça de Espanha, agilmente evitando as hordas de turistas sentados ali. Flores
vermelhas tombavam de vasos alinhados à beira das escadas. Um homem pa­rou na
frente dela, segurando somente uma rosa para vender, mas Dulce sorriu e saiu em
disparada. Ouvia Chris atrás, alcançando-a, apesar de tê-la deixado par­tir
primeiro.


Quando chegou ao topo, o italiano já a
tinha alcan­çado a passos largos. Segurou-lhe os braços assim que a moça pisou
no último degrau. "Você ganhou!" Dulce riu. "Então, vou comprar
o próximo sorve­te!" Uckermann sorria, os olhos negros, quentes. A moça
sentiu o coração apertar de felicidade.


Chris... murmurava aquele nome em silêncio, como uma canção de
louvor pelo fato de Chris ser o homem mais magnífico do mundo. E que a escolhia
para pas­sarem os dias juntos. E a noite mais mágica da vida de Dulce com...


A cena mudou. Estava nos braços do
empresário. Ambos se amavam de forma tão requintada que o corpo dela se banhava
em fogo, ansiando com ardor. Chris a acariciava, murmurando palavras que Dulce
não entendia, mas que pareciam uma canção.


A jovem sentiu-se desabrochar como uma
flor. Então, Chris se foi. Alguém sacudia um dos ombros dela, gentilmente, mas
com insistência. Dulce abriu os olhos, piscando, confusa.


— Lamento ter que acordá-la, madame — uma
voz educada dizia —, mas demos início ao processo de aterrissagem e a senhora
vai precisar apertar o cin­to de segurança.


A realidade voltou, em um movimento
impetuoso, ao ver a aeromoça. Chris continuava trabalhando na papelada. Dulce
sentiu um aperto no coração, a mente ainda repleta do sonho do qual fora
acordada. Por um momento, somente o fitava, como se o ado­rasse agora como
fizera aos 18 anos, cultuando aque­la beleza sombria.


Queria esticar uma das mãos, tocá-lo,
segurá-lo. Mas não podia, nunca mais. Estava somente a alguns metros dela, mas
poderia estar a milhas de distância. Uma terrível tristeza a dominou. Então,
veio a amar­gura, envenenando-a.


Nada de sentimentalismos. Nunca foi o
homem que pensou que fosse. Tudo o que pensou que com­partilharam era falso.
Tomava-a por idiota a cada momento juntos. Até o momento final, quando reve­lou
o verdadeiro eu. Aquele era o Chris Uckermann real. E ainda é.


Era disso que precisava se lembrar.
Forçou-se a re­cordar o que dissera a si mesma quando entrara no escritório dele.
Isso é uma transação comercial, nada mais. Emoções não são necessárias. Queria
saber o porquê de precisar repetir aquilo para si mesma.


O avião começou a aterrissar. Dulce via
um mar azul esverdeado, e a fascinante luz do sol conforme o avião mergulhava
na descida final. Então, de repente, a terra apareceu, palmeiras e folhagem,
primeiramen­te, em miniatura. Mas, logo adquirindo o tamanho real conforme o
avião deslizava pela pista.


Ao descer a pequena escadaria do avião,
uma quentura a envolveu. Um calor balsâmico, subtropical, trazendo consigo uma
mistura de odores — com­bustível e algo exoticamente floral.


A imigração foi rápida no pequeno e quase
deserto aeroporto. E, em poucos minutos, estavam dentro de um carro com ar
condicionado, a escassa bagagem acomodada na mala do veículo. Dulce desejava sa­ber
aonde iam. Então, percebeu que não importava. Sentou-se na quina do banco o
mais longe possível de Chris. Ele não falou com ela, o que a deixou feliz. Não
tinham nada a dizer um ao outro.


As esmeraldas estavam na bolsa de mão, em
uma sacola de veludo, seguras em um compartimento fe­chado com um zíper. As
jóias eram a única razão pela qual estava ali, no Caribe, com um homem a quem
odiava mais do que qualquer outro na terra. Um ho­mem com o qual se casaria
nesta noite.


Dulce ainda se sentia atordoada e
deprimida para notar algo além das palmeiras, a estrada esburacada e os campos
de cana-de-açúcar. Então, minutos depois, um lampejo de um azul-esverdeado
brilhante assal­tou-lhe os olhos e o carro chegou ao cais onde havia um barco a
motor amarrado. Ao redor, alguns poucos edifícios, quase em ruínas.


Dulce franziu as sobrancelhas.


— O quê?


— Vamos para Ste. Pierre, é uma ilha
especializa­da em festas de casamentos.


