Fanfic: Divida de Sangue [TERMINADA]

Ficamos em silêncio na caverna. Já estava quase amanhecendo, eu estava ficando cansado.

Eu estava deitado em uma daquelas rochas-cama e Dulce estava ao meu lado, sentada.

-diga-me Dulce –comecei e ela virou sua atenção para mim –toda vez que eu você está com Derrick, você cora. Por quê? –perguntei confuso.

Bem, já que ela ia morrer, essa era minha última chance.

Ela corou. Ninguém merece!

-você realmente não entende nada sobre mulheres Christopher! –ela riu.

-eu entendo sobre vampiras! –eu sorri.

-mas não entende nada sobre humanas! –ela falou ironicamente e deitou ao meu lado.

Em uma situação normal eu a correria dali, mas resolvi considerar aquilo como um único pedido. Dormir ao meu lado pela última vez!

-claro que não, humanas são tão... –enquanto eu procurava a palavra, ela achou.

-estúpidas? –ela riu.

-pra falar a verdade, sim! –admiti.

- só porque você não entende uma coisa não quer dizer que essa coisa seja estúpida! –ela me repreendeu.

-eu já sou um vampiro há 8 séculos, pouco lembro da minha vida humana. –contei.

Ela ficou calada por um momento. E então, meio hesitante, deitou sua cabeça no meu peito.

Tive que ficar repetindo para mim mesmo em pensamento: último pedido, último pedido, último pedido!

-já sei qual é meu último pedido! –ela exclamou.

Mas...Peraê! Então eu ia ter que aturar ela dormindo ao meu lado de graça?

Resolvi ser tolerante.

Suspirei e perguntei.

-qual seu último pedido? –perguntei sem interesse. Ela riu.

-conte-me sobre sua vida humana! –ela pediu hesitante.

Eu pouco lembrava de minha vida humana.

-eu não lembro quase nada. –falei seriamente.

-conte-me o que você lembra. –ela implorou.

-por que o interesse? –perguntei quase bravo.

-essa é a minha última chance de saber quem realmente é Christopher Uckermann. –ela suspirou.

Eu não tinha argumentos quanto a isso!

-ok! –bufei e os olhos dela brilharam de expectativa.

-ok. –ela sorriu.

Contei tudo que eu lembrava.

Eu nasci em Albuquerque, no Novo México, EUA, em 1208. Nasci em uma família humilde. Tinha 3 irmãs e um irmão. Eu fui o primeiro, seguido de minhas irmãs, as gêmeas Meg e Peggy. Depois nasceu minha irmã Evelyn e um ano depois meu irmão Jacob. Evie e Jake com certeza eram meus irmãos preferidos. A pequena Evie e seus cachos loiros exigiam uma proteção exagerada, tipo a mesma que eu dava a Dulce na época do feitiço. E eu era como um pai para Jake. Dois meses depois de meu irmão nascer, minha mãe morreu. Meu pai se entregou completamente a bebida, mulheres da vida e coisas do gênero. 5 anos depois ele foi morto por não pagar uma divida. Eu tinha 12 anos na época, as gêmeas tinham 10, Evie tinha 6 e Jake 5. Com a morte dele, todos nós fomos mandados para um orfanato. As gêmeas foram as primeiras a serem adotadas, tenho que admitir que eram lindas e cativantes, chatas, mas cativantes. Meg, principalmente, tinha me ajudado a cuidar de Evie e Jake. Já Peggy era vaidosa demais, daria uma ótima vampira! Um ano depois e um viúvo se interessou em Evie, vê-la partir foi a coisa mais difícil que eu fiz em minha vida humana. Eu era responsável e amava todos meus irmãos, mas Evie precisa ser protegida. Mas eu sabia que era o melhor para ela. Só restamos eu e Jacob. Eu completei 16 anos e quis ir embora do orfanato. Jacob, com seus 9 anos quis me acompanhar, eu não permiti. Ele veio do mesmo jeito. Acabei indo parar em Londres. Eu morava na rua, minha vida não tinha sentido a não ser proteger meu irmão desobediente. Foi quando eu a conheci, Miley. Uma bela, rica e audaciosa jovem. Ela não tinha medo de nada nem de ninguém, seu pai odiava esse comportamento. Eu tinha 17 anos e ela 15. Eu a amava, adorava vê-la sorrir, falar bobagens adolescentes da época. E, a coisa que eu mais amava, era vê-la corar...

Nesse momento parei a história e ri. Dulce perguntou o motivo e eu disse que finalmente tinha entendido o motivo dela corar quando Derrick estava por perto. Rimos.

