Fanfics Brasil - Capítulo 4 `Encanto Secreto [DyC]

Fanfic: `Encanto Secreto [DyC]


Capítulo: Capítulo 4

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Dulce sentou na cama e
olhou pela janela. A vista era linda. Via jardins que pareciam fotos de um
livro, além de olivei­ras, ciprestes e morros.


Afastou o olhar. Não queria ver isso. Não queria estar na Itália, na
mansão de seu avô...


Ele não é seu avô!


A genética não formava famílias. Ela possuía os genes do pai, mas isso
não a tornava filha dele. Pelo menos não aos olhos dele.


Ela se deitou. Estava cansada. Tivera que ir de ônibus logo cedo até
Exeter, depois até o aeroporto. Os olhos esta­vam pesados...


Ela devia ter cochilado, pois se deu conta de que havia uma empregada no
quarto avisando que o jantar estava servido. Dulce desceu as escadas e levou um
livro. Ela preferia comer no quarto, mas não queria incomodar.


Um empregado a aguardava para conduzi-la até a sala de jantar. Ela
entrou e ficou paralisada.


Christopher Von Uckermann estava lá. Ele ficou de pé quan­do ela entrou.
Havia uma pilha de papéis perto dele.


- Pensei que você tinha ido embora - ela falou sem pensar.


- Infelizmente, não - ele respondeu. A voz estava hostil. - Apesar de eu
preferir voltar a Roma, não posso abandonar Tomaso no hospital à mercê de sua
adorável presença.


Dulce corou.


- Como ele está? - perguntou ela e sentou no único outro lugar posto na
mesa, bem em frente a Christopher. Ele pareceu mais próximo do que ela
gostaria. Na verdade, preferia que ele não estivesse nem no mesmo recinto que
ela.


O sentimento era mútuo, percebeu ela, ao identificar o olhar pesaroso
dele.


- O estado dele é estável. Se é que quer mesmo saber.


- Não quero que ele morra, já falei.


- E como eu já disse, isso é grandioso de sua parte. — Ele franziu o
cenho. - Não tem nada melhor para vestir? - per­guntou ele, examinando as
roupas dela.


- Não - disse Dulce. Se ela soubesse que ele estaria lá, teria pedido
para levarem o jantar no quarto. Christopher era a última pessoa com quem
gostaria de estar. Abriu o livro e começou a ler. Para seu alívio, o
desagradável acompanhan­te voltou a atenção para os papéis.


A refeição foi ridiculamente formal. Havia muitos pratos e tudo pareceu
demorar uma eternidade. A única compen­sação foi a comida, deliciosa. Ao
colocar o último pedaço de cordeiro na boca, ela percebeu que era observada.


- Você sempre come tanto?


Dulce olhou para ele sem expressão. Gostava de comida. De acordo com as
revistas, era uma forma de compensar a vida pessoal, mas ela hão se importava.
Não era sedentária, e o esforço físico necessário para cuidar de Wharton e as longas
caminhadas que gostava de fazer pelo campo a dei­xavam com bastante apetite. A
avó sempre a chamara de robusta. Talvez ela ficasse gorda quando envelhecesse,
assim como a avó.


Ela engoliu o último pedaço, colocou os talheres sobre o prato e
respondeu com audácia:


- Sim.


Depois voltou a ler.


Christopher olhou para ela com raiva. Nenhuma mulher que conhecia comia
tanto. Apesar de ser impossível saber como era o corpo dela com aquelas roupas
disformes, alguém que comia daquele jeito tinha que estar acima do peso. Ele
voltou a atenção para o relatório. Por ele, Dulce Saviñon podia ser do tamanho
de um elefante.


No dia seguinte, ligaram do hospital para avisar que Tomaso podia
receber visitas. Christopher escoltou Dulce até o carro, aliviado. Assim que
ela entrou, começou a torcer as mãos no colo. 


- O que há com suas mãos? - perguntou ele de repente. Ela olhou para
baixo.


