Fanfics Brasil - I - Sem coração Heartless

Fanfic: Heartless


Capítulo: I - Sem coração

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 Dizer que Fabíola era fria, era um eufemismo insuficiente. Fabíola Black não tinha um coração. E eu descobri isso tarde demais.
 Conhecemo-nos enquanto fugíamos. Eu, acusado de ser cúmplice em uma tentativa de ataque ao meu próprio país, e ela, por uma lista um pouco maior que eu não consigo mais lembrar. Eu era inocente. Naquela época, eu nunca teria pensado em sabotar, roubar ou até mesmo matar. Mas Fabíola já tivera alguma experiência com isso. Ela nunca me contou o porquê, mas sempre há uma razão por trás de pessoas assim... Certo?
 Nós mudávamos de localização com freqüência, sem correr risco de sermos encontrados. Passamos por coisas demais juntos e em algum ponto, o mistério dela me envolveu e eu entreguei meu coração. Erro número um.
 Depois de oito meses que nos conhecíamos, ela me disse que queria ir até a cidade natal dela. Eu concordei, pois depois disso, iríamos para algum lugar da Escócia e ninguém mais estaria nos perseguindo.
 Quando chegamos à cidade, descobri que ela ainda tinha a velha casa da família e alguns amigos por lá. Senti-me estranhamente deslocado naqueles dias, dormindo no velho sofá puído da antiga casa dela. Já havíamos passado por coisas bem pior, mas costumávamos ser só nós dois, e aquilo me fazia sentir um laço, que agora parecia invisível, entre nós. Ela estava se divertindo com os velhos amigos, chegava bêbada em casa e parecia não ser a garota que eu havia conhecido. Na verdade, ela agia como se não me conhecesse, como se eu nem estivesse ali.
 Eu comecei a sair, freqüentando os bares noturnos locais. Era uma típica cidade de interior, então não foi difícil me sentir um pouco melhor após uma sinuca e algumas cervejas. Mas algo ainda estava incrivelmente errado.

 – Fabíola? – chamei, assim que ouvi a porta se abrir.
 – Hey, Fernando! – ela respondeu animada demais, por conta do álcool. – O que faz acordado essa hora?
 – Precisava te fazer algumas perguntas.
 – Uh, é policial agora? – ela riu, caminhando desleixada em direção a escada.
 – É sério, Fabi. Eu preciso de explicações.
 – Não sei se notou, mas não estou no melhor momento para essa ou qualquer conversa.
 – Talvez seja melhor assim. Assim pelo menos, você não irá ponderar as meias verdades que vem me contando.
 – O que diabos isso deveria significar? – ela revirou os olhos, sentando-se em um degrau e tomando um gole da bebida que trazia nas mãos.
 – Eu tenho fugido do mundo com você durante mais de oito meses, Black! No começo, eu me convenci que seria melhor assim, que ninguém acreditaria em mim e que eu seria condenado por um crime que eu não cometi. Foi por isso que eu fugi, e foi isso que eu te contei. Mas você me deu uma lista de crimes pelos quais era perseguida, me convenceu a fugir com você e agora...
 – Agora eu mudei? – ela completou quando as palavras me fugiram, depois arqueou uma sobrancelha e deu uma risada irônica. – Eu cresci aqui, tenho amigos aqui. Eles não me julgam, eles não conhecem o lado podre em mim, eles não sabem o quanto o mundo me corrompeu. Eles me fazem lembrar o porquê eu escolhi arrancar meu coração, pra sempre.
 – Eles não sabem que você...?
 – Que eu sou uma procurada? Não, é claro que não. Eles nem sabem do meu histórico policial. Mas eles me dão forças. Toda vez que eu preciso tomar grandes decisões ou fazer grandes mudanças, é pra cá que eu venho. É por isso que mantenho essa casa. Tudo nesse fim de mundo me faz lembrar o meu destino.
 – Qual você acha que é o seu destino?
 – Você não me conhece, Fernando. – a intensidade no olhar dela, quase queimava minha pele.
 – E quem te conhece? Os seus amigos aqui? Porque eles não sabem nem metade do que nós passamos!
 – Touché. – ela cedeu, com um sorriso torto.
 – Fabíola, eu só quero entender. Eu só quero saber onde estamos indo, se é que ainda vamos a algum lugar.
 – Você não entende. – ela abaixou o olhar, brincando com a garrafa de vidro, ainda em sua mão, porém, parecendo mais sóbria.
 – Explique-me.
 – Fernando... – ela suspirou de uma forma infeliz que fez meus ossos gelar. – Não é tão simples. E eu preciso de você.
 – Eu estou aqui, não estou? – respondi, ainda tentando absorver e entender aquelas palavras. Com Fabíola, nada era o que parecia.
 – Está, mas só porque ainda não sabe da verdade.
 – Você sabe que eu me apaixonei por você. – resmunguei, abaixando o tom e vendo o meio sorriso voltar a brincar nos lábios dela.
 – O que torna tudo pior. Você me entregou um coração, mas eu não tenho um pra te dar em retorno.
 – Apaixonada por outro?
 – Meu coração congelou alguns invernos atrás. A única razão que continua me mantendo viva e me fazendo acordar todos os dias... Foi a mesma que fez com que nos conhecêssemos.
 – Não estou acompanhando.
 – Alguns anos atrás, quando eu estava quase no final da adolescência, meus pais decidiram se mudar. Fomos pra capital, mas a época não era das melhores. Estava havendo um conflito, pra dizer o mínimo. Pessoas eram apenas números em ascensão incontrolável, na lista de mortos. A polícia tinha que controlar a situação antes que esse fosse o inevitável começo de uma guerra. Foi uma carnificina, eles matavam por segurança, não se importavam se eram os rebeldes ou os civis. Meus pais foram assassinados violentamente, na porta de casa. Eu vi tudo, pela janela do meu quarto. – ela parou, suspirando e levantando o rosto, fitando o nada. – A situação foi controlada, mas a que preço? Muitos inocentes morreram para que o acidente fosse isolado. Eu vi pessoas que, assim como eu, haviam perdido tudo. A mídia se alimentou disso durante um tempo, como abutre em carniça, mas depois encontraram outro incidente para reportarem. Pra nós não era assim. Nunca é assim pra quem vive a situação. Todos se condoem e sentem compaixão por um tempo, enquanto a mídia os influencia, mas tão logo quanto ela muda o foco, eles também esquecem tudo o que viram. Pessoas não são números, mas eles se acostumam a ver mortes serem tratadas como um debate qualquer. As pessoas se acostumam a ouvirem essas notícias ao ligarem a TV. Elas esquecem que a dor e a reconstrução continuam, elas deixam de lado e incentivam, cada vez mais, coisas assim. Incentivam isso a ser rotineiro, a ser fútil e olvidável. Acostumam com uma realidade que, para quem vive, é um pesadelo.