Comecei a passar as noites em seu quarto, descobrindo a beleza do primeiro amor. Quando seu pai me pegou saindo de lá, pulando a janela... O velho Billy Ray me marcou. Eu morava na rua com Jacob, tinha 18 anos e ele 11. Tínhamos que ir embora de Londres! Billy Ray colocou seus homens atrás de mim. Até que um dia ele finalmente me encontrou. Para minha surpresa, ele me arrastou para sua casa, eu e Jake. Chegando lá, Miley estava grávida e eu com certeza era o culpado. O velho ia dar o bebê pra adoção e mandá-la para um convento. Eu não podia permitir! Mas o meu destino já estava traçado na cabeça dele, ele ia me matar sem dó nem piedade. E mandar prender meu irmão como um simples ladrãozinho! Foi quando tudo mudou. O velho prendeu a mim e Jacob em uma parte do porão, Miley foi lá ficar conosco. Eu prometi que ia tirá-la dali e que juntos, eu, ela, Jake e o bebê seriamos felizes. Ele nos deixou presos lá porque estava recebendo toda alta classe de Londres. Inclusive Lorde Pitt. Miley pediu que eu matasse o velho. Eu não podia fazer aquilo, matar alguém estava fora de cogitação...

Ri com essa parte da história. Eu tinha 18 anos e era contra matar alguém, nos últimos 800 séculos eu tinha ignorado totalmente essa história!

Jacob estava faminto. Meu irmão era habilidoso e deu um jeito de sair do porão, eu e Miley o seguimos. O velho não poderia nos ferir na frente de seus convidados. No corredor, eu e Jake nos deparamos com uma figura conhecida: a pequena Evie, que já não era tão pequena com seus 12 anos! Evie nos disse que seu novo pai era um homem muito bom e com certeza nos abrigaria em seu castelo. Eu, Miley e Jacob fugimos para o castelo do pai adotivo de Evie. De um jeito que na época eu não compreendi, o homem nos achou lá no dia seguinte. Agora sei que ele sentiu o nosso cheiro. Ela se apresentou, era Lorde Pitt. Brad tinha adotado Evie por se sentir sozinho, ela não sabia de sua condição de vampiro. Imaginava que ele era apenas um pobre rico solitário e bondoso. Brad já se alimentava apenas de animais na época, então não tinha perigo. Mas ele sempre gostou de seguir a lei, e o pai de Miley estava atrás dela. Foi a primeira vez que eu vi o castelo. Eu não entendi na época porque ele não tinha espelhos e as poucas janelas eram cobertas por cortinas. Evie me contou o que Brad contou a ela: Ele tinha uma doença e sua pele era muito vulnerável ao sol. Era uma época de doenças, então aceitei sem questionar essa explicação. Conseguimos convencer Brad a nos abrigar em seu castelo. Devido a algumas complicações no parto, o bebê morreu. Miley ficou desolada, eu a amava mais do que tudo e não sabia o que fazer para consolá-la. Ela cometeu o suicídio alguns meses depois e eu fiz questão de levar seu corpo até a fazenda Cyrus. Eu entrei sozinho e carregando seu corpo em meus braços. Entreguei-a a Billy Ray. Ele chorou sobre seu corpo e depois me encheu de tiros. Eu teria morrido. Brad, Jake e Evie foram até lá e levaram meu corpo para o castelo. Era madrugada. Me restava no máximo uma hora de vida. Eu tinha 19 anos. Existia uma porta do castelo que sempre permanecia trancada, naquela noite Brad a abriu e me carregou através dela. Era a porta da escada que levava até a torre. Ele me mostrou seu caixão e seus dentes, oferecendo-me a vida eterna. Eu tinha tanto ainda para cuidar de Jacob e Evelyn, então aceitei a imortalidade. Na madrugada seguinte eu acordei mais belo, forte, livre, minha visão era perfeita, meus dentes eram prezas. Eu era um imortal. E eu estava, acima de tudo, sedento! A sede queimava em minha garganta. Brad me levou para caçar uns animaizinhos, mas não era aquilo que eu queria! Eu fui até a mansão Cyrus e me alimentei de Billy Ray e toda sua família restante, incluindo os capangas. Depois, pouco antes do amanhecer, fui até o cemitério onde ele havia enterrado Miley e o bebê e me despedi de meu amor e de minha vida humana. Voltei para a mansão Pitt e o sol já estava brilhando, minha pele queimou e eu percebi que banho de sol nunca mais! Eu teria 19 anos para sempre, mas isso tinha preços. Eu ouvi o coração de meus irmãos batendo e o sangue correndo em suas veias era tentador. Brad me controlou. Jake e Evie cresceram e tiveram suas vidas, com o tempo suas visitas ao assustador castelo tornaram-se anuais. Eu só tinha Brad. Eles cresceram e morreram. E eu permaneci com 19 anos. Na época isso me abalava. Brad se alimentava de animais e eu de humanos que eu julgava merecerem a morte. Em 1298 Angelina juntou-se a família. E o resto Dulce já sabia. Mas essa era minha história humana. Esse era Christopher Uckermann, o humano.