Fanfic: Minha metamorfose involuntária
Existe algum modelo de perfeição? Existe alguma regra que nos diz como deve ser
a vida? A resposta para tudo isso é: não. A vida é totalmente irregular. Se
você faz algo e se sente bem com aquilo, não há motivos para mudar. É uma pena
que isso nunca serviu para mim.
O fim do ano se
aproximava, já estávamos na metade de Outubro, e eu estava prestes a completar
meus 18 anos. Mais algum tempo e eu já estaria fora de casa, seja trabalhando
ou fazendo uma faculdade. Eu não sabia bem ao certo qual profissão seguir,
embora tivesse uma “paixão” pela arte de escrever. Meus pais eram pessoas
maravilhosas, não havia uma queixa sequer contra eles, apesar de ter uma educação
religiosa rigorosíssima e ser privada de certas coisas comuns à minha idade.
Segunda Feira, 25 de
Outubro, eu estava atrasadíssima para ir à escola, juntei meus materiais e
vesti a primeira coisa que eu vi no guarda roupa. Saí correndo para pegar um
ônibus, e felizmente ainda cheguei antes do professor chegar:
– Monik – alguém me chamava – me espera. – era Sophie, minha melhor amiga.
– Oi Sophie. Atrasada também?
– Muito. Acordei tarde demais. Fiquei assistindo o...
– ...show do Jimmy Gramme. – eu completei.
– É, você viu também?
– Fiquei vendo um pouco. Eu sabia que você gostava, então assisti um pouco, e
achei muito bom.
– Ele tem umas músicas lindas. É um jeito só dele de falar sobre amor.
– Pois é. Meio água com açúcar, mas eu gostei.
– Bom dia, garotas – era sr. Winster, o professor de Biologia – vamos entrando?
– só nós duas estávamos para fora da sala.
– Vamos sim, professor.
Biologia,
minha matéria favorita. Eu adorava estudar. Era algo tão gratificante, me fazia
tão bem, eu me sentia tão completa, ao contrário dos outros alunos. Parecia que
ninguém se importava com os estudos. Muitos só queriam saber de ficar
bagunçando, dormindo ou transando pelos lugares vazios da escola. Sim, essa era
uma prática comum naquele lugar.
O tempo passou muito
rápido, quando me dei conta já estava arrumando os materiais para ir embora. Eu
esperei Sophie terminar os exercícios que faltavam para ser entregues ao
professor. Não demorou muito para já estarmos no caminho para casa:
– Ai Monik, que dia lindo. A gente poderia dar uma volta pela cidade hoje, não
acha?
– Acho que hoje não vai dar, So. Eu vou almoçar e ir correndo pra igreja.
– Por quê? Ta de castigo?
– Não. Já faz um tempo que eu prometi ao reverendo que iria ajudá-lo a dar uma
organizada lá, e acho que chegou esse dia. Você entende, não?
– Claro. Ás vezes eu queria ser como você. Uma pessoa tão boa, com um coração
lindo.
– Eu não me vejo assim. Eu só gosto de ajudar os outros. – eu chegava em casa –
Sophie, eu já vou entrando. Nos vemos mais tarde.
– Claro.
É engraçado ouvir Sophie
dizendo que eu sou uma pessoa boa. Eu, sinceramente não me via assim. Nunca fui
boa de fazer auto-crítica, então acho que ela até poderia ter razão. Mas isso
para mim era natural. Eu gostava de ajudar os outros.
Cheguei até em casa,
almocei com um pouco de pressa, pois pretendia ir até a igreja o mais rápido,
acabei engolindo a comida quase sem mastigar, consegui sentir um pedaço de
carne quase inteiro na garganta que foi ajudado a descer graças a um gole de
suco de limão. Meus pais, como sempre, não estavam em casa, – minha mãe era
professora univesitária. Ela lecionava no curso de Arte, mais precisamente
sobre a história da música. Já meu pai era CEO de uma agência de publicidade. Então
eu deixei a casa meio arrumada, logo eu voltaria e organizaria direito.
