Fanfic: Divida de Sangue [TERMINADA]

Lembro-me como se fosse hoje, seu aniversário de 12 anos.

Any, a mais “humana”, talvez por ser casada com um meio-humano, insistiu para fazer alguma coisa especial.

Ela encomendou um bolo. Pequeno, já que a única a comê-lo seria Dulce.

Até seu nome era doce, doce como ela, minha pequena protegida: Dulce Maria.

-por que? –ela indagou.

-por que o que? –perguntei.

-por que apenas eu e Poncho comemos? Por que ninguém aqui sai durante o dia? Por que vocês não dormem em um quarto? Onde vocês dormem? Por que vocês não envelhecem, como eu envelheço? Por que, às vezes, me encaram como se tivessem medo de mim? Por que... –eu a interrompi, já que ela estava cheia de perguntar.

-querida, lembra do filme que assistimos semana passada? –indaguei.

Já havia me preparado para aquele momento.

-Drácula? –ela indagou, achando estranha a minha pergunta.

-exatamente! –parabenizei-a com um sorriso.

Ela pareceu entender menos ainda.

-o que tem o filme? –finalmente ela perguntou.

-lembra que o Drácula não saia durante o dia? Não comia?                                                                                  Não envelhecia? Dormia em um caixão? –percebi sua expressão mudar, enquanto ela percebia aonde eu queria chegar.

-vampiros não existem Christopher! –ela me repreendeu, por achar que eu estava brincando.

Olhei em seus olhos e ergui meus lábios, deixando minhas presas de 800 anos a mostra.

Ela riu.

-você colocou presas apenas para tirar sarro da minha cara em pleno meu aniversário! –ela me repreendeu, de olhinhos curiosos.

-não querida, temo que não. –tentei explicar.

Ela riu novamente, mas sua risada estava nervosa.

-você lembra... –hesitei. –de quando seu pai foi morto? –conclui.

-aquele homem não era meu pai! –ela reclamou com rispidez, nunca o perdoou pelo jeito que a tratará após a morte de sua mãe. –mas você sabe que não.  Minha mente apagou tudo que aconteceu naquele dia.

Ela estava sendo sincera. Isso era verdade.

-exatamente. Mas se lembrasse, veria seus tios Chris e Zack atacarem o pescoço daquele homem. –prendi seu olhar no meu.

Ela estremeceu com a idéia.

-meus tios não são vampiros! –ela rebateu. –vampiros não existem! –afirmou, mas sem a mesma convicção de antes.

Em uma velocidade que ela jamais poderia acompanhar, eu estava ao seu lado.

Ela se assustou com minha velocidade e com razão. Novamente deixei meus dentes a mostra.

-sim querida. Vampiros existem. Eu sou um deles. Mas jamais lhe farei nenhum mau. –prometi.

Contei a ela tudo: Brad foi mordido e abandonado, dois séculos depois me criou. Vivemos juntos durante quase um século. Até que ele conheceu Angelina e se apaixonaram, ele a mordeu. Com os dois juntos me senti sozinho, então, algumas décadas depois, mordi Zack. O tempo passou novamente e fomos atacados por caçadores de vampiros, entre esses caçadores tinha uma caçadora: Avril Lavigne. Ela e Zack se entregaram a paixão proibida, e ele a mordeu. Avril acabou fazendo amizade com uma humana, Any! Ela mordeu Any e ela entrou pra família. Any, para desespero geral, se apaixonou pelo lobisomem Alfonso. Alfonso, como qualquer lobisomem que se preze, odiava vampiros. Mas quando conheceu Any, nada disso importou. Foi amor à primeira vista, para ambos. Como lobisomens só envelhecem quando param de se transformarem em vira-latas gigantes, Alfonso entrou para a família. Mais alguns séculos e todos estávamos acostumados com sua presença, e principalmente com seu cheiro insuportável. Brad, na intenção de acalmar minha solidão, fez um trato com uma cigana que dava tudo pela imortalidade: ele a transformava se ela nos poupasse das fraquezas vampirescas, como sol e essas coisas. O feitiço funcionou até o coração de May parar de bater. A partir do momento em que ela se tornou imortal, ficamos vampiros “normais” novamente.   Certa vez outro clã nos desafiou, com a ajuda de um dos vampiros desse clã, nos vencemos. E esse vampiro, Chris, entrou para a família. Séculos se passaram e todos estavam felizes, até que chegou a hora de cobrar a divida de Martin e eu a conheci.

