Fanfic: `Até o Fim [DyC]
Dulce estava
no sinal. Chovia a cântaros e o vento fazia com que a chuva batesse no carrinho
de Nicky. Olhou dos dois lados antes de atravessar, mas quando se adiantou, os
olhos cegos pela chuva... O cantar de pneus, um motor a todo vapor e uma batida
tão violenta que a jogou para o alto... Depois o impacto do corpo — e a total
escuridão.
Ela se mexeu
quando o cérebro lembrou do instante em que tinha sido atropelada, na faixa de
pedestres, por um carro a toda velocidade. A sacudidela causou dor, mas sentiu
algo muito pior depois.
Uma voz
gritando em sua cabeça. Desesperada...
Nicky!
Nicky!
Sem parar.
Inundando-a de terror e medo.
Alguém pôs a
mão em seu ombro. Abriu os olhos. Uma das enfermeiras falava.
— Seu
menininho está bem. Não se machucou. Ele está sendo cuidado. Agora precisa
relaxar e dormir um pouco. Gostaria de algo para ajudá-la a dormir?
Dulce tentou
mexer o rosto. Mas qualquer movimento era pura agonia. Até mesmo respirar.
— Não posso
dormir! Preciso encontrar Nicky... Eles o levaram. Não vão devolvê-lo. Sei que
não vão...!
A voz
aumentava de volume, o medo pressionava a garganta.
— Claro que
vai tê-lo de volta — consolou a enfermeira. — Só o levaram enquanto você está
aqui. Assim que puder sair, vão devolvê-lo.
— Não, aquela
assistente social o levou. Disse que eu não tinha condições de cuidar dele, que
ele ficaria melhor em uma instituição. — A mão apertou os dedos da enfermeira.
Ele é meu filho!
— Vou lhe dar
um calmante. — Medo e angústia tomaram conta dela. Nicky foi para uma
instituição. Como a assistente social ameaçara.
— É óbvio que
você não pode cuidar de uma criança. — O tom condenatório ressoava-lhe na
mente.
Meu Deus,
por quê ?, pensou
Dulce. Ela havia se sentido mal. Poucos dias se passaram desde o enterro do
pai. Tomara uma dose dupla de remédio para gripe que a nocauteara. Quando a
assistente social chegou, Nicky, ainda de pijamas, vendo TV com uma tigela de
cereal na mão, abriu a porta para a mulher enquanto a mãe dormia na cama,
inconsciente...
Dulce sabia
que a mulher antipatizara com ela desde o início, quando tinha ido ao
apartamento, em um conjunto habitacional, para avaliar se era necessário uma
enfermeira. Em tom áspero, a mulher disse a Dulce que seu pai precisava ser
hospitalizado. Um doente não deveria ficar junto de uma criança pequena e,
caso Dulce insistisse em se recusar a informar o nome do pai da criança, não
podia esperar que o Estado a ajudasse a sustentá-la no lugar do pai. Nicky
ficaria em uma creche e ela voltaria ao trabalho porque essa era a política do
governo.
No final da
discussão, Dulce perdeu a paciência e gritou com a mulher, sem perceber que
ainda segurava a faca com a qual descascava cenouras na cozinha antes de ela
chegar. Ao ver a faca, ela acusou Dulce de ser violenta e de tê-la ameaçado com
uma arma.
Depois, tudo
só piorou. A vida do pai chegava ao fim e ela precisou chamar uma ambulância
para levá-lo ao hospital onde ele teve um derrame. A exaustão, a doença, a
necessidade desesperada de proteger Nicky do que acontecia deixaram-na ainda
mais enfraquecida do que estivera nos últimos cinco anos.
E naquela manhã
fatal, a assistente social chegou para encontrar Nicky sozinho e Dulce
desmaiada. Foi a gota d`água.
— Vou lhe
tirar a guarda da criança. Antes que algum mal aconteça ao menino devido a sua
total irresponsabilidade. — Passou o dedo no pó do antigripal na
mesinha-de-cabeceira e cheirou-o de forma suspeita, olhando a semiconsciente Dulce.
— Levarei isso para análise, então nem tente esconder as outras drogas de que
vem fazendo uso.
Logo que a
mulher foi embora, informando que voltaria para apanhar Nicky, Dulce, fora de
si, juntou algumas roupas e foi ao médico, desesperada para conseguir
antibióticos bem como uma declaração de que não era usuária de drogas nem
violenta — qualquer coisa que pudesse usar no Juizado. Mas antes de chegar ao
consultório, foi atropelada por um carro.
Quando
recobrou a consciência, estava no hospital, o corpo em agonia, as pernas e o
torso enfaixados, soro na veia e os pulmões em fogo. E Nicky desaparecido.
Nicky. A única
razão de viver, a única luz na escuridão em sua vida. Tinha que consegui-lo de
volta! Morreria sem ele. Que sofrimento ele devia estar passando, sem nenhum
rosto familiar, sem a mãe para protegê-lo. Apesar do estresse dela e da pressão
cuidando do avô temperamental e doente, da falta de dinheiro, da depressão,
sem ninguém a quem recorrer, contando apenas com a ajuda do Estado.
Mas Nicky não
estava morto! Estava vivo e ela aterrorizada diante da idéia de nunca tê-lo de
volta. Ele seria entregue para adoção...
As enfermeiras
tentavam ajudar.
— Não tem
ninguém que possa cuidar dele? Amigos, vizinhos, parentes?
As mãos de Dulce
estavam crispadas.
— Ninguém. —
Os amigos tinham se afastado. Não era amiga dos vizinhos, pois estava muito
envolvida com problemas. Era apenas apavorada pela lástima de sua vida.
Uma das
enfermeiras voltara a falar. Cuidadosamente.
— E o pai do
seu filhinho? Dulce endureceu.
— Ele não tem
pai...
Uma imagem
tomou conta da mente como se marcada a ferro.
Queimando a
pele, a carne. A memória...
Autor(a): ninnafervondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 676
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fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:42:00
você vai me matar posta logo por favor!!!
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fabiana Postado em 28/03/2011 - 17:41:59
você vai me matar posta logo por favor!!!
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:51:45
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:51:45
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:51:24
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:51:23
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:51:23
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:51:08
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:50:46
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fabiana Postado em 25/03/2011 - 07:50:34
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