Fanfic: Divida de Sangue [TERMINADA]

Hoje, 10 anos depois, é que eu vejo a besteira que fiz.

Eu deveria ter me jogado em uma pira e cometido o suicídio, mas não.

Enquanto ela vivesse, eu viveria.

Mas a partir do momento em que seu coração parasse de bater, essa seria minha sentença.

Eu me jogaria na pira e iria para o inferno, onde com certeza é meu lugar!

Com muita dificuldade, minha família concordou em esperar. Eles deixaram que eu a levasse para nossa casa, eu sabia que não conseguiria ficar afastado da estranha criança.

Quando entramos no castelo eu senti que estávamos seguros. Quando os europeus chegassem, com certeza pensariam que eu e minha família tínhamos matado-a. certa vez um desses irmãos de raça europeu disse que eu deveria ter a honra de matar o último descendente de Martin, que eu era digno de o fazer. Na época me senti o melhor de minha espécie, por ser o escolhido para exterminar o último descendente de Martin. Para cobrar essa divida feita há séculos. Mas minha mãe e minhas irmãs me convenceram a não matá-la, pois era apenas uma criança. Eu tinha aceitado, mas ia voltar escondido depois ajudar os irmãos europeus, sem o conhecimento de minha mãe e minhas irmãs, que se sentiriam magoadas por minhas escolhas. Mas tudo isso foi por água a abaixo quando a vi. Eu não poderia e não deixaria ela morrer.

Quando chegamos ao castelo eu sabia que não estaria completamente sozinho em minha decisão de guardá-la conosco, com a família.

 As mulheres com certeza me apoiariam e Alfonso também, pois ele prezava a vida humana.

Exatamente por isso ele não tinha ido com a família para cumprir a promessa. Minha irmã Any, é óbvio, permaneceu ao lado do marido.

-o que aconteceu? –ela perguntou, quando me viu chegar com a criança nos braços.

-eu não posso! –sussurrei, observando-a dormir em meus braços.

Era tão ingênua e indefesa. É óbvio que precisava de minha proteção, agora e sempre.

-o que você fez Christopher? –Zackary, meu irmão, perguntou preocupado.

Eu havia criado Zack, eu lhe dei a vida eterna, mas não me sentia no direito de usufruir disso.

-eu não posso! –sussurrei novamente, estava atordoado.

-é claro que não pode! –Any exclamou ao entender do que eu estava falando.

-não podemos ficar com essa criança, não uma criança humana! –meu pai, ainda se recuperando de nossa pequena batalha, me repreendeu.

-então transforme-a em uma de nós e... –meu irmão Chris começou.

Estremeci com a idéia!

Não que eu julgasse ou condenasse meu pai por ter me criado, mas eu jamais daria essa sentença a uma garotinha. Criei Zack porque me senti sozinho. Mas isso não aconteceria novamente. A família havia crescido ao longo de 800 séculos.

-não! –disse entre dentes.

-não podemos ficar com uma humana. Principalmente com uma descendente de Martin. –meu pai disse ao me encarar. –você não se importa de colocar toda sua família em perigo? –ele me olhou abismado.

Mas não era isso!

Eu me importava em colocar minha família em perigo, é claro. Mas não tanto quanto eu me importava em colocá-la em perigo.

Eu sabia que deixá-la comigo seria perigoso, mas eu não poderia ficar longe dela e eu poderia protegê-la!

-ou nós dois ficamos ou eu vou embora! –ameacei.

E eu realmente iria embora.

Mas eu sabia que meu pai jamais me pediria para ir embora.

-oh não, não queremos isso Christopher! –minha mãe implorou. E tenho certeza de que se ela pudesse, teria chorado.

-perdão mãe, mas eu preciso dela! –disse olhando para a pequena que dormia em meus braços.

Eu não conseguia soltá-la, pelo menos não enquanto não tivesse certeza de que ela não estava em perigo nesse castelo.

-oh, se você queria um animalzinho de estimação era só ter avisado. Afinal, nós deixamos a Any ter um cachorro! –Chris brincou.

Any mostrou os dentes para ele. Poncho também. Afinal, ele odiava quando lobisomens eram comparados a cachorros. Principalmente quando quem fazia a comparação era um vampiro!

-Christian! –May repreendeu o marido.

-o que faremos? –Any encarou papai.

Ele pensou, mas não me desapontou. Ele jamais viraria as costas para um membro da família, mesmo que esse membro estivesse cometendo uma estupidez, como eu estava.

Mas ele exigiu que eu lhe explicasse tudo.

Eu expliquei esse amor paternal e protetor que me invadiu ao ver a criança.

Meu pai disse que isso poderia ser um feitiço ou praga de Martin e seus descentes. May, a cigana da família, confirmou. Provavelmente Martin tinha lançado uma proteção a seus descentes. Minha família afirmou que eu estava hipnotizado, e que faria de tudo para me ajudar.

Mas eu não queria ser ajudado!

Eu gostava do que sentia por aquela criança.

Pela primeira vez, em 800 séculos, eu estava completo!

Enquanto May pesquisava feitiços antigos, para tentar me livrar do instinto de proteger a garotinha, três meses se passaram.

A família acabou se apegando a ela também.

Os anos acabaram passando, 4 para ser exato.