Fanfic: Divida de Sangue [TERMINADA]

Eu sabia que qualquer coisa que eu falasse a magoaria, então sai deixando-a sozinha no escritório.

Seu aniversário seguiu em um clima tenso.

Ela completava 18 anos e pedia uma coisa dessas? Era inacreditável!

Mas eu não conseguia ficar bravo com Dulce, então quando ela veio até mim naquela noite, conversamos...

-você está bravo comigo? –ela perguntou, ajoelhando-se próxima a meu caixão.

-e eu consigo ficar bravo com você? –perguntei sentando-me.

-hoje você fez parecer que sim. –ela me acusou.

-eu só estou preocupado, você sabe. –me defendi.

-ele não vai contar o segredo da família! –ela ainda lutava por seus argumentos.

-claro, ele não sabe os segredos da família. –não era uma pergunta e sim uma ordem.

-não. –ela hesitou. –agora não. –eu a encarei. –mas caso um dia eu venha a me casar, não estou dizendo que é com ele, meu marido vai ter que saber o segredo. –ela me encarou. –ou você prefere que eu fique longe e nunca mais volte? –ela desafiou.

Ela sabia que eu não conseguia ficar longe dela.

-isso é injusto. Você sabe que eu preciso de você. –acusei.

-e eu também preciso de você. –ela disse, entrando em meu caixão.

Ela deveria ser a única humana da história a dormir em um caixão.

Isso começou quando ela tinha 14 anos e passou a ter pesadelos com o dia em que meu clã matou seu pai. Na época em que os pesadelos começaram ela evitava até olhar para nós, nos temia. Menos eu. Então, à noite, ele ia até o meu caixão e deitava comigo lá. Meu pai até comprou um caixão novo, com furos para ela respirar. Porque é óbvio: Tem medo de vampiros? Pois se esconda no caixão de um!!! Com o tempo ela foi vencendo o medo e se acostumando a dormir sozinha. Mas em noites de tempestade ou coisa do gênero, ela sempre passava para meu caixão. Ou quando brigávamos, coisas raras, que só aconteciam mesmo por causa de suas fraquezas humanas.

Puxei a tampa do caixão e a abracei lá dentro.

Sua respiração, seu coração batendo e o sangue correndo em suas veias assim tão perto seria tentador para qualquer vampiro, menos par mim. Pois para mim sua vida valia mais do que qualquer coisa. Eu só queria vê-la feliz, e se isso significava ter outro humano na família...que seja!

-tudo bem. Darei uma chance a ele! –prometi.

Ela me apertou em um abraço, no pequeno espaço de meu caixão.

-obrigada. –ela sussurrou.

-sabe Dulce, eu entendo você. –confessei.

-jura? –ela perguntou espantada.

-sim. Vocês humanos dão tanto valor ao amor homem e mulher. Chegam a só pensar nisso. –suspirei.

-você sabe que não é do amor físico que estou falando. Você jamais pensaria algo desse tipo de mim! –ela brigou. –estou falando do amor que une duas almas em uma só. –ela explicou.

-você está me saindo muito romântica, pequena. –brinquei.

-humanos! –ela exclamou em tom de brincadeira também.

-humanos! –concordei.

E assim ela dormiu, abraçada a mim. E eu também dormi. Tranqüilo por ela estar ali, comigo e segura.