 Fabíola parou seu monólogo, como se finalmente lembrasse que eu me pendurava em cada palavra dela, tentando tirar alguma lógica daquilo. Eu soube que ela não falaria mais nada, mas precisei de um tempo para assimilar e encontrar minhas palavras e voz outra vez.

 – E por isso você se tornou... – deixei a frase morrer, sem encontrar um termo que a definisse.
 – Sem coração? Sim. – ela abriu mais um daqueles irônicos sorrisos de canto. – Mas até agora, eu não matei ninguém. Falsa identidade, acúmulo de informações secretas, roubo, chantagem e ameaças... Nenhuma morte até agora.
 – Até agora. – evidenciei.
 – Sangue inocente não será derramado, no que depender de mim. Só quero encontrar os envolvidos naquele conflito. Não havia necessidade de agirem daquela forma.
 – Sua família foi destruída, Fabíola. Você também estará destruindo uma família. – ela parou, o olhar de choque virou em minha direção. – Você sabe como esses danos são irreparáveis. Eles terão que arcar com isso algum dia, mas se você se vingar, pode desencadear um ciclo vicioso. Sempre terá alguém sedento por vingança nessa história.
 – Eles não podem ficar impunes. – a voz dela saiu esganiçada, ela parecia lutar com seus pensamentos.
 – Eles não irão. Tudo o que vai, volta.
 – Eu já fui longe demais, Fernando. Eu me prendi à isso pra sobreviver. Sem essa vingança não me sobra nada. Sem isso, estarei sozinha de verdade.
 – Você só estará sozinha se quiser. E mesmo assim, sabe que terá alguém que espera você mudar de idéia.
 – Não é tão simples...
 – Ou você não quer que seja. Quanto mais complicado, mais tempo tomará, e você não precisará deixar isso ir. Não precisará achar outra coisa pra se doar dessa forma.
 – Porque não resta mais nada. Eu não brinquei quando disse que meu coração congelou. Essa vingança é tudo o que eu sou nos últimos sete anos.
 – Eu vim até aqui por você, Fabíola. Eu estou com você. Vamos embora, vamos para a Escócia, como havíamos planejado. Começaremos do zero, criaremos novas metas e esqueceremos o passado.
 – Esquecer o passado é negar quem eu sou. Eu não ficarei em paz em nenhum lugar do mundo enquanto eu carregar as imagens do fim do meu mundo. Poucas coisas fazem sentido quando você perde a alma.
 – Não diga isso...
 – Mas é a verdade. Eu não tenho mais nada. Nada de bom pelo que lutar. Não há nada a perder quando já se perdeu tudo.
 – E não há nada a ganhar com vingança. A sensação será temporária, pra depois te fazer cair mais fundo.
 – Um coração congelado não bate, não é justo entregar a você, quando eu sei que nenhuma reparação poderá concertá-lo. E uma alma perdida, não merece o amor.
 – Se isso tudo fosse verdade, você não estaria assim. Um coração congelado teria deixado de sentir as feridas, seria indiferente. Você tem um coração, só não quer acreditar nisso para não se machucar mais. Deixe-me estar do seu lado.
 – Eu sinto muito. – ela abaixou o olhar e ele sabia que aquelas palavras significavam o fim.