A moça não dissera nada. Não havia nada a
dizer. Em vez disso, saiu do carro e entrou no barco. Ao sentar-se, fechou os
olhos, erguendo o rosto em dire­ção ao sol. A brisa do mar refrescava-lhe a
face, e a moça sentiu o barco afundar quando Chris e o moto­rista entraram.
Houve um certo movimento enquanto a bagagem era descarregada. Então, o
motorista do carro se transformou em condutor do barco e todos partiram. Chris
sentara bem longe de Dulce, o que a deixou feliz.


A viagem não era longa — cerca de 15
minutos. E, então, o barco estava parando em outro cais. Dessa vez, Dulce viu
que o desembarque ali era muito mais pitoresco — assim como o transporte que os
aguarda­va: um pônei com uma pequena carruagem, e um co-cheiro.


— Bem-vindos a Ste. Pierre, ou Ilha da
Lua-de-Mel! — o cocheiro anunciou sorrindo, um forte sota­que caribenho.


Sentindo-se idiota e hipócrita, Dulce
deixou que o barqueiro a ajudasse a subir na carruagem, certificando-se de que
se sentara na beira do banco, o mais longe possível de Chris.


Essa viagem foi ainda mais curta, cerca
de cinco minutos. A próxima baía era linda, parecia ter saído de um anúncio de
turismo. O mar era de cor turquesa e rodeado por uma praia deslumbrante devido
à brancura da areia. Perto dali, emoldurado por palmeiras e com uma fachada de
flores de cor escarlate e folha­gem viçosa, estava um edifício baixo, branco. O
mo­torista virou-se e sorriu.


— Casa da Lua-de-Mel! — anunciou. Dulce
pensou que, para um hotel, era pequeno. Mas talvez objetivassem exclusividade e
não quanti­dade. Parecia deserto, não havia ninguém na piscina. O cavalo foi
trotando ao longo da estreita pista, indo em direção aos fundos do edifício.
Aqui, um funcio­nário os conduziu por enormes portas brancas sombreadas por um
pórtico, debaixo do qual o cocheiro parou o veículo.


As portas se abriram e um antilhano
surgiu, pa­recendo um mordomo vitoriano. Encaminhou-se à carruagem para ajudar
os recém-chegados a desce­rem. Chris saltou sozinho, mas Dulce ficou feliz pela
ajuda.


— Bem-vindos à Casa da Lua-de-Mel,
senhor, madame. Permitam que eu lhes mostre seus quartos. Dulce percebeu o uso
da palavra no plural e sen­tiu alívio. Chris, obviamente, estipulara quartos
sepa­rados embora pudesse parecer estranho para um hotel especializado em
casamentos.


Ao entrarem, a jovem olhou ao redor do
saguão espaçoso, de mogno e teto branco. Estava mais fresco ali, sentia a brisa
soprando através da ampla sala.


O hotel era belamente mobiliado,
tratava-se de um lugar caro. Chris era um homem rico; não havia neces­sidade de
ser miserável somente por estar se casando com uma mulher como ela! Mas o local
parecia de­serto. Não havia sinal de recepcionista, outros hóspe­des ou
funcionários.


Dulce seguiu o mordomo, que se apresentou
como André e avisou estar inteiramente à disposição do casal. Então, os
conduziu por um largo corredor à direita e parou em frente a uma porta.


— Madame, seu quarto — disse, e abriu a
porta.


A moça entrou e não conseguiu deixar de
olhar, sa­tisfeita, ao redor. Armários com venezianas brancas revestiam uma
parede, um ventilador no teto, e uma cama enorme com dossel, coberta por voile. André abriu as persianas da janela.


A vista que se descortinara era linda.
Uma varanda margeava o quarto e, mais adiante, uma trilha que conduzia à área
ladrilhada da piscina, onde a água cintilava o brilho do sol. Perto dali, o mar
cor de tur­quesa a fascinava. Era um mundo distante de Lon­dres, com seu
inverno frio e desagradável, e, por al­guma razão inexplicável, Dulce sentiu a
alma leve.


André murmurou algo. A moça sorriu e foi
até a varanda para apreciar a vista. Após alguns minutos, descobriu que tinha o
quarto para si. A pequena mala estava no cabideiro.


Dulce correu até a mala e a abriu. Uma
vez que te­ria que ir adiante com a paródia do casamento, em uma ilha no
Caribe, incluíra um maio na bagagem.


Nadar ajudaria a passar o tempo — e
mantê-la longe de Chris.


Cinco minutos depois, dirigia-se à
piscina. Deixou o cabelo desprender-se na água, o ar refrescando o rosto
molhado. Apesar do calor, nenhum outro hós­pede dividia a piscina com ela.
Relaxando no líquido balsâmico, flutuou, aliviando a tensão da penosa ex­periência
que enfrentaria naquela noite. Pouco de­pois, sentiu o corpo tocar aborda da
piscina. Virou-se e descansou os antebraços no ladrilho ao redor, afastando o
cabelo do rosto. Piscou para afastar a água dos olhos e ergueu a cabeça para
olhar o hotel através da folhagem.