-e a sua solidão? –ela me perguntou ingenuamente.

-eu não diria que era solidão, meu ser se sentia incompleto. –expliquei.

-e quando isso passou? –novamente ela perguntou.

-quando eu conheci você. –sorri e ela viu que ainda éramos sua família e que ela sempre poderia confiar em nós.

Daquele dia em diante as coisas ficaram mais fácies.

Três anos depois e May desistiu de achar o feitiço de Martin.

Se é que Martin tinha feito um feitiço, eu só sabia que precisava de Dulce, nada mais.

Lembro como se fosse hoje, estava fazendo uma década que Dul estava morando conosco...

-qual o motivo da comemoração? –ela perguntou desconfiada, apenas em olhar para o rosto de Any.

Any amava festas e coisas do gênero!

-você não lembra? –Any perguntou, em um falso tom ofendido.

- gente! –Dulce exclamou.

-hoje faz 10 anos que você se juntou a essa família! –minha mãe Angelina lhe explicou, enquanto passava seus frios dedos pela face de Dul.

-tudo isso? –Dul perguntou impressionada.

-parece que foi ontem! –exclamei.

-eu amo vocês e sempre amarei. São minha família! –ela exclamou com lágrimas nos olhos.

Vampiros não choram, mas se chorassem tenho certeza de que minha mãe e minhas irmãs teriam derramado lágrimas. Talvez até eu chorasse!

-amo vampiros! –ela exclamou sorrindo.

-hei! –Poncho assobiou.

-ah, e lobisomens! –ela completou a frase e todos riram.

-você está feliz? –meu pai Brad perguntou.

-é claro. Vocês são a melhor coisa que já me aconteceu! –ela exclamou. –obrigada. –agradeceu,

-acho que também temos que agradecer. Você tornou nossa vida melhor, principalmente a de Christopher.  –meu pai disse, como o porta-voz da família.

Dulce me deu um caloroso abraço. Bem, caloroso para mim, já que meu corpo era muito mais frio do que o dela.

-eu te amo! –ela sussurrou em meu ouvido.

-eu também. Pra sempre pequena. –prometi.

-bem, vamos comer? –Poncho praticamente ordenou.

-lobisomens! –Any exclamou.

Poncho fez uma careta e ela colocou a língua pra ele. Logo depois se beijaram!

Dul desviou o olhar.

Com certeza estava pensando sobre se apaixonar e coisas do gênero novamente. Eu já havia explicado a ela que era perigoso. Não só por sermos vampiros. Mas para o mundo todos nós tínhamos que estar mortos!

Sempre tínhamos essas discussões “humanas” em casa.

Quando Dulce fez 13 anos ela pediu para ir à escola, com crianças normais.

Nosso castelo era tido como mau assombrado e os humanos nem ousavam chegar perto. Mas tinha uma pequena cidade nas redondezas, e Dul fazia questão de estudar lá.

Argumentamos de todas as formas possíveis, mas foi inútil. Ela chorou e esperneou. Eu, como nunca consegui vê-la sofrer, acabei cedendo e convenci o resto da família.

Mas namorar era demais.

Ela não poderia trazer um humano para esse castelo! Jamais!

-e o seu presente? –Any indagou animada.

-só tem uma coisa que eu quero Any. –Dul começou hesitante.

-o que? –Any perguntou desconfiada.

Any estava toda feliz, pois tinha comprado um mp5 novinho e cor-de-rosa para Dul, achava que ela ia amar!

Mas Dul não estava tão animada, mesmo sem saber o que ia ganhar.

Por alguns segundos seu olhar encontrou os meus e então ela desviou seus olhos da minha direção.

-o que você quer? –Any pressionou, provavelmente com medo que Dul não gostasse de seu presente.

-eu sei que vocês não concordam comigo, mas –ela hesitou, dava pra sentir o sangue chegar em suas bochechas, fazendo-a corar. –mas eu acho que já está na hora de eu começar a namorar.