- Nada.


- Estão cheias de arranhões.


Ela deu de ombros.


- Estão cicatrizando. Precisei podar uns arbustos no dia anterior à
viagem. - Ela virou as mãos. As palmas também estavam arranhadas, além de
ásperas e calejadas.


-- Como faz isso? -
perguntou ele. Ela olhou para ele sem emoção.


- Eu trabalho. A casa não se cuida sozinha.


Ele contraiu o rosto.


- Você não tem empregados?


Ela revirou os olhos.


- Sim, claro, quatro empregadas e mais quatro jardineiros!                                                   


Ele respirou fundo.


- Talvez com o dinheiro você possa contratar ajuda.


- Duvido que o fisco pense assim - disse ela secamente.


- Como? - Christopher franziu as sobrancelhas,


- Seu cheque pagou a primeira prestação do imposto sobre herança. Foi
por isso que o aceitei. Se não, teria ras­gado o cheque em pedacinhos. Lutarei
com unhas e dentes para ficar com Wharton. E você terá seu dinheiro de volta, signor Von Uckermann. Quando eu
receber pelo aluguel de Wharton...


- Você acha que alguém pagará para se hospedar lá? -perguntou ele,
incrédulo. - É uma ruína em decadência!


Ela levantou o queixo.


- Vou reformá-la. Só a venderei se for a única opção!


Christopher olhava para ela estranhamente.


- Você se sente ligada à casa? - Pela voz dele, parecia que ela gostava
de comer carne podre.


- É meu lar - disse com firmeza.


- Você tem um novo lar aqui, basta querer.


A expressão dela transbordava teimosia.


- Além do mais - disse ele com o mesmo olhar estranho no rosto -, não
precisa mais se preocupar com dinheiro. Seu avô dará o que você quiser.


Os olhos dela brilharam duramente.


- É uma pena que o filho dele não deu para a própria filha a única coisa
que ela teria valorizado: reconhecimento de que existia!


A expressão de Christopher mudou.


- Stefano fazia as coisas do jeito que queria. Ele era...


- Um infeliz. Como eu.


Ela parecia pronta para a briga.


Obstinada. Ressentida. Furiosa.


Os adjetivos apareceram na mente de Christopher. Depois apareceu mais
um. De onde viera, ele não sabia. Mas, de repente, estava lá.


Triste, com um olhar vazio no rosto.


Ele afastou a idéia. Dulce Saviñon não era alguém de quem ele queria ter
pena.


No hospital, as instruções dele foram sucintas.


- Diga algo para chatear Tomaso e vai se arrepender, eu prometo.


Dulce afastou o olhar. Sua última ida a um hospital foi para ver o avô
no dia em que ele morreu de falência cardía­ca, poucos meses depois da morte da
avó.


Ela seguiu Christopher até o CTI e viu a figura solitária cercada de
aparelhos. Dulce engoliu em seco.


O homem na cama parecia tão frágil. Tanto quanto seu avô ficara.


Mas ele é meu avô. O pensamento a atingiu de repente. Ela balançou a cabeça. Não era! Não
deixaria que a si­tuação a atingisse. Não pensaria em nada disso. Ele não tem nada a ver comigo!


Mas quando ela entrou, a cabeça sobre o travesseiro se virou para ela.


- Dulce...


Em silêncio, com esforço evidente, uma mão frágil foi estendida em
direção a ela.


- Você veio - disse ele. Olhos escuros estavam pousados nela. Dulce
pensou ver neles algo que não esperava. Gratidão.


Ela chegou mais perto. Não pegou a mão, e Tomaso a colocou sobre a cama.
Um pouco da luz se apagou dos olhos dele. Dulce se sentiu mal, mas não queria
tocá-lo.


- Como está? - perguntou ela desajeitada. Os olhos escuros brilharam.


- Melhor agora. Obrigado por ficar. Por permitir...


