Fanfics Brasil - 2° Capítulo `Encanto Secreto [DyC]

Fanfic: `Encanto Secreto [DyC]


Capítulo: 2° Capítulo

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Dulce pegou a
correspondência com frieza. No dia anterior, recebera notícias ruins: um aviso
de que atraso no pagamento do imposto geraria multas, e uma carta do leiloeiro
avaliando os últimos itens em bem menos do que ela tinha que pagar de imposto.


Ela sentiu desespero. A cada dia parecia mais necessário vender Wharton.
Seu coração se contraiu com o pensamento.


Não é possível! Tem que haver algo a fazer!


Se conseguisse pagar o imposto, teria uma chance. Po­deria hipotecar a
propriedade e usar o dinheiro para reformar a casa e alugá-la por temporada,
como planejara. O aluguel serviria para pagar a hipoteca e a manutenção. Mas se
não conseguisse pagar o imposto...


Enquanto pensava em seu futuro, apalpou uma carta volumosa e viu que
tinha selo italiano. Dulce rasgou o en­velope. Dentro havia três coisas: uma
carta, uma passagem de avião...


E um cheque.


Emitido pela Pardo-Uckermann. O valor a fez engasgar.


Leu a carta, escrita em papel timbrado. Ela apenas avi­sava do cheque e
da passagem. Viu que era de Londres para Roma, para dali a uma semana. Classe
executiva. Presa à carta havia uma página em italiano que ela não entendeu.
Deveria explicar que o cheque era um presente em retribui­ção à visita que ela
faria ao avô.


Dulce recolocou tudo no envelope e sentou à mesa da cozinha. Esta carta
era bem diferente das duas correspon­dências que recebera no dia anterior.


De repente ela sentiu uma poderosa onda de tentação.


Devolverei cada centavo do cheque com juros
depois de me livrar da hipoteca. Como o governo não espera, preciso resolver
isso, do jeito que puder!


Mas ela não podia tocar em dinheiro da família Pardo! O avô se reviraria
no túmulo.


Mas certamente a família Pardo tinha dívidas com ela também.


Eles devem a você, a sua mãe e a seus avós
pelos anos de luta, pelo que seu pai fez.


A mãe não recebera um centavo para ajudar a criar a filha. Os avós a
sustentaram, pagaram pelos seus estudos, a ves­tiram e abrigaram. Stefano Pardo,
filho de um dos homens mais ricos da Itália, não dera um centavo.


O cheque é uma compensação. Só isso!


Mas se aceitasse o cheque, teria de cumprir sua parte. Teria de ir a
Itália encarar a família do pai.


Sua expressão endureceu. Tinha que salvar Wharton. Era seu lar! Ela
sempre residira lá, sempre ajudara a cuidar da casa. Não podia perdê-la! Olhou
para o cheque que tinha em mãos.


Terei que ir a Itália. Não quero ir, mas se
quiser o dinhei­ro necessário para salvar Wharton, terei que fazer isso.


 


Dulce olhou pela janela do avião. Desejava com todas as forças não estar
lá. Mas era tarde. Estava a caminho, e não podia fazer mais nada.


- Champanhe? - A comissária de bordo sorria para ela, como se Dulce não
estivesse totalmente deslocada em uma poltrona na classe executiva.


- Obrigada. - Dulce pegou uma taça, desajeitada. Por que não? pensou
audaciosamente. Afinal, tinha algo para comemorar.


Ergueu a taça.


- A Wharton - sussurrou. - E dane-se a família de meu pai!


Um homem segurava um cartaz com o nome dela no setor de desembarque do
aeroporto. Tudo parecia estranho. Ela raramente saíra da Inglaterra. Fora para
Bruxelas com a escola, e os avós a levaram para à Holanda. Mas nunca estivera
na Itália, por motivos óbvios.


E ela não queria estar lá. Sentiu ressentimento, resis­tência e uma
agitação que não entendia enquanto seguia atrás do carregador de sua mala. No
lado de fora, a dife­rença de temperatura entre Roma e Inglaterra era evidente.
Não estava quente, mas agradável. O dia era claro, mas isso não melhorou seu
humor. O suplício de teria que en­frentar pareceu bastante real. Ela contraiu o
maxilar e entrou no carro.


Só quando afundou no assento de couro percebeu que não estava só.


Christopher Von Uckermann estava ao lado dela. Ele a ava­liou.


- Você finalmente veio. Achei que o cheque a faria mu­dar de idéia.


A voz e o olhar dele eram venenosos.


