Fanfic: Ti Ti Ti
Cena muda para dentro da casa do Ari.
Ariclenes e Luti estão descendo a escada para o térreo.
Ariclenes: Filho, o seu pai não
nasceu para ser lacaio, não! Não nasceu para ficar pagiando modelinho para lá e
para cá não. Ta pensando o que?
Luti: Ô pai, cai na real, pai!
Mamãe já te arrumou mil empregos e você mil vezes cuspiu no prato que comeu!
Ariclenes (Na cozinha, pegando um prato
e começando a preparar uma omelete): Tudo prato vagabundo! Tudo prato
vagabundo porque sua mãe nunca me arrumou uma coisa que estivesse a altura da
capacidade do teu pai, nunca!
Luti: Que capacidade? Tu nunca estudou, pai!
Ariclenes: (...) Você sabe que tem gente que nunca
estudou na vida, meu filho, e chegou a ser presidente da república?
Luti (Rindo): Quê que você quer da vida pai? Você quer
sustentado pela sua ex-mulher o tempo inteiro?
Ariclenes: Não acho ruim não, não acho ruim não! Sabe
por que, quando seu paizinho aqui estava por cima da carne seca, sabe quem foi
que bancou a faculdade toda da sua mãe? Eu, euzinho aqui! Ou seja, se não fosse
eu, sua mãe não estaria onde ela está!
Luti: Você já falou essa história milhares de
vezes! Cuidado para não queimar a omelete, hein pai? Pelo amor de Deus, pai,
presta atenção, não bota este emprego a perder, por favor!
Ariclenes: Seu pai não nasceu para aceitar mixaria, não!
Seu pai é um homem predestinado, o seu pai quando tinha sua idade ganhou um
grande prêmio da loteria de Natal!
Luti: E cinco anos depois? Não tinha nada!
Ariclenes: Ao contrário de você, o seu pai aqui não tinha
um pai para se aconselhar!
Luti: Ô pai, se eu seguisse seus conselhos eu tava
ferrado a muito tempo, já!
Ariclenes: Meu filho, a sorte já sorriu pro seu pai uma
vez, e vai sorrir de novo!
Luti: Cuidado, pai, por que um raio não costuma
cair duas vezes no mesmo lugar!
Ariclenes: Olha aí, olha aí! Você falando, você ta
igualzinho a sua mãe, ta vendo! Por isso que eu fico assim, entendeu! Por isso
que as coisas não aconteceram para mim!
Luti: Então pai, você reclama de mim, reclama da
minha mãe, mas por favor, amanhã você vai nesse serviço, ta bom?
Ariclenes: Vai comer não?
Luti: Não, vou comer no Buffet, o que tem mais lá é
comida!
Ariclenes: Beijo filho!
Chico entra
Chico: Opa, e aí, e aí mano! E aí, beleza mano? (Dá um tapa na nuca do Luti)
Luti: Quê isso?
Chico: Quer que eu te levo?
Luti: Não valeu, valeu! Vou pegar carona com o
Rafa!
Ariclenes: Quando é que eu vou aceitar ser gassoutio? Nunca, nunquinha!
Luti: Pai presta atenção! Se você desistir desse
emprego eu me mudo para a casa da minha mãe!
Luti sai
Ariclenes: Ta vendo? Essa é minha praga, essa é a
minha... Eu passo a vida inteira me dedicando, dando amor e acontece isso aí!
Então Chico, presta atenção e que isso sirva de lição para você, Chico antes de
casar e ter filhos!
Chico: Casar? Ta louco, veio, para! Vem cá tem rango
aí pa nós?
Ariclenes: Ehh, você também só pensa em comida, Chico!
Chico: Ou, nem me fala Ari, dá mó saudade do tempo
em que eu trampava lá na pizzaria! Sempre sobrava umas paradas lá pra nós!
Ariclenes: Vocês! Vocês se contentam com pouco sabia?