Ele respirou fundo. Parecia ter dificuldade para respi­rar.


- Por favor, sente-se.


Ela sentou na cadeira ao lado da cama. Tomaso olhou para a pessoa que
estava na porta.


- Vou ficar - Christopher falou em italiano. - Não quero que ela o trate
mal.


A expressão de Tomaso mudou.


- Estarei bem. Obrigado por trazê-la, Christopher, mas agora...


Christopher saiu com relutância. O monitor cardíaco avisaria se a equipe
de emergência fosse necessária.


Dentro do CTI, Tomaso voltou a olhar para Dulce. Ela mordeu os lábios. O
corpo estava tenso. A garganta, seca.


- Dulce, minha criança. Preciso dizer uma coisa. Peço humildemente que
me deixe falar. Depois, se ainda quiser, vá embora. Com minha bênção, se a
quiser.


Ele parou como que para recuperar as forças. O coração de Dulce parecia
disparado no peito.


Queria ir embora, voltar para a Inglaterra. Queria se trancar em casa e
não sair mais. Mas não podia. Algo a mantinha presa na cadeira. Provavelmente,
tensão. O que mais poderia ser?


Ela sentiu que Tomaso se preparava para dizer mais. Temia a reação dela.
Então ele falou, sem tirar os olhos dela.


- Ficar aqui me permitiu pensar. Pensei e lembrei de muita coisa. De
Stefano. Não como ele estava nos últimos anos de vida, mas há muito tempo.
Quando ele tinha sua idade. Até mesmo mais novo.


Ele respirou fundo e prosseguiu:


- Mas não tenho muitas lembranças dele. Não de quan­do era garoto. Não
passei muito tempo com ele. Estava ocupado ganhando dinheiro. Deixei Stefano
com a mãe. Ela o amava cegamente. - O olhar dele pareceu fraquejar. - Eu estava
ocupado demais para passar tempo com ela também. Então ela deu-lhe toda a
atenção que eu estava ocupado demais para receber. Stefano sempre foi louco por
lan­chas.


Ele ficou em silêncio, mas Dulce não sabia se era para recuperar as
forças ou para pensar no filho morto. Só sabia que estava muito tensa. Queria
que Tomaso não tivesse fa­lado. Que não tivesse esboçado a imagem de um jovem
meio negligenciado e meio mimado que fazia o que queria e ig­norava as
conseqüências.


Incluindo minha mãe! Ele fez o que queria com
ela e a largou! E danem-se as conseqüências, inclusive a gravidez dela!


Ela sentiu raiva.


Tomaso voltou a falar. A voz dele mudara.


- Um homem quer ter orgulho do filho. Mas como pos­so ter orgulho em
saber que ele seduziu e abandonou a mãe do filho dele? Que ignorou a existência
dela e a sua? - Dulce viu dor e remorso nos olhos dele. - Foi estupidez minha.
Fui insensível e egoísta ao achar que você poderia desejar conhecer a família
de seu pai. Você sempre soube o que meu filho fez. E foi estupidez extrema eu
achar que em um ins­tante tudo poderia ser perdoado e esquecido. Há raiva em
você, acumulada durante uma vida inteira, e não posso ig­norar isso.


Ele respirou fundo novamente.


- Vá embora, se quiser. Não tenho direitos sobre você. Fui tolo e
ambicioso. Queria fazer bem a você, mas não posso apagar o passado. Não posso
desfazer o que Stefano fez. Não fui um bom pai, Dulce. Queria compensar isso
sendo um bom avô para você, mas...


Ele parou de falar.


Dulce continuou sentada lá. Tudo estava quieto.


Então de repente ela explodiu.


- Como ele pôde ignorá-la? Ele nem respondeu às cartas dizendo que
achava que o bebê não era dele! Ela escreveu várias vezes e ele nunca
respondeu. Ela era um incômodo! E eu também. Ele nem quis saber.


A garganta dela deu um estalo horrível.


- Ele não me quis.


