Fanfic: UM PEQUENO FAVOR AYA finalizada

Na manhã seguinte, Anahí estava dando banho em Gabriel quando o telefone tocou.

Murmurando sua irritação, ela ignorou o som até que tivesse enxaguado o bebê e o enrolado na toalha. Quando isso aconteceu, o telefone já parara de tocar, então deitou Gabriel para colocar a fralda nele. Assim que acabou a tarefa, o telefone começou a tocar de novo.

Rapidamente, enrolou Gabriel em uma manta e correu para atender ao telefone sem fio.

― Alô ― disse ela um pouco exasperada. Tivera uma daquelas noites horrorosas em que não conseguia pregar o olho. Com a saída de Alfonso, sua insônia voltara com força total, e ela estava totalmente esgotada por não ter descansado nada.

― Ah, você está aí. Estava achando que já tinha saído para o trabalho.

Seu coração se apertou ao escutar a voz da colega de faculdade Angelique do outro lado da linha. Droga. Hoje era o almoço semanal no Longhorn. O que ia fazer? Não poderia encarar Alfonso. Não hoje.

― Oi, Angelique. O que houve? ― perguntou ela tentando desesperadamente manter sua voz calma e natural. O que era um esforço ainda maior já que estava com o nariz entupido por causa das lágrimas da noite passada.

― Só estou ligando para ver se você vai poder ir ao almoço hoje. E se ainda não tomou café da manhã, não tome. Quero que divida o brownie comigo. Lembra?

Uma sobremesa calórica era a menor de suas preocupações, pensou Anahí.

― Hã... não sei, Angelique. Aconteceu uma coisa.

― Você está doente? ― logo perguntou a loura.

― Não, não. Nada disso.

― Ah, então é o trabalho. ― Angelique foi rápida em presumir. ― Sinto muito, Anahí. Não consegue sair nem por meia hora? Queria saber como estão as coisas com você desde que Rodrigo deu o fora.

Anahí quase engasgou com algo entre um soluço uma gargalhada.

― Angelique, escute, eu realmente acho que não vou conseguir ir ao almoço hoje. E não é por causa do trabalho. Na verdade, tirei uma licença do trabalho.

― Humm. Que vida boa ― implicou Angelique. ― Então qual é o problema?

― Alfonso. ― Houve uma longa pausa, depois Angelique disse com uma voz sufocada.

― Ah?

Anahí podia imaginar os lábios vermelhos da outra mulher contraídos em desaprovação.

― Sim. Nós... tivemos uma discussão. E eu realmente não quero me sentar na mesma mesa que ele agora. Se é que me entende.

― Meu Deus. Deve ter sido uma briga feia ― exclamou Angelique. ― O que houve? Eu vi vocês dois no estacionamento conversando depois do almoço. Foi quando vocês brigaram?

Gabriel estava comendo a mão e começando a ficar inquieto de fome. Em uma tentativa de acalmá-lo, Anahí colocou-o em seu ombro.

― Angelique, é uma longa história. E não quero realmente contá-la por telefone.

Nesse momento, Gabriel estava soltando um grito de impaciência e, naturalmente, Angelique escutou.

― Anahí, estou escutando um bebê na sua casa? ― Anahí suspirou. Talvez fosse bom se encontrar com Angelique e tirar um pouco desse peso terrível de seus ombros, pensou. Sempre contara seus problemas pessoais para a amiga, não devia se importar que Alfonso era amigo das duas. Falar com Angelique seria muito mais fácil do que encarar sua mãe ou suas irmãs neste momento. A última coisa que queria era que sua família descobrisse que perdera outro homem.

Ah, bem, pelo menos tinha uma coisa boa no fato de Alfonso ter ido embora, pensou Anahí de forma sombria: não precisaria pagar nenhuma prenda para as irmãs agora.

― Sim. É Gabriel ― respondeu ela. ― Ele tem três semanas e sou a mãe adotiva dele por enquanto.

― Anahí! ― gritou Angelique surpresa. ― Quando isso aconteceu? E por que não me ligou?

A paciência de Gabriel chegara ao fim. Seu rosto estava vermelho e ele estava berrando tão alto no ouvido de Anahí que ela mal conseguia decifrar as palavras de Angelique.

― Desculpe, Angelique. Tenho de desligar o telefone. Encontro você na lanchonete por volta de meio-dia, ok?

― Não perderia por nada ― garantiu Angelique.

Estará chovendo, pensou Alfonso, enquanto entrava na área coberta do estacionamento do Aeroporto Internacional de São Paulo. Não gostava de voar quando estava chovendo, nem em um grande avião. Mas pela primeira vez em anos, ele conseguira se organizar para não trabalhar no final de semana, e como não tinha mais nada para fazer, decidira ir para Rio ver seus pais. O aniversário de seu pai seria apenas na outra semana, mas ligara e avisara sua mãe que só poderia ir neste final de semana.

Dentro do terminal, Alfonso esperou até o último minuto para embarcar. Mais tarde, ficou satisfeito por não ter tido tanta pressa em entrar no avião. O vôo atrasou quarenta minutos por causa de raios. Um atraso maior do que a própria viagem para o Rio.

Para passar o tempo, Alfonso descansou a cabeça no encosto do assento e tentou dormir. Tivera uma semana difícil no trabalho com tudo acontecendo, desde aceitar um cliente acusado de assassinar a esposa até bandidos implorando a sua ajuda para saírem da cadeia, e ainda uma mulher que queria processar o ex-marido por ter pego seu gato.

A quem estava querendo enganar? perguntou-se Alfonso. Tinha esse tipo de movimento no escritório toda semana. Normalmente, sobrevivia ao caos e até gostava das tiradas de Pauline. Ela lhe dava motivo para rir. Mas esta semana, sua secretária lhe tirara do sério e ele acabara gritando com ela de quinze em quinze minutos.