Para você querer alguma coisa na vida, você tem que pensar alto, Chico,
entendeu? Alto!
Cena muda para o apartamento do Jaques Le’clair. Onde Valquíria está lendo
uma revista, Lipe está lendo um livro e Mabi, está no seu laptop!
Entra Jaques Le’clair
Jaques: Boa noite, família!
Júlia entra da
cozinha
Júlia: Ó tão tarde meu filho, todo mundo já jantou!
Jaques: É eu tive que falar com o pessoal da agência
de modelos, mamãe, explicar o tipo que eu quero pro desfile, viu? (Vai em direção a Valquíria) Filha,
filha! Você sabe o que é lady-like?
Valquíria: Estilo mulherzinha! Saia rodada, este tipo de
roupa!
Jaques: Minha filha, bem que você podia amanhã, me
dar uma força, né Valquíria?
Valquíria: Ahh pai, tem o trabalho para fazer para a
faculdade, não dá!
Jaques: Como não dá, não dá? Você acha que vai
aprender moda na faculdade?
Valquíria: Papaizinho! Moda não é roupa de madrinha!
Júlia: É, mas são as madrinhas que sustentam esta
família! E você devia ter mais consideração pelo trabalho do seu pai!
Jaques: Deixa mamãe, deixa! Eu só quero ver a cara
dela quando a Débora Seco aparecer usando uma roupa minha na capa de uma dessas
revistas!
Mabi: O dia em que isso acontecer, pai, vai ser o
triste ocaso do império das celebridades!
Jaques: E o que é que uma pirralha feito você entende
de moda, hein? Vai pra cama, Mabi, a essa hora acordada no computador, pra
cama, pra cama! Vamos, vamos, vamos!
Lipe: Milhares de pessoas morrendo de fome na
África, e vocês falando de moda! Vocês tinham que ter vergonha de existir!
Jaques: Ô Luiz Felipe (Dá um tapa na nuca dele), pra cama vai! Você também vambora!
Lipe: Eu vou fazer uma inalação! Fiquei asfixiado
com tanta frivolidade
Mabi: E eu vou pesquisar alguns sites que vendam
hormônios de crescimento!
Jaques: Vocês deviam eram ter mais orgulho do seu
pai, porque, Jaques Le’clair é uns dos maiores estilistas deste país!
Mabi: Pobre moda brasileira!
Lipe: Pobre país, pobre mundo!
Jaques: Ta vendo mamãe? Esses ingratos me desdenham!
Vai, vai, vai! Pra cama, pra cama!
Júlia: Vão lá pra cima, vão!Vai, vai!
Valquíria, Lipe e
Mabi vão pro quarto.
Júlia: Criança é assim mesmo, André! Agora me conta,
como é que foi com a tal Jaqueline? Ela entrou no ateliê com uma cara de nojo!
Os dois estão
sentados no sofá
Jaques: Uhummm! A Jaqueline é uma mulher fina! Ela
pode ter resistido um pouco no começo, mas logo se entregou!
Júlia: A você ou às suas roupas?
Jaques: Sabe mamãe! Esse tipo de cliente me estimula!
Que mulher chique, sofisticada! Dava para sentir o cheiro de classe!
Cena muda para casa do Breno e Jaqueline. Eles estão discutindo sobre o
vestido da Thaísa. Thaísa está no sofá.
Breno: Quinhentos reais? Você acha isso barato, sua
louca!
Jaqueline: Em primeiro lugar, louca é a sua mãe! E em
segundo lugar, duzentos de sinal e o resto no cartão, não é barato é dado!
Breno: Mas, escuta aqui, meu Deus do céu, para que
essa menina precisa de um vestido novo? Já não está cheia de roupa no armário!
Thaísa (Levantando): Ai pai,
credo, deixa de ser pão duro poxa! Ahh, e a Camila me falou que você ganha
muito bem na fábrica do pai dela, ta!