As faces dela estavam vermelhas. Dulce ficou de pé de repente. Ela se
virou em direção à porta. Deu um passo à frente e não olhou para nada.


- Mas eu quero você, Dulce.


Ela olhou para ele.


Tomaso esticara a mão de novo.


- Eu quero você - ele
repetiu. Havia urgência na voz. - É tarde demais para Stefano, mas peço que não
seja tarde para mim. Você é minha única descendente. É tudo que tenho. Me dê
apenas um pouco de seu tempo. Não pedirei muito. Só quero a chance de passar
algum tempo com você.


Os olhos dele estavam presos aos dela, como se ligados por uma linha
invisível. Lentamente, sem saber direito por que fez aquilo, Dulce tocou as
pontas dos dedos estendidos na direção dela.


- Obrigado - murmurou Tomaso.


Dulce ficou em silêncio no caminho de volta à mansão. Christopher a
observava de tempos em tempos. Ela se fecha­ra como uma ostra. Mas havia algo
de diferente nela. Algo mais suave.


Ele franziu a testa. Seria verdade? Claro que não. Era uma palavra
absurda para se referir a Dulce Saviñon. Ela era dura e inflexível como
granito, e seus modos eram ásperos. Ela era rude e antipática.


Ele a examinou enquanto ela olhava pela janela, absorta em si mesma. A
mudança na expressão dela ainda estava lá. Era quase imperceptível, mas estava
lá.


E havia algo mais nela.


De repente ele se deu conta.


De alguma maneira, com aquela expressão ligeiramente mais suave, ela não
parecia tão feia.   


Ele afastou o pensamento. Não se importava com a apa­rência dela, mas
sim se honraria o que insinuara a Tomaso. Precisava saber. Se ela ficasse,
finalmente Tomaso poderia cumprir sua promessa e passar a presidência para ele.


- O que fará agora? - ele falou abruptamente. - Correrá de volta para a
Inglaterra? Ou dedicará um pouco de seu precioso tempo para seu avô?


A voz dele saiu mais brusca do que pretendera. Dulce virou o rosto.


- Eu... - Ela engoliu em seco. - Ficarei um tempo. Até que ele melhore.
Não preciso voltar imediatamente.


Nunca seria boa hora para voltar para aquele
inferno chuvoso,
Christopher pensou. Por que ela queria ficar com
aquela casa? Se fizesse as pazes com Tomaso, como parecera, não precisaria mais
daquilo lá.


Assim como Tomaso não precisaria mais da presidência da Pardo-Uckermann.


Christopher sentiu-se impaciente. Queria voltar para Roma. Queria se
preparar para assumir o controle da em­presa.


Queria a companhia de Delia Dellatorre.


Ele formou a imagem dela em sua mente. Chique, mo­derna, sensual.                


Christopher olhou para Dulce mais uma vez.                             


O contraste entre a mulher em sua mente e a que estava ao seu lado como
um saco de batatas não podia ser maior.


Ele virou o rosto. Ela não importava. Não tinha mais motivo para estar
na companhia dela. Assim que chegassem à mansão, ele voltaria a Roma. Christopher
pegou o celular e avisou à assistente sobre seus planos. Ele sentiu alívio. Sairia
de lá prontíssimo.


Sigam: @NinnaFer (Muáaa) e @LinyLuz(Minha adaptadora Caipiira)




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Autor(a): ninnafervondy

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Christopher partiu durante a tarde, mas Dulce não percebeu. Pensava em outras coisas. O que fizera? Baixara a guarda com o homem que deci­dira impedir de entrar em sua vida. Mas ela sabia, no fundo do coração, o que fizera. Acei­tara Tomaso Pardo como avô. E ficaria com ele, mas só por um tempo. Até que ele melhorasse. ...


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Comentários da Fanfic 72



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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:57

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:57

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:56

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:56

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:55

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:55

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:55

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:54

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:54

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  • fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:44:54

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