Fanfic: Vidas Cruzadas

Logo a noite caiu. Sentado na janela de seu quarto, Michael
escrevia, ninguém sabia que ele tinha um diário e que ele escrevia.


“Hoje foi um dia normal, a cada minuto sinto odiar mais o
clima dessa cidade, o calor é quase insuportável. Tive mais uma briga com o meu
pai, tenho a certeza de que ele nunca me entenderá, mas não o culpo, ele tem se
esforçado ao máximo. Hoje fiz besteira de novo, toquei o alarme de incêndio no
colégio, não sei porque fiz isso, eu sabia que o diretor ia me culpar, talvez tenha
sido esse o motivo. Todos na escola ficavam me olhando, me encarando, me
julgando, como se me conhecessem, mas ninguém sabe nada sobre mim, ninguém sabe
nada sobre a minha vida, sobre meus pensamentos. Nada. A Kara continua uma
gata, ou melhor está mais gata do que a última vez que eu a vi a 3 anos atrás,
mas continua irritante e mimada, não consigo sentir nada por ela, nem mesmo uma
amizade. O cara da oficina de motos parece ser um cara legal, meio bobão, mas
todos nessa cidade são, espero poder voltar a dirigir minha moto já na segunda,
muitas saudades de andar por aí despreocupado. Esbarrei em uma garota hoje, ela
era muito linda, mas ao mesmo tempo seu olhar era forte e intimidador, quase me
fez pedir desculpas a ela, eu teria feito isso se o amigo dela não tivesse
chegado pra defende-la, mas acho que assim foi melhor. Meu pai deve chegar
daqui a pouco em casa, com certeza deve esbravejar algumas palavras
mal-educadas pra mim, mas faz parte da nossa rotina. Cada vez me sinto mais
sozinho, mais vazio e sinto que começo a gostar disso. Não consigo mais me
aproximar de ninguém, meus poucos amigos ficaram na outra cidade, mas nem posso
considerar eles amigos de verdade, eles só andavam comigo pra aprontar e zoar,
mas mesmo assim era bom ter algum rosto conhecido por perto. Espero que amanhã
as coisas melhorem.”


Algumas horas se passaram, o pai de Michael chegou em casa
bem tarde, ele trabalhava como pediatra, tinha uma carreira mais promissora em
Boston, mas preferiu se mudar para Masewood na esperança do seu filho tomar
juízo.

Pai de Michael: Você sabe o quanto meu trabalho é cansativo?
Você sabe quantas crianças com problemas verdadeiros eu vejo todo dia? E no
meio do meu trabalho eu recebo uma ligação do diretor do colégio dizendo o que
você fez no primeiro dia de aula. O que você tem na droga dessa cabeça Michael?
Michael: Eu sei que fiz besteira pai, desculpa, não posso fazer mais nada.
Pai de Michael: Você não entende não é? O diretor é meu
amigo de infância, estudamos juntos, você não sabe qual é o tamanho da minha
vergonha, será possível que você nunca vai tomar jeito? Você tem 18 anos na
cara, você não é mais um garoto, não pode viver a vida do jeito que quer e bem
entende, colocando a vida das pessoas em risco.
Michael: Então é tudo sobre a vergonha que o Dr.Guerin
passou né, por ter um filho delinqüente, você não se importa com nada pai, com
nada.
Pai de Michael: Você é um peso na minha vida, eu sinto vergonha de ter você
como filho
Michael: Se você tem tanta vergonha de mim, então porque não fala onde minha
mãe está, o que aconteceu com ela, talvez ela não sinta vergonha de mim.
Pai de Michael: Eu já disse que não vou falar sobre isso.
Michael: Porque?  Você quer tudo ao seu
controle, nada pode sair das mãos do Dr.Guerin. Se você quer saber eu também
tenho vergonha de ter você como pai, eu tenho vergonha de ter esse sangue sujo
circulando nas minhas veias.
Pai de Michael: (gritando) Você não tem o meu sangue.
Michael: (surpreso) O que? Do que você ta falando.
Pai de Michael: Você não queria tanto saber, pois então eu vou falar, você foi
adotado.
Michael: Não, você está mentindo, porque ta fazendo isso?
Pai de Michael: Não é mentira, me lembro como se fosse hoje, a mãe que você
tanto idolatra era uma drogada que chegou o hospital numa completa overdose,
você ter sobrevivido foi um milagre.
Michael: Então é por isso que eu nunca vi nenhuma foto da minha mãe, porque não
existia.
Pai de Michael: Me desculpe filho. Mas você tem que entender...
Michael: (interrompendo o pai) Eu não tenho que entender nada, você é um
maldito egoísta. Você não sabe o inferno que eu tenho passado todos esses anos,
me culpando por ser tão diferente de você, você podia ter dito, mas você só
pensa em você, sempre foi assim.
Pai de Michael: (gaguejando) Filho, eu, eu te amo.
Michael: Não, você só ama a você mesmo, eu preferia que você tivesse me deixado
pra adoção.