Breno: Eu, eu! Eu sou um coitado minha filha, eu sou
explorado, eu sou massacrado por você, pela sua mãe e pelo doutor Orlando!
Jaqueline: Massacrada sou eu por essa sua mesquinhez
objeta!
Breno: Bom, olha aqui, eu não quero saber! Amanhã
mesmo vocês vão voltar para esse tal de... de Jaques Le’clair e pedir os
duzentos reais de volta e cancelar essa compra! Daí se quiserem um vestido
novo, vão na Zé Paulino, comprar uma coisa mais em conta!
Jaqueline: O quê? Mas eu não passo por essa humilhação,
nem morta!
Breno: Corto o seu cartão de crédito!
Jaqueline: Você já cortou tudo da minha vida, você
cortou aula de inglês, você cortou tênis, academia! Que mais você quer corta
seu morto de fome?
Breno: Alguém precisa pensar no dia de amanhã dentro
dessa casa!
Jaqueline: Pra que um coração tão sovina? Meu Deus do
céu, onde é que eu tava com a minha cabeça quando eu larguei a minha carreira?
Breno: Você acha que ia muito longe com uma bandinha
de garagem chamada Boletim de Ocorrência?
Thaísa: O, o, o, o! Vocês vão se matar por causa de
um vestido?
Jaqueline: Não se trata de um mero vestido, minha filha!
Se trata de uma vida inteira de privações que eu vivi do lado desse corvo
empalhado! E é isso mesmo, não adianta me olhar com essa cara, por que você é
um corvo empalhado! Sem vísceras, sem sentimentos! Você é avarento no material
e avarento no afetivo! Só que dessa vez não, eu não vou passar o vexame de
dizer ao Jaques Le’clair que o meu marido achou caro o vestido que ele resolver
fazer por uma ninharia, eu prefiro a morte do que essa humilhação!
Jaqueline vai para
seu quarto
Cena muda para o exterior da Lucar Models, onde Chico está trazendo o
Ariclenes, que está de roupa social, de moto.
Ariclenes desce da
moto
Ariclenes: Como é que eu to?
Chico (Sarcástico): Só falta o quepe!
Ariclenes: O que faço pelos filhos!
Chico: Para de reclamar de barriga cheia, mano,
queria eu um trampo bom desse, ta sabendo?
Ariclenes entra na
agência
Cena muda para dentro da agência onde Edgar, Luísa, Adriano e a
secretária Graça estão analisando as modelos.
Ariclenes entra
Edgar: Esse Jaques é francês?
Luísa: Imagina Edgar! Ta na cara que é pseudônimo!
Adriano: O nome dele mesmo é André Spina, mas adotou
Jaques Le’clair quando abriu o ateliê!
Ariclenes então se
lembra do seu rival de infância:
Ariclenes criança: Mariquinha!
Jaques criança: Mariquinha é você,
seu idiota!
Ariclenes Pré
adolescente: Cretino
Jaques Pré
adolescente: Cretino é você seu bundão.
Ariclenes
Adolescente: Para de me provocar!
Jaques Adolescente: Para de me provocar
você!
Mulher que tenta
separar a briga: Ai meu Deus, será que essa briga não vai acabar
nunca?
Graça (estala os dedos na cara de Ariclenes): Seu Ari! O senhor vai levar as meninas nesse endereço! (Entrega um papel para Ariclenes) Fica
numa Rua do Jardim Anália Franco. Se não souber onde é que é, consulta o GPS!
Ariclenes: Não vai ser necessário!
continua...
Autor(a): raffaelbecker
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Cena muda para Belo Horizonte. Julinho está no carro com o Osmar dirigindo, o celular do Osmar toca ele pega. Osmar: É meu irmão! Será que eu atendo? Julinho: Osmar, depois você atende! Agora não tem como parar o carro! Osmar: Será que minha mãe piorou? (...) Ô Julinho, eu vou atender! Osmar atende e... J ...
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