Fanfic: Inimigos de uma aposta

Vou começar então pelo que aconteceu naquela manhã de terça-feira no refeitório, assim que eu passei da porta. Eu não estava de bom humor, na verdade, eu tinha acordado com uma enxaqueca braba e tudo por causa do que acontecera antecedentemente. Meu nariz estava inchado e eu espirrava a cada momento… tinha que cuidar pra não fazer isso encima de alguém… juro, seria horrível… mas não garanto nada… procurei pelo meu “namoradinho” na mesa que sempre estávamos, mas não o vi… para a minha surpresa, fui apanhada por ele com um beijo tarado, no meio de toda aquela gente e o FDP fazia questão de se aproveitar da situação e me sufocar com suas caricias atrevidas e sua língua vivípara.  Depois que nos separamos para respirar, eu o encarei muito fula e ele me ignorou, sorrindo cinicamente, enquanto me guiava para um novo lugar, ou seja… se antes sentávamos com as fãs loucas dele… agora estávamos sentados na mesa dos “amigos” dele. Todos me olhavam como um pedaço de bife e eram todos pervertidos, pelas suas caras depravadas. Juro que naquela hora, quis renunciar a aposta e sair correndo dali… claro que eu pensei direito e não fiz isso… até porque tinha certa curiosidade em saber que tipos de garotos eram aqueles… bem… pra começar, sendo amigo do Shynaider boa pessoa não é… segundo… seus corpos delatavam que já eram homenzinhos (com direito a barba, voz extremamente grossa e olhos provocantes).

Eu estava perdida.

Bem, contando eu e o Shynaider… no total éramos seis naquela mesa… SEIS! Tem noção? Eu fui bombardeada por garotos que nunca sequer dei “oi”… e tudo por culpa do desgraçado do meu namorado! Saco viu…

- Então moça – começara um deles a me dirigir a palavra – Você era de outro colégio, não é mesmo?

- Era – eu respondera, sem animo algum.

- Meu nome é Calmon Scott, esse é Alex Slyter – apontara para o único moreno ali. – Esse é Marcio Brown – um rapaz de olhos verdes me sorrira – E por último Jeremy Reynaud – e este me acenara.

Fora Calmon que era loiro igual Shynaider e de olhos bem azuis, tinha o Alex, que eu achei super gentil, alem de lindo é claro… já o Marcio eu percebi que ele tinha os olhos verdes mais esquisitos que eu já vira na vida e seu cabelo ruivo era quase loiro, muito lindo ele por sinal… e o Jeremy tinha um ar de democrata e era tão elegante, que pensei estar na frente de um garoto educado… pela primeira vez. Ele tinha olhar mel que se misturava num azul bem clarinho quando ele ria… um garoto lindo, concluiu… que infelizmente estava com os meninos errados… mais isso foi relevante.

- Roberta? Estou certo? – me perguntara Marcio, sorrindo. Eu assenti – Está gostando de estudar aqui ou só veio pra cá por causa de Shynaider? – os garotos riram e eu olhara maliciosamente para Dieguinho, que pareceu também me sorrira.

- Na verdade, Shynaider e eu começamos a namorar faz pouco tempo… mas foi coincidência eu vir estudar no mesmo lugar que ele.

- Ela me disse que eu sou o presente que ela pediu ao papai Noel – dissera Shynaider, os fazendo rir. Eu o cutuquei, mas o filho da mãe não me deu bola! Tive que engolir essa…

- O Shynaider tem uma sorte… só arruma garotas bonitas – dissera Calmon com malicia. Eu fiquei meio ligada… sabe como é… tem que se tomar cuidado com os meninos de hoje em dia.

- Sorte dele foi “eu” ter dado uma chance – eu disse com orgulho, sorrindo, e já vendo que não afetara em nada o humor cítrico dele.

- Opa… quer dizer que foi assim então… mas e ai, Shynaider, só tá com ela ou tem mais outras? – perguntara Jeremy, nem sarcástico e nem sério. Esse menino eu não tenho como definir.

- Essa é das brabinhas. Se eu pular a cerca, me estripa! – os garotos riram e me apoiaram, disseram “isso… você tá certa”… e a minha cabeça estava dando voltas, até que Alex fizera um comentário que me deixou corada.

- Já deu um tapa na bistéca, Shynaider? – juro… achei que tinha levado um soco no estômago…

- Que tipo de pergunta essa, Alex! Da vida sexual da MINHA namorada, eu não vou falar – dissera Diego, passando um braço possessivamente envolta da minha cintura… acho que ele estava se arrependendo de ter me levado até ali… os meninos eram muito curiosos.

- Ah, cara… você sempre contou tudo pra gente! – reclamara Calmon, zombeteiro.

- Mas essa é oficial – e Shynaider mostrou a aliança, vendo os companheiros fazer comentários estranhos… tipo “Ah, veio… foi mal… desculpa… nem sabíamos que já estava assim… tão sério”… que horror… eu queria poder me transfigurar e sair voando dali.  Homens!

- Então… largou o restante da mulherada, Dieguinho? – perguntara Jeremy.

- Por enquanto… - respirei fundo antes de segurar o queixo do “meu” namorado e fazer ele me encarar.

