Fanfic: Divida de Sangue [TERMINADA]

-meus dentes vão tirar a vida da última descendente de Martin. –senti um calafrio passar por seu corpo. –mas não agora. –eu sorri e parti em flor em minúsculas partículas a sua frente.

Ainda não era hora!

-ok. Mas você promete que me matará? –ela implorou em sussurros.

-sim. Mas você vai ter que responder algumas perguntas antes. –comuniquei com um sorriso maligno no rosto.

-tudo que você quiser. Eu sou sua Christopher, você querendo ou não. –ela disse, mais ofegante do que nunca.

Aquilo era tão...estranhamente estranho!

Confesso que invejei Adam. Eu daria tudo para poder ler a mente de Dulce naquele momento e descobrir se no fundo, bem lá no fundo, ela tinha, nem que fosse só um pouquinho, um pouquinho mesmo, mas medo!

-você está certa. Você sempre foi minha. –eu estranhamente, e para minha surpresa, sorri.

-sua pequena. –ela lembrou o apelido pelo qual a chamei nos últimos 10 anos.

-e agora eu vou matar você. –eu a lembrei.

-fico grata que não tenha matado antes. Já que é o seu destino me matar. –ela respondeu, ainda sussurrando.

-o que diremos aos outros? –perguntei.

-nada. Eu não vou voltar lá Christopher. Nem você. Você sabia disso quando me trouxe pra cá. –ela sorriu.

Seu sorriso era tão...lindo.

-como assim? –perguntei enfim.

-uma caverna longe do sol? Sangue animal bem próximo? Frutas para a humana aqui comer –ela indicou a si mesma –água para a humana beber. A brisa impede que meu cheiro fique no ar por mais de alguns minutos. –ela hesitou -é o lugar perfeito pra passar meus últimos dias de vida. –ela sorriu de novo.

-tem certeza de que quer que eu te mate? –perguntei.

-já que eu vou morrer de qualquer jeito, prefiro que seja você. –ela garantiu, falando um pouco mais alto, mas ainda sussurrando.

-e se houvesse um jeito de permanecer viva? –perguntei.

-não há um jeito. –ela afirmou.

-é. Não há. –eu repeti.

-eram essas suas perguntas? –ela perguntou.

-não. –sorri malignamente de novo.

-quais são então? –ela respirou fundo e perguntou.

-são tantas. Vamos começar por –hesitei para pensar quem seria minha primeira cartada. Me decidi pelo fulaninho. –Derrick. –sorri. –você o ama?

-eu gosto dele. –ela afirmou hesitante.

-você consegue imaginar a dor que vai causar a ele morrendo sem dizer adeus? –ela ficou séria e eu ri. –a criança vai tentar me matar. –eu ri de novo.

-Derrick não é uma criança. –ela afirmou seriamente. –nem eu! –havia um pontada de...malicia em sua voz? Acho que sim.

-você sempre será uma criança Dulce. –prometi.

-ou pelo menos todos sempre vão me ver assim. Principalmente você. –ela bufou.

Não entendi!

-por que principalmente eu? –perguntei confuso.

-porque você sempre vai me enxergar como a garotinha de 8 anos que cativou você, independentemente de feitiço ou não, você sempre me verá assim. –me pareceu que ela estava um pouco desapontada por isso.

-e como você queria que eu visse você? –desafiei em tom sarcástico. Ela não gostou disso!

-você, pelo menos uma vez na vida, poderia me enxergar como Dulce Maria Saviñon, única descendente viva de Martin Saviñon. Tão forte e habilidosa quanto ele. –ela finalmente falou em alto e bom tom.

-esse é seu último desejo? –brinquei.

-sim. Eu quero que pelo menos uma vez, alguém me veja como mais do que uma garotinha indefesa. E eu adoraria que esse alguém fosse você. –ela pediu.

-desejo conseguido. Eu verei você como uma presa. Serve? –eu ri.

-que tal como algo mais? –ela sugeriu.

Olhei em seus olhos e vi dor e...algo mais!

-você sofre. –exclamei.

-não mude de assunto! –ela assobiou.

-eu é que faço as pergunta! –eu lembrei a ela.

-eu é que vou morrer! –ela retrucou. Eu ri.

-ok. Algo mais o que? –perguntei sem interesse.

-uma ameaça, talvez. –ela sugeriu.

-você não é uma ameaça pra mim Dulce. –eu ri.

-eu não preciso abalar sua “vida” –ela simbolizou –ferindo você ou algo do gênero. Existem outras maneiras. –ela sorriu.

-quais? –perguntei também sorrindo.

-culpa, solidão, dor. Tudo isso. –ela não estava mais sorrindo, nem eu.

-você acha que vou me sentir culpado por matar você? –eu perguntei incrédulo.

-eu realmente espero que não. –ela suspirou.

-por favor! –eu ri. –eu não estou mais enfeitiçado! –eu lembrei a ela.

-mas isso não muda o fato de você ter me criado, educado, cuidado e amado pela última década. –ela estava chorando e estava certa.

Era isso? Ela sentia dor porque de uma hora para outra eu passei a tratá-la como nada? Patético!

Mas compreensivo.

Tentei me colocar no lugar dela. Foi difícil. Haha.

Eu sai pra caçar pensando que odiava vê-la sozinha no castelo que era muito perigoso e blábláblá. Voltei e tentei matá-la!

Eu tinha sido...um monstro!

Mas era isso que eu era!

Ou pelo menos era isso que eu era há uma década atrás.

Dulce havia me mudado, não havia como negar.

Enfeitiçado ou não, eu havia sido mais...humano nessa última década.

A questão era: isso era bom ou ruim?

-simplesmente me mate Christopher, é tudo que eu peço. –ela bufou e se dirigiu a caverna.

Eu assobiei e ela olhou pra mim. Eu reconheci seu sorriso, era totalmente maldoso.

-eu vou pra caverna meu bem! –ela disse, estalou os dedos e entrou na caverna sem olhar pra trás.

Eu escutei ao redor, não havia ninguém por perto, nem vampiros nem humanos nem vira-latas gigantes, então entrei na caverna.

Eu e Dulce fomos até o centro da caverna, era como a do ritual. Tinham umas rochas em forma de cama ou coisa do gênero, a luz do sol não tocava aquela parte da caverna, então era perfeito. Eu não ouvia nenhum barulho de urso ou coisa do gênero, só havia o coração da Dulce batendo. E também não sentia o cheiro de nenhum vampiro, então a caverna estava vazia. Era nossa!

Seria a hora perfeita para matá-la.

Se não fosse pelo falto de eu julgar que ela ainda não estava pronta.