O tempo decorrido desde que conhecera Dulce Saviñon não melhorou o
visual dela, Christopher observou. Continua­va horrorosa. Obviamente se
esforçara para parecer menos desgrenhada, mas o resultado fora triste. A saia
tinha caimento ruim e a blusa parecia um saco. Ela usava uma meia-calça grossa
e sapatos pesados. O cabelo estava sem corte e preso com um elástico. Não usava
maquiagem. Ele a exa­minou e soube o motivo. Maquiagem não a ajudaria em nada.


Contraiu os lábios. Tomaso que se esbaldasse com ela. Depois de tanta
manipulação, a compaixão de Christopher estava se esgotando. Entregaria a
garota e retomaria sua vida: voltaria a controlar a Pardo-Uckermann, no mínimo
como diretor-geral, talvez presidente. Se o velho não mantivesse a palavra
depois de receber a garota... Ele afastou os pensa­mentos e abriu o laptop,
ignorando a outra passageira.


Dulce olhou o tempo todo pela janela. Eles pareciam seguir para o
interior. Onde quer que o avô estivesse, ela não queria encontrá-lo.   


Também não queria estar ali com Christopher Von Uckermann. Vê-lo
novamente fora uma surpresa desagradável. Ela sempre se esforçara para evitar
companhias masculinas. Um homem tão lindo, com todo aquele encanto, dinheiro e
sex-appeal, a deixava muito desconfortável. Era óbvio que um homem como ele só
agüentaria sua companhia por obrigação.


Ela fechou a cara. Lera em algum lugar que pessoas bonitas eram mais
gentis do que os de aparência comum. A razão, segundo o artigo, era que pessoas
bonitas sempre são bem-vindas e admiradas, portanto naturalmente acham o mundo
um bom lugar. Pessoas como ela nunca sabem se serão bem recebidas. Sentem-se estranhas
e inseguras.


Era verdade para ela, pensou, olhando pela janela. Sem­pre se sentira à
margem de tudo, graças às circunstâncias de seu nascimento. Quando a
adolescência chegara, ela desco­brira a dura verdade sobre sua aparência, e a
sensação de ser diferente, de não poder fazer o mesmo que as meninas da sua
idade, aumentara mil vezes.


Em certo momento, Dulce se deu conta de que tinha duas opções. Podia
ficar amarga por ser pouco atraente, ou podia superar isso e seguir em frente.
Havia outras coisas na vida que valiam a pena, e se ela ignorasse a própria
aparência, não ficaria incomodada por ela.


Ela se recusava a ver isso como problema. Usava as roupas que podia
comprar. Não se preocupava com o cabelo. Jamais gastara com cabeleireiro. E
quanto à maquiagem, preferia gastar com coisas mais úteis. Como comida e as
contas.


E por que se incomodaria se um homem como Christopher Von Uckermann, tão
fora de sua realidade, olhasse para ela com desprezo? Era mais fácil quando ele
a ignorava.


Percebeu que ele devia ser peça fundamental da Pardo-Uckermann. Era rico
e tinha uma aura de autoridade, apesar de ter apenas 30 e poucos anos.


Ela deu um sorriso amargo e afastou o pensamento dele. Voltou a observar
a paisagem enquanto o carro seguia pela estrada.


Esta era a Itália, repleta de ciprestes, oliveiras, campos e morros,
vinhedos e casas de pedra. Tudo iluminado pelo sol.


Este é meu país, tanto quanto a Inglaterra.


Algo despertou dentro dela, mas ela sufocou o sentimen­to. Era parte
italiana por acidente. Sua criação fora inglesa. Não era daqui. A Itália não
significava nada para ela.


Dulce decidiu pensar nos consertos que precisava fazer em Wharton. Só
aquele lugar representava algo na sua vida.


Dulce saiu do carro e olhou em volta. A casa era enorme. Uma mansão
enorme e aristocrática feita de pedra clara. A fachada era repleta de janelas
que refletiam a luz do sol e, ao olhar para o outro lado, viu um belo jardim.


Estava na Itália. Dentro desta casa estava seu único pa­rente vivo, o
pai do homem que a gerara, que destruíra sua mãe com frieza e crueldade, e que
se recusara a reconhecer a única filha.


Ela queria ir para longe o mais rápido que pudesse. Que­ria ir para
casa, a única que conhecera e queria. Não queria nada do que havia ali.


Olhou em volta e sentiu uma dor profunda. Se o seu pai não tivesse sido
um cafajeste, ela poderia conhecer este lugar. Poderia ter ido lá nas férias.
Poderia ter corrido pelos jardins. A mãe poderia ter ido também, viva e feliz
com o homem que amava...


Mas Stefano Pardo não se interessara por amor, casamen­to e nem por sua
filha. Ele deixara isso bem claro. Dulce ouviu a voz chocada da avó em sua
cabeça. "Ele nunca escreveu.
Nunca respondeu às cartas de sua mãe. Ela ficou arrasada. Ele a usou e jogou
fora"


A expressão de Dulce
endureceu. Crescera com essa realidade.                           