- Nem ouse a brincar comigo. Você não sabe do que eu sou capaz! – e o soltara com brusquidão, tirando risadinhas de deboche dos meninos… Dieguinho apertou mais seu braço entorno de mim e eu fiquei tentada a retirar minhas palavras… o meu nariz estava prestes a espirar novamente… mas eu o segurei com sucesso…

- Oh Dieguinho, sua namorada ta resfriada… você não percebeu não? – dissera Alex e isso fez com que o loiro asqueroso me olhasse direto… e vejam só… ele percebeu que o meu estado e me deu um beijinho na bochecha… nisso ele notou que eu estava com febre… e eu também, porque não tinha percebido… mas o pior de tudo ainda continuava sendo a enxaqueca… coisas que em um segundo sumiram… pois Dieguinho disse um feitiço e passou o dedo no perfil do meu rosto… minha nossa… tudo melhorou naquele instante e claro… como gratidão o loiro FDP me beijou com vigor, nem dando tempo pra eu assimilar as coisas… mas logo se afastou… me deixando desnorteada. Droga de garoto!

- Pronto… como está se sentindo? – ele olhara pra mim e parecia… carinhoso? Não… eu deveria ter bebido o flúor do gargarejo… só pode!

- Ah… sim… bem…

Tive que respirar umas quantas vezes… e depois disso, os garotos voltaram a conversar… sinceramente, pensei que aquilo iria ser o fim do mundo… mas não foi… eles eram tão engraçados… tão sem noção e filhos da PUTA de bonitos… que eu não consegui contar o riso… e eles pareciam me aceitar… diferente das meninas, pois todas faziam questão de me dar àquela olhada “sua piruá desgraçada, roubou o nosso partido”… que eu poderia fazer? Shynaider e eu éramos arquiinimigos que apostaram algo… será que depois que eu ganhar… deveria explicar pra elas?… talvez eu faça isso… (anotem)… depois da cena do refeitório… fomos pra sala de aula e dessa vez, Shynaider se sentou ao meu lado… não preciso nem dizer o que aconteceu… ou será que faço um resumo?… começando pela parte que ele não parava de me alisar… eu fiquei muito estressada… tive vontade de gritar… de jogá-lo longe… mais acha que eu pude?… não… nada fiz, porque ele me mostrava num papelzinho o que iria fazer… caso eu o delatasse… bem, não vou entrar em detalhes do que era a ameaça… respirei fundo umas quantas vezes… e os professores pareciam aborrecidos com o nosso comportamento… ou melhor, com o comportamento de Shynaider e ele abusava ainda mais… resumindo… o loiro de farmácia me roubou vários beijos nada românticos… passou a mão em mim… eu dei um tapa na cara dele e sai correndo… isso tudo numa manhã só!

Na hora do almoço… eu quase tive um enfarte… sabe o que o idiota FDP asqueroso fez?… me deixou sozinha com as três cadelas que sempre nos seguiam e levou Davi pra sentar com ele na mesa dos “rapazes”… ai que ódio!… e as bruacas ficaram me encarando com tédio, nojo… e eu fiz o mesmo… ainda sem saber direito no que estava me metendo… um dia aquele filho da PUTA ainda me paga! Vão ver só!

- Olha, minha filha – começara a ruiva a me dizer. Eu me fiz de interessada. – Tá certo que a gente odeia você, porque, até então, o Dieguito vivia dando atenção pra gente, mas… essa rivalidade entre nós tem que ter uma trégua!

- Ai Briti! Você enlouqueceu?! – perguntou a loira que estava do lado dela. E eu também achei que a ruiva ou “Briti” tinha pirado. Quase engoli meu bolinho de arroz sem mastigar… - Ela é nossa inimiga!

- Verdade, Briti! Você não pode se juntar a essa ladra! – dissera uma morena, resignada. Só pela conversinha delas eu pude perceber que eram as meninas descerebradas que morriam de amores pelo playboy da escola. Quase dei risada.

- Bem, a loira é a Verônica ou Verô e a morena se chama Carmem ou “Carmelita” – dissera Briti, olhando pra mim como se fosse um ET. – Já que não podemos ser amigas… pelo menos vamos negociar um pouco.

- Como assim? – eu quis saber, porque elas estavam tão eufóricas agora, que me assustei.

- Você decide os dias que o Dieguito pode ficar com a gente… tipo… dividi-lo conosco! – e a minha cara quase foi ao chão… há, eu não acredito… então essas lambisgóias estavam falando comigo por causa disso? Por que queriam passar um tempinho com O MEU NAMORADO?! MAIS ELAS QUEREM ME PROVOCAR, NÃO É MESMO?… olhei pras três com cara de poucos amigos… o tempo havia fechado pra mim… nem Briti, nem “Verô” nem “Carmelita” se dariam bem nisso.

- Vocês estão se drogando ou o quê? – elas arregalaram os olhos pra mim e eu fiquei encarando-as com desdém – Se estão achando que vou dividir meu namorado com piruás oferecidas que nem vocês, podem esquecer! Nem se eu estivesse louca! – fechei os punhos sobre a mesa antes de sair dali, lançando um olhar de “Você me paga” para o MEU namorado e fui vegetar perto do campo…

Realmente… eu não tinha folga.