 Passaram-se três meses desde que eu saí da vida de Fabíola, deixando-a na mesma noite em que tivemos aquela conversa. Assim que ela subiu para o quarto, eu arrumei minhas coisas e parti, sem a certeza de que ela se lembraria da noite anterior, mas crente de que aquela era toda a verdade que eu precisava, e que era melhor assim.
 Naqueles três meses, não recebi notícias dela e, completamente perdido e estranhamente vazio, tive que tomar decisões que antes pareciam bem mais fáceis. Eu não podia voltar e me entregar pra polícia. A fuga apenas aumentou as suspeitas da minha culpa. Por isso, sozinho, eu voei para a Europa.
 Certa noite, eu bebia num pub local – o que havia se tornado uma espécie de rotina – quando ela chegou. Embora os cabelos estivessem tingidos e repicados, senti aquele frio na barriga que não me deixava enganar-me: Era ela.
 Ela olhou o local e sorriu, finalmente caminhando em direção a minha mesa semi-oculta, sentando-se ao meu lado.

 – Sinto muito. – foram suas primeiras palavras e eu ri irônico.
 – Suas últimas palavras também foram essas. – lembrei.
 – Não me referia aos acontecidos daquela noite. Referia-me ao fato de ter te colocado nessa confusão. Só depois eu percebi que você não teria como retomar sua vida de onde parou antes de me conhecer.
 – Não é sua culpa.
 – Foi sim. Eu te escolhi. Eu estava infiltrada na polícia, lembra? Consegui falsas informações para colocá-lo como suspeito e depois te incentivei a fugir comigo.
 – Como você pode dizer isso assim? – eu estava perplexo.
 – Sou calculista. É tudo um plano de jogo, parte da minha vingança.
 – Não fui eu que matei seus pais. – cuspi as palavras, irritado. – Mas de certa forma, eu gostaria de ter sido esse alguém. Pelo menos assim, justificava você ter estragado minha vida.

 Eu vi os traços de choque perpassar o rosto dela, mas não me importei. Apenas levantei e fui embora. Como ela podia ser tão fria? Pelo menos agora eu sabia que ela realmente não tinha um coração.
 Mesmo com a frieza dela, com a forma indiferente que ela contou pra mim de seus planos, eu não consegui dormir aquela noite. Não eram as palavras dela, mas sim as minhas próprias, que rodavam em minha mente, mantendo-me acordado. Ela mexeu tanto com a minha cabeça, a ponto de me fazer dizer coisas que eu nunca diria. Ela trouxe o pior de minha à tona.
 E sem poder voltar pra minha antiga vida, sendo uma parte dispensável do plano dela, e sozinho, eu também não tinha nada a perder.
 Ela começou, então agora, que agüente. Fabíola Black ganhou um novo inimigo. Deixe que esse seja o começo da tempestade que está por vir.
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N/A: E aí está a primeira parte! A segunda deve ser postada na semana que vem, ok? :D



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Autor(a): akcardoso

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  • thailavondy Postado em 04/06/2011 - 23:28:47

    1°web que eu leio que não é vondy e adorei

  • thailavondy Postado em 04/06/2011 - 23:28:09

    amei!!!!

  • thailavondy Postado em 04/06/2011 - 23:27:41

    perfeita!!!!vc ja disse tudo na nota so me resta ressaltar o quanto foi perfeita a web realmente fabiola black não é de todo o mal cuida de malody a ama e continua a amar fernando

  • thailavondy Postado em 03/06/2011 - 15:47:59

    Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais! ;)

  • thailavondy Postado em 01/06/2011 - 12:21:54

    morrendo de saudade s2

  • thailavondy Postado em 29/05/2011 - 18:11:27

    ai amiga vou esperar como louca o proximo post

  • thailavondy Postado em 23/05/2011 - 14:55:25

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  • thailavondy Postado em 20/05/2011 - 14:12:02

    ai amore so quero te avisar que vou sumir esse fim de semana mais é por motivo de força maior sabado vou trabalhar na faculdade pra conseguir horas pra acc e provavelmente vou chegar tarde e morta e no domindo vou estudar ate dizer chega pois na segunda tenho uma prova odiosa de historia da educação acho que so volto mesmo na segunda a tarde ou na terça tambem a tarde desculpe mesmo mais prometo compensar com muitos comentarios

  • thailavondy Postado em 18/05/2011 - 22:18:42

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  • thailavondy Postado em 12/05/2011 - 15:46:05

    o proximo post promete muito!!!!!


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