Fanfic: UM PEQUENO FAVOR AYA finalizada

Maria balançou a cabeça enquanto Dulce e Maite se olhavam com as sobrancelhas arqueadas.

― Vocês discutiram? ― perguntou Maria.

Anahí soluçou.

― Não, mãe. É pior que isso. ― Antes que pudesse mudar de idéia, ela começou a contar tudo sobre Alfonso ficar na casa dela, sobre como se apaixonou por ele, sobre a discussão deles e, finalmente, sua partida.

Quando acabou, sua mãe estava chorando enquanto suas irmãs falavam sobre homens que não eram uma boa.

― Anahí, isso é horrível ― disse Maria fungando com tristeza. ― Horrível mesmo. Eu tinha esperança de que você e Alfonso ficassem juntos. Vocês parecem feitos um para o outro.

Suspirando, Anahí se levantou, levou seu prato para a pia da cozinha e começou a lavar as louças que já estavam empilhadas lá. Tinha de movimentar seu corpo, fazer alguma coisa ou então tinha certeza de que desabaria.

― Eu também achei, mãe. Mas não era para ser. Alfonso não quer ser um homem de família, e seria errado eu tentar mudá-lo.

― Mas ele deve gostar de Gabriel ― raciocinou Maria. ― Por que ele seria tão contra adotá-lo?

Anahí  esfregou um pedaço de ovo seco na borda do prato.

― Ele é adotado, mãe. Lembra?

― Verdade ― disse Dulce. ― Lembro de você falar sobre isso uma vez. Você disse que ele se sentia amargurado porque seus pais esconderam a verdade dele e que você estava tentando encorajá-lo a perdoá-los.

Anahí assentiu.

― Isso foi há muito tempo. E eu acredito que ele perdoou, em grande parte, os pais. Mas não quer ser a pessoa que vai contar a Gabriel que os seus pais verdadeiros o abandonaram.

Maite lançou um olhar preocupado para a irmã mais nova.

― Talvez ele ache que Gabriel vai ter o mesmo ressentimento por vocês que ele tem pelos pais?

Parando de lavar a louça, Anahí olhou pensativamente pela janela acima da pia da cozinha. Seu pai ia e voltava com o cortador de grama e estava curtindo cada segundo daquilo. Embora fosse um homem de negócios brilhante, José era um homem de família. Por tudo que sua mãe já lhe contara, ele sempre quisera ter filhos e quando ela e suas irmãs nasceram, ele acolheu-as com todo o coração. Se, pelo menos, Alfonso tivesse essas mesmas características, pensou ela com melancolia. Talvez assim ele não tivesse conseguido virar as costas para ela e para Gabriel. Mas tinha de lembrar-se que seu pai amara sua mãe desde o início, e esse era o segredo. Alfonso não a amava. Ele só a desejara.

― Não sei ― murmurou ela. ― De qualquer forma, não importa. Vou esquecer Alfonso Calloway. Vou me concentrar em adotar Gabriel. E quanto a Alfonso, ele pode até pular em um rio.

Levantando-se da mesa, Dulce se aproximou e colocou o braço em volta dos ombros de Anahí.

― Querida ― disse ela só para Anahí escutar. ― Você se lembra quando passei por aquele terrível caso de assédio sexual?

― Claro que lembro ― falou Anahí com calma. ― Você comeu o pão que o diabo amassou. Ninguém acreditou em você.

― Exceto você ― disse Dulce com afeto. ― Você acreditou em mim e não me deixou desistir. Então não vou deixá-la desistir e virar uma irmã chorona. Se você ama Alfonso, é melhor ir atrás dele. Fazê-lo ver que vocês três foram feitos para serem uma família.

Anahí afastou o olhar da água e fitou a irmã com olhos cheios de lágrimas.

― Alfonso sempre disse que sou muito mole. Talvez eu deva mostrar a ele que não sou nenhuma manteiga derretida.

― Agora estou gostando de ver, querida ― disse Dulce, então com alegria se virou para Maite e para a mãe. ― Relaxem, vocês duas, fiz com que ela fosse sensata. Ela vai lutar pelo homem dela!

― Já era hora ― murmurou Maite.

― Obrigada, Deus ― disse Maria enquanto fazia o sinal-da-cruz. ― O sonho de Rosita se tornará verdadeiro agora.

Anahí entendeu de que sonho a mãe estava falando, mas não se incomodou em comentar que os sonhos de Rosita eram apenas sonhos. E Alfonso não era um homem que quisesse se casar.

Naquela mesma tarde no Rio, Alfonso estava no jardim dos pais jogando golfe. Nunca fora do tipo de jogar a sério, principalmente porque estava sempre muito ocupado tentando pagar a conta de luz do escritório para que Pauline não precisasse usar um leque. Mas seu pai amava o jogo e gostava de exibir suas habilidades para Alfonso.

― Ei, você não consegue acertar essa ― desafiou Alfonso de forma jovial enquanto assistia seu pai jogar.

Do outro lado do jardim, deitada em uma espreguiçadeira, Ruth  olhava por cima do livro que estava lendo. O dia estava quente e ensolarado, e sua mãe vestia calças capri pretas com uma blusa combinando e óculos de sol brancos com pedrinhas brilhando na armação. Ela parecia algo saído de um filme do James Bond, e Alfonso percebeu que, junto com Anahí, sua mãe era a mulher mais linda e adorável do mundo. Por que levara tanto tempo para perceber isso?