Fanfic: O Diário de Brunna
Eles diziam que queriam me entender, mas eu não queria os fazer entender, não fiz todas aquelas bobagens para ser entendida, porque nem eu mesma me entendia.. Era tudo confuso no início, mas tudo estava da mesma forma de sempre; chato e irregular! Aquilo era como uma facada por dentro, ou então a mais forte das bebidas que descia me queimando à dentro. Então entrei de cabeça e nariz no mundo das drogas, a quetamina foi adicionada, crack, também. Cheirar, queimar, fumar... Diversos modos de entrar num vício. Lembro-me que, eu acordava com uma “sede” insaciável, mas eu sabia bem que não era sede de líquido, era muito além disso. Então eu saía de qualquer jeito, mas, na maioria das vezes com mochila do colégio, para que não ficasse tão na cara que eu me tornei uma viciada em drogas. Inventava qualquer desculpa para a minha mãe e sumia deles, era o máximo que eu conseguia fazer, sumir por algumas horas, mas da vida, para sempre, não. Mas vontade nunca faltou. É cruel dizer isto, mas, se fosse para libertá-los de mim, aconteceria.
Cabelos bagunçados pelo vento, uma blusa branca ou cinza do uniforme escolar, uma calça jeans azul claro e um all star branco ou creme, aquilo sim era uma prova visível de uma estudante à caminho do colégio. Mas em vez disso eu ia em becos, ou até mesmo em apartamentos desconhecidos da letra “A”, ficar com os meus ‘amigos’. É como na infância, você se sente sozinho em meio de milhares de brinquedos, mas algo ainda falta, amizade e companheirismo. Então você entra num mundo invisível, aonde todos os seus amigos são invisíveis.
Para mim só existia a droga naquele lugar, apesar de não ser a única à estar usando naquele local, eu me sentia só. Eu rodava a cabeça, ria sozinha, chorava, sussurrava, cantava baixinho, enquanto na minha cabeça flashes back`s passeavam como um filme rápido, aquilo era uma aproximação à morte? Era tantas lembranças, perguntas e sentimentos, imagine, você, sozinho, num mar aberto, com ondas imensas formando-se, o céu muito escuro e nublado, uma tempestade terrível acontecendo, e você sem poder reagir, esperando sua morte... Mas em vez de morte, era sentimentos, medo, ira, dor, alegria, amor e raiva. Você nunca sabe o que pode acontecer após um uso de drogas, após a quinta vez, eu não conseguia mais parar, em meio à madrugada, eu não dormia nada, sentava na cama e abraçava os joelhos, encostava a cabeça neles e balançava-me. O quarto e a casa toda escura, apenas a janela do meu quarto que permanecia aberta, com o vento invadindo tudo e a luz da lua e estrelas iluminando-me.
Por mais que eu me sentisse especial, aquela luz não era para mim. Eu estava me tornando algo que nem eu mesma sabia dizer, tinha medo de morrer à qualquer momento, seja assassinada ou por uma overdose, sei lá o quê. Eu estava mudando. Eu sabia, eu sentia. Eu não dormia mais, meu apetite estava desaparecendo, meu humor se alterava rapidamente, miose da pupila, a minha pressão se alterava, meu rosto e pescoço estavam muito vermelhos e quentes. Os ‘efeitos colaterais’ estavam começando. Céus, eu pensava por noites. O que farei?
Perguntas, sem respostas alguma, martelavam bem na minha mente, a minha cabeça rodava, meus olhos ardiam e eu não sabia o que eu iria fazer.
Mas agora era tarde, eu já entrara num mundo aonde eu pensei que fosse meu lugar, mas as aparências enganam, e muito bem. . .
Autor(a): julyte
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