E lá estava Chris, vindo em direção à
futura esposa. Dulce voltou no tempo, 11 anos, em um piscar de olhos. Tinha 14
anos novamente, e o homem mais lindo do mundo vinha na direção dela.


Assim como antes, usava óculos escuros,
as calças de sarja na cor creme eram bem cortadas, a camisa: clara dobrada nos
punhos e aberta no pescoço. Só falto suéter jogado pelas costas.
 


Enquanto observava, gelada, muda, assim
como ficara naquela época, Uckermann parou. Os olhos ocultos, de repente,
mudaram do mar para o local onde a encontrava.


Dulce se sentiu gelar.


Será que Chris se lembrava daquele
momento há 11 anos? Ou será que era repulsa por vê-la, quando pen­sava que ela
deveria estar tomando banho ou descansando na cama?


Dulce voltou para a água e começou a
nadar. Per­deu a noção do tempo. Finalmente, quando parou não havia mais sinal
de Chris.


O sol baixara também. Ainda estava
quente. Mas, ao sair da piscina, estremeceu com a brisa do mar to­cando a pele
molhada. As sombras se prolongavam e o sol tornava-se mais dourado. Dulce se
enrolou na toalha, pegou a bolsa, sentindo pelo peso que o colar ainda estava
lá dentro, e voltou para o quarto.


Acabara de tomar uma chuveirada quando
ouviu uma batida à porta do banheiro. Dulce abriu-a caute­losa, enrolada na
toalha e com o cabelo envolto como num turbante.


Chris estava no quarto. A jovem ficou
tensa. O em­presário não estava mais de óculos escuros, mas os olhos
permaneciam ocultos como se ainda os usasse.


— Sim? — perguntou, petrificada. O
empresário continuou a observá-la por um mo­mento, e a jovem começou a
sentir-se ainda mais des­confortável. Chris não podia ver nada dela, exceto os
ombros e os braços nus, ainda assim era muito.


De repente, Dulce entrou em pânico. O que
esta­va fazendo ali, a quatro ou cinco mil milhas de Lon­dres, prestes a se
casar com um homem que a detesta­va tanto quanto ela o abominava? Não importava
se o casamento seria por pouco tempo, totalmente falso. Não podia ir adiante
com aquilo!


Podia se casar com qualquer um
mas não com Uckermann. Ele me magoou tanto não posso suportar a
dor!
A sensação era de um ácido queimando-a ao longo dós anos. A boca de Dulce
começou a tre­mer.


— A cerimônia de casamento vai ser dentro
de uma hora e meia. Esteja pronta.


As palavras dele a cortaram. Uma fraqueza
repen­tina a dominou. Mordeu o lábio inferior, traduzindo a dor mental em
física. Forçava-se a voltar àquela frie­za que a jovem sabia ser essencial
manter enquanto estivesse ali.


Dulce percebeu algo errado com a voz de Chris.
Era ríspida como sempre, mas não era isso que a tor­nava diferente. Não sabia o
que era. Mas, o que quer que fosse, não importava.


Afinal de contas, nada importava. Tinha
que se distanciar de tudo e lembrar somente o porquê de es­tar fazendo aquilo.
Era a única coisa que podia fazer, e era o que Blanca queria que a filha
fizesse. Não im­portava a angústia que isso lhe causava, tinha que fa­zer por
amor à mãe.


Respirando fundo, acenou com a cabeça,
concor­dando, e dirigiu-se à porta para abri-la e deixá-lo sair. Não o queria
ali perto, era muito perigoso. Mas Chris não se dirigiu à porta. Em vez disso,
encaminhou-se à varanda, e desapareceu.


O pensamento de que o italiano poderia
ter acesso ao quarto através das portas da varanda, que não se encontravam
trancadas, deixou-a nervosa. Correu rumo à bolsa de mão, em cima da cama. As
esmeral­das ainda estavam ali.


Seus lábios se apertaram. Uckermann teria
as pedras de volta dentro de uma hora e meia. Mas não antes do nome do italiano
constar na certidão de casamento e o anel no dedo dela.


Dulce voltou ao banheiro para pentear-se
e arru­mar-se para o casamento.


 


Sigam: @NinnaFer e @LinyLuz




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Autor(a): ninnafervondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 53



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  • maby Postado em 03/04/2011 - 21:08:29

    Nova leitora... posta por favor:)

  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:48:52

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:48:51

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:48:18

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:48:17

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:48:17

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