Fui andando tranquilamente
pelas ruas, apesar de querer chegar logo. Eu adorava essa cidade, calma,
pacífica, sempre me trazia uma sensação boa andar pelas ruas. Ao chegar à igreja
eu não encontrei ninguém. Provavelmente o pastor Roy não estava.
– Pastor – eu o chamava sem saber onde estava – o senhor está aí?
– Monik – ela saía por debaixo do altar – boa tarde. Me desculpe, eu estou
arrumando esse velho altar.
– O senhor aguenta? – o pastor Roy era um homem de 85 anos com saúde um pouco
debilitada, havia sofrido um infarto recentemente.
– É claro, minha filha. Não se preocupe.
– Tudo bem, eu vou dar uma varrida por aqui.
Aquele
lugar precisava realmente de uma faxina. O pastor Roy mal conseguia fazer isso.
A idade avançada e a fraqueza no corpo o impediam de muita coisa, por sorte eu
estava lá para ajudá-lo. Quando o relógio marcava 17h já estava tudo pronto.
– Não sei como agradecê-la, Monik – ele me entregava uma nota de 20 dólares –
tome, para você, como gratidão.
– Não, pastor. Por favor, não me dê nada. Eu não cobraria para fazer algo
assim. Eu fiz por minha vontade.
– Mas você passou um bom tempo aqui quando poderia estar...
– Eu tenho certeza de que Nosso Senhor vai me retribuir de alguma forma.
– Tudo bem, filha. Nisso você tem razão. Eu fico feliz em ver você tão disposta
ajudar os outros sem receber nada em troca.
– Foi assim que fui criada. E isso eu devo ao senhor também.
– Mas com certeza seus pais têm participação maior nisso.
– Pois é. A propósito, já está ficando tarde. Meus pais devem estar
preocupados. O senhor precisa de mais alguma coisa?
– Não, filha. Pode ir.
– Eu venho ajudar o senhor amanhã a tarde, pode ser?
– Como você quiser. Eu agradeço de coração.
– Então ta, tchau.
– Tchau, Monik.
Eu me sentia muito bem.
Ajudar alguém parecia ser um remédio para a alma. O pastor Roy precisava mesmo
da minha ajuda. Eu viria com mais frequência, pois agora a escola estava menos
puxada e eu teria mais tempo disponível.
Fui para casa, minha mãe
já havia chegado. Ela estava olhando alguns papéis e não havia me visto chegar.
– Oi mãe. – eu a cumprimentava enquanto guardava minha bolsa. – algum problema?
– Não, filha. Pelo contrário. – ela pegava um papel – eu tenho uma surpresa
para você.
– Surpresa? O quê?
– Eu consegui um dinheiro extra no serviço hoje.
– Nossa. Que bom.
– Mas não é isso que eu tinha para falar – ela me dava o papel – veja.
– UAU – era um pacote de viagem para boa parte da Europa. – mãe, não acredito.
Mas não é caro?
– Não, filha. Eu conversei com o seu pai e ele concordou em deixar você ir. Então
nas suas férias você vai. É seu presente de aniversário.
– Nossa, mãe. Obrigada mesmo – eu a abraçava.
– A propósito, você pode levar alguém.
– Só uma pessoa?
– Sim.
– Ou você ou o papai.
– Não, filha. Eu acho que você deveria chamar uma amiga. A Sophie, por exemplo.
– É mesmo. Eu vou ver com ela amanhã. Mas não sei se a Sophie vai querer
conhecer a Europa. Ela é tão patriota.
– Não custa nada perguntar. E como foi na igreja hoje?
– Foi ótimo. Eu estou gostando de ir lá. Eu vou fazer uma coisinha para comer e
conto tudo para a senhora.
Viajar para Europa. Era um
sonho que estava se tornando realidade. Em poucos meses eu iria para lá. Seria
o melhor presente da minha vida.
Autor(a): mrwriter
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