Fanfic: Garota Perfeita
tímida, cheinha e um tantinho maria-vai-com-as-outras. Ao contrário de Celeste, que se atira
em todas as situações, sem se importar com quem pode atropelar.
Celeste não admite, mas tem um pouco de Francês dentro de si. E eu me vejo em ambas.
Provavelmente, essa é a razão por que nos damos tão bem. Na maior parte do tempo.
— Pensei que o nome dela fosse Barbara — diz Celeste. — Por causa da avó.
— Essa é a outra — replico. — Ambas foram batizadas em homenagem às avós. Razão pela
qual tirei B naquele teste sobre Constituição. Meu cérebro está cheio de inutilidades sobre
gêmeos.
— Meu Deus, espero que ela não seja gêmea — afirma Celeste.
— Eu também — digo, suspirando.
— Três comigo — diz Frankie. Silenciosamente, atravessamos o gramado até o local em
que costumamos fazer nosso lanche. Corro para alcançar a sombra. A última coisa que
preciso é de outra sarda. Meus longos cabelos vermelhos já estão encrespando por causa da
umidade da tarde. Celeste se deixa cair diretamente no sol, dá um nó nos cabelos pretos e
inclina a cabeça na direção do céu. Frankie enrola a calça capri apertada acima do joelho e
chuta os chinelos para longe. Percebo que ela se esqueceu de passar creme autobronzeador
no peito do pé.
Enquanto abrimos nossos lanches, sei que minhas amigas estão pensando o mesmo que eu:
O primeiro ano do ensino médio já não é difícil o bastante sem uma garota nova? E uma
garota perfeita?
— Além disso — diz Celeste, de olhos fechados —, quem vai para uma escola nova bem no
fim do ano?
— É — concorda Frankie. — Quem?
— Talvez os pais dela sejam fugitivos — sugiro.
— Os Mais Procurados de Delaware — diz Celeste, rindo.
— Vocês acham que suas fotos estão expostas nos correios? — pergunta Frankie.
Lá está ela do outro lado do gramado. E está vindo diretamente para cá. Ela joga os longos
cabelos cor de mel para a direita e a esquerda a cada passo. Os músculos de sua coxa se
flexionam à medida que ela desce a colina. Ela já foi engolida pelos Semipopulares. Duas
garotas do time de futebol a levam para conhecer a escola. Meu pulso dispara quando se
aproximam, mas elas passam por nossa árvore sem nem tomar conhecimento de nossa
presença. Não que nos importemos com isso. Celeste olha para ela, então torna a fechar os
olhos. Frankie dá uma mordida no sanduíche de manteiga de amendoim. Eu, por minha vez,
jogo meus cabelos para trás e finjo não perceber suas covinhas profundas ou a forma como
seus olhos franzem quando ela ri. Pelo menos ela não é loura, penso. Obrigada, meu Deus,
por esse pequeno favor.
— Ei.
Meu coração se agita quando ouço uma voz familiar atrás de mim.
— Ei, Perry — digo, jogando os cabelos novamente,
ao fazer a meia-volta. Perry faz um gesto de cabeça para
mim, mas vejo que seus olhos se deslocam para ela. Para meu horror, ela olha diretamente
para ele e sorri. Meleca. Agora ele também viu as covinhas dela. Celeste abre um olho e
zomba.
— Ora, se não é o P. Maluco em sua calça de rapper.
— Agora é só Maluco — corrige Frankie. — Ele tirou o P.
— Meu Deus, vocês duas — digo, fuzilando minhas amigas com o olhar. Então aperto os
olhos e fito o garoto pelo qual estou inexplicavelmente enlouquecida. O único garoto que já
me viu de topless e que conhece todos os meus segredos. Perry balança a cabeça no hip-hop
que ecoa em seus ouvidos. Ele veste uma camiseta branca gigantesca sobre um jeans
imenso com a bainha puída. Reconhecidamente, é um traje patético. Especialmente, o
chapéu de lã, quando está fazendo uns 32 graus. Mas Perry faz de tudo para não parecer o
gênio em ciências que é... até mesmo adotar uma aparência de rapper.
— Você não está enganando ninguém — eu disse a ele um milhão de vezes. Perry parece
inteligente até comendo sucrilhos pela manhã. Ele quer ser astronauta. O curso de
astronomia da Liberty High foi criado para ele e para os outros crânios que se encontram tão
à frente da ciência do nono ano que não tem a menor graça. A idéia que Perry tem de férias
perfeitas é um vôo até uma estação espacial. Ora, pelo amor de Deus.
Na escola, porém, Perry finge que é um garoto igual aos outros, sem uma média
estratosférica. Eu costumava achar que ele era lunático. Agora, quando olho para ele, sinto
como se eu estivesse na Lua.
Autor(a): rafakulling
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— Estamos ocupadas — Celeste diz a Perry, toda metida. — Tente não tropeçar na calçaquando andar, Bozo.— Tente não confundir seu Q.I. com sua idade — Perry diz a Celeste, dirigindo-menovamente um aceno de cabeça e então se afastando com seu andar de malandro.— Depois! — digo a Perry, encolhen ...
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