Fanfic: Inimigos de uma aposta

A semana inteira os dois haviam discutido, brigado e sendo os mais insuportáveis possíveis um com o outro. Fora os beijos roubados… que Roberta não gostava muito de lembrar.

A chuva caia estrondosamente lá fora, isso numa tarde de segunda-feira, depois das aulas mais chatas que existiam: história, matérias fétidas e feitiço teórico. Todas que precisavam escrever e escrever… era impossível não cochilar com os professores falando. Quase nenhum aluno conseguia fazer os deveres de casa, e pelo menos nisso Roberta se mostrava responsável.

Ela estava sentada na mureta, escorada numa pilastra, observando os pingos de chuva cair numa poça. Não havia vento, mais estava frio. E tinha escolhido ficar bem num corredor que rodeava o colégio todo, com circulação de alunos a todo minuto por ali. Ninguém se atrevia a falar com ela, o que ajudava na sua solidão. Estava pensando seriamente em desistir do namoro, mas algo a fazia mudar de idéia, porque no geral ela não tinha muitos companheiros mesmo.

Diego a viu sentada ali, sozinha e triste. Já estava procurando-a tinha um bom tempo. Roberta não dera atenção pra ele nem nas aulas e no almoço não tinha tocado na comida. Sua rival estava parecendo cansada de tudo e isso não era bom.

Mesmo sem saber o real motivo, ele estava ali, com uma bandeja cheia de guloseimas para os dois. Tinha que obrigá-la a se alimentar, nem que fosse só com doces.

Se aproximou com um sorriso e sentou de frente pra ela, colocando a bandeja no meio dos dois. Roberta sequer o olhou, apenas suspirou, murmurando algo inaudível.

- Um presente pra você – disse ele, pegando um suspiro* e comendo-o. – Roberta… Robertaaaaaaaaa…

- Pára com isso… - ela pediu, virando a cabeça para fitá-lo. – O que é isso, assaltou os armários da escola?

- Na verdade eu peguei um pouco na hora que você saiu do refeitório. Eu vi que a senhorita não comeu nada.

- Preocupado comigo?

- Até parece… só não quero que minha inimiga perca as forças e saia desmaiando pelos cantos. Vai ser chato ganhar a aposta assim – e pegou outro doce.

- Que exagero… - disse ela, rindo de leve.

- Pelo menos você não está de mal-humor, o que é um milagre.

- Mas posso ficar, já que estou na sua frente – e não se contendo, ela escolheu um chocolate com castanhas e pôs-se a degustá-lo. – Mmm… que delicia…

- Eu sabia que você não se negaria a comer doces – sorriu o loiro, satisfeito.

- Não vou desperdiçar sua boa vontade por se preocupar comigo.

- Já disse que não é preocupação… - ele revirou os olhos. – O que andou fazendo depois do almoço? – desviou a atenção para algum ponto lá fora.

- Interessado, Dieguinho?

- Curioso, apenas…

- Fui entregar a redação e…

- Droga! Me esqueci da redação! – disse Dieguinho, encarando-a. – Eram muitos treinos e…

- Festinhas particulares? – se atreveu ela a dizer.

- De onde tirou isso? – perguntou ele, confuso.

- As meninas andaram comentando…

- Mas eu não fui a nenhuma festa, Roberta. Eu juro! – ela deu risada.

- O que é isso afinal? Não sou sua dona… faça o que bem entender.

- Espera, você disse pra mim que não era pra abusar da sua boa vontade… quero dizer, me impôs as regras… nada de ficar com outras garotas.

- Você está levando o nosso namoro a sério demais, Diego. Não estou gostando disso – disse Roberta, pegando outro chocolate, só que agora coberto com pasta de amendoim. – E tem mais…

- Espera – ele a interrompeu, com olhar intrigado. – Você andou cometendo algum deslize? – viu a expressão confusa que ela fez. – Senão, porque estaria me liberando da fidelidade?

- Pra você ver que não me importo com o “nosso” relacionamento. Talvez não seja justo eu…

- Roberta! – chamou-a uma voz masculina. Tanto ela quanto Shynaider olharam para o garoto de porte alto e cabeleira castanha. – Você esqueceu sua agenda na sala. Vim devolvê-la. – ele entregou a ela.

- Obrigada… como se chama?

- Murilo Thomas – disse ele, sorrindo. E o gesto fez Shynaider fechar a cara, se escorando na pilastra, apenas observando.

- Você está fazendo o curso de ACORAN? – perguntou Roberta, tentando não olhar para Diego.

- Estou sim… acabei de sair de lá e… bem, tinha achado a sua agenda…

- Sabe, eu estava precisando de um companheiro para fazer o curso e… você já se inscreveu… poderia me ajudar a entrar… digo, se não se importar de me ajudar com a matéria também… – concluiu timid

amente.

- Por que não me avisou que queria um companheiro? – perguntou Shynaider, mal-humorado. – Eu teria ido ao curso com você! – fitaram-se.

- Achei que estava ocupado cuidando de outros assuntos! – disse Roberta, acusando-o.

- Eu jamais estaria ocupado demais pra você.

continua....