Pai? Jamais tivera.         


E não tinha avô também. Não importava como aquele homem que a esperava
se intitulava.


- Por aqui.                                    


O tom impessoal de Christopher Von Uckermann interrompeu seus
pensamentos. Com sensação crescente de opressão, Dulce entrou em um vestíbulo
com piso de mármore.


Christopher passou por ela. Abriu a porta dupla e entrou. Tomaso estava
sentado à escrivaninha perto da janela. Pa­recia tenso.


De repente, apesar de o velho tê-lo manipulado descara­damente, Christopher
sentiu que não podia fazer isso com ele. Devia entrar primeiro e avisá-lo do
que esperar de sua neta. Depois amaldiçoou seu remorso. Tomaso estava usan­do o
desejo de Christopher de controlar a Pardo-Uckermann para conseguir o que
queria. E se ele queria esta neta desagradável, podia ficar com ela.


Atrás de si, ele ouviu os passos nada femininos de sapa­tos grosseiros
que italiana nenhuma jamais compraria.


O velho estava se levantando.


- Tomaso, sua neta - anunciou ele com voz neutra. - Dulce Saviñon.


Tomaso não olhava para ele, mas para a mulher que vinha atrás. Christopher
observou a expressão dele mudar. Ela ficou indecifrável.


- Dulce... - disse Tomaso, estendendo a mão.


A garota ignorou a mão dele. Estava distante, como estivera durante todo
o caminho.


- Sou seu avô - falou Tomaso. O rosto estava neutro, Christopher pensou,
mas a voz não. Ele estava claramente reprimindo as emoções.


Uma expressão de raiva brilhou no rosto da garota.


- Meu avô morreu. Você é apenas pai do homem que arruinou a vida de
minha mãe.


A agressão na voz dela era inconfundível. Por um mo­mento, Christopher
viu uma nova emoção no rosto de Toma­so. Choque. Puro e simples.


A garota continuava a olhar sem pena.                               


- Só estou aqui porque aquele homem - indicou Christopher e ele sentiu
raiva pelo comportamento dela e porque previu o que ela diria - me pagou.


- Ele pagou você? - A
voz de Tomaso mostrava surpresa.


- Sim. - Christopher observou, horrorizado.


- Não quero relações com você nem com ninguém da família do homem que
destratou minha mãe! Não sei por que pensou que eu gostaria de conhecê-lo. Meu
pai não quis saber de minha existência, nem do que fez com minha mãe! - Ela
tomou fôlego e continuou: - Lamento que seu filho tenha morrido, mas não tenho
nada com isso. Seu filho não se interessou por mim. Ele deixou isso bem claro
antes mesmo de eu nascer!


O rosto de Tomaso estava tomado de choque.


- Não foi assim... - balbuciou. - Pensei que ficaria feliz por eu tê-la
procurado...


Ele empalideceu e botou a mão sobre o coração. Christopher correu e o
pegou antes que caísse.


A hora seguinte pareceu interminável. Christopher cha­mou uma ambulância
e Tomaso foi levado para o hospital. Para alívio de Christopher ele foi
diagnosticado fora de pe­rigo, mas teria que passar a noite em observação.


Independente da extensão do acontecido, Christopher sabia de uma coisa.
Aquela ave de rapina fora responsável. Ele observou a garota com expressão
pétrea no carro que os levava de volta à mansão. As mãos dela estavam çrispadas
no colo. Ela ficara assim também no hospital.


- Ele vai ficar bem? - perguntou ela de repente.


- Você se importa? - zombou ele.


- Já falei, lamento que o filho dele tenha morrido, e la­mento o que
houve. Não quero que ninguém morra. - Ela parecia comovida.


- Que grandioso! Mas se quer ser grandiosa mesmo, faça a vontade dele e
fique na mansão até que ele esteja bem. Só Deus sabe por que ele quer isso, mas
foi o que falou antes de eu sair de lá.


Ele não obteve resposta. Se
havia uma mulher no mundo com menos probabilidade de despertar seu interesse,
ele não era capaz de imaginar como ela seria.



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Autor(a): ninnafervondy

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Dulce sentou na cama e olhou pela janela. A vista era linda. Via jardins que pareciam fotos de um livro, além de olivei­ras, ciprestes e morros. Afastou o olhar. Não queria ver isso. Não queria estar na Itália, na mansão de seu avô... Ele não é seu avô! A genética não formava famíli ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 72



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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:57

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:57

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:56

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:56

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:55

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:55

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:55

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:54

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:54

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:54

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