Fanfics Brasil - II - Aqui vem a tempestade Heartless

Fanfic: Heartless


Capítulo: II - Aqui vem a tempestade

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 Você já se sentiu um imbecil? Eu já.
 Isso começou há três meses, quando eu descobri que a garota por quem eu estava apaixonado era, na verdade, uma psicopata. Tudo bem, eu não sei a definição exata de psicopata para classificá-la assim, mas acredito que uma pessoa que, de alguma maneira, consegue te colocar como suspeito de um atentado ao país, apenas para que você fuja com ela e se tornar parte do seu plano de vingança, possa ser chamado assim.
 Sendo assim, Fabíola Black era uma psicopata: Fria, calculista, egoísta... E como ela me alertara, e agora eu sei que é verdade, sem coração.
 Ou melhor, ela tinha uma droga de um coração: O meu.
 Não pude evitar entregar meu coração à ela, e tampouco pude evitar que ela o quebrasse ao me contar sua história. E mesmo que fosse tarde para negar, nunca é tarde pra mudar de rumo, e foi isso que eu fiz.
 Estou morando na Escócia desde então, e lamentavelmente, tive um encontro com Fabíola. Apenas um. Ela veio apenas para enterrar um pouco mais a faca que já tinha passado em minhas costas, me fazendo ver o quanto eu era dispensável para ela. A raiva me fez explodir e demarcar aquele dia como marco zero. Se ela queria uma vingança, ela teria, mas seria a minha vingança sobre ela.
 Mesmo com tudo isso eu não pude evitar pensar nela à cada maldito dia durante os meses que se seguiram e, por mais que eu tentasse me convencer que era apenas pela vingança, lá dentro, onde deveria estar meu coração, eu sabia que não era verdade.
 Certa noite, em um bar da região, eu ouvi um grupo de bêbados comentarem sobre uma mulher que chegara à cidade. Parecia um anjo, mas trazia a maldade no fundo dos olhos e dentro da alma, se é que tinha uma. Ela havia torturado um homem, buscando saber onde estava alguém que ela procurava. Afirmara que ele estava lá, já o tinha visto meses atrás, e duvidava que ele tivesse se mudado. Dissera também que ele era parte de seu jogo e que fora um risco descartá-lo.
 Eu ri sem o mínimo humor ao ouvir aquilo, sabendo que só podia se tratar dela. Então ela estava com medo do que eu podia fazer, e por isso me queria de volta? Revirei os olhos, sentindo apenas um pouco de pena pelo rapaz que fora ou estava sendo torturado, mas não fiquei tão incomodado, pois uma parte de mim, a parte que ainda não apodrecera, confiava na parte igualmente imaculada daquele anjo negro que mal chegara e já estava sendo comentada.
 Eu poderia fugir, poderia me esconder, poderia procurá-la, mas eu optei por não fazer nada. Continuaria com minha monótona rotina e a deixaria me achar, talvez. Todavia, não posso negar que havia uma pontada de ansiedade ao virar de cada esquina nos dias que se passaram de forma mais demorada a partir daí.
 Certa tarde chuvosa – o que não era menor novidade na Escócia – eu saia de um café, ao fim da tarde. Estava distraído com algum pensamento, caminhando de cabeça baixa, protegendo meu rosto da chuva, quando senti esbarrar com força em alguém. A pessoa foi ao chão e, como um cavalheiro, me abaixei para ajudar.

 – Obrigada, Fernando. – antes de levantar os olhos assustado, meu cérebro reagiu em reconhecimento da voz, liberando adrenalina em meu corpo.

 Por baixo do chapéu e sobretudo, os mesmos olhos intensos e sorriso misterioso de outrora, aguardava por minha reação. Por um momento, me perdi lembrando-me da conversa que ouvira dias antes no bar. Entendia porque ela era um anjo negro. Ninguém que olhasse aquelas feições delicadas e tão femininas poderia imaginar que ela fazia o que fazia.

 – Uau, até que você me achou rápido. – sorri torto, olhando a pequena bolsa dela que eu pegara ao tentar ajudá-la, sabendo que haveria uma arma ali.
 – Já tinha ouvido sobre eu estar te procurando? – ela sorriu como se aquilo fosse encantador e adorável.
 – Sim. Assim como do homem que está torturando. Eu deveria me sentir importante? Ou apenas feliz por você ter ficado com medo de ter me descartado?


 – Oh, você ouviu sobre o Fletcher também? Que maravilhoso! – eu a encarei, questionando internamente se ela enlouquecera de vez. – Sabe, você iria gostar de conhecê-lo. Andrew Fletcher é o nome dele. Ele faz-me lembrar de você, quando nos conhecemos...
 – Ora, foi mais rápido do que eu pensei.
 – Do que fala? – indagou confusa.
 – Do tempo que eu julgava que demoraria a você ficar completamente louca.
 – Oh não, bobinho. – ela deixou uma risada curta escapar, aquilo me arrepiou os pelos da nuca. – Você realmente deveria conhecê-lo. Ele é meu parceiro. Esperava que você seguisse viagem conosco, acho que já tinha chegado a essa conclusão sozinho.
 – Não voltarei a fugir com você Fabíola. Você não percebe o quanto me estragou a vida?
 – Não posso mudar isso, Fernando. Mas juntos podemos um defender ao outro. Você não tem chances se estiver sozinho.
 – Tenho estado aqui há algum tempo, não tenho me metido em confusões...
 – Porque eu não estava por perto. – ela sorriu. – Como você disse, já estão comentando sobre Andrew e eu. Acha que não darei um jeito para que te encontrem?
 – Está blefando. – acusei.
 – Provavelmente. – ela deu de ombros. – Está disposto a correr o risco?
 Bufei irritado. Por que ela fazia isso?
 – Você me dá pena, sabia? – resmunguei.
 – Tanto faz. Encontre-me – ela pegou um papel no bolso do sobretudo. – nesse endereço. Hoje, às 22h.
 – Melody...
 – Fa-Fabíola. – ela corrigiu confusa.
 Suspirei, sentindo a raiva se estender por meu corpo.
 – Certo. – respondi com amargura. – Fabíola. Estarei lá, heartless.

 Ela riu do apelido azedo, mas apenas fez um aceno de cabeça e partiu. Era meio revoltante a fugacidade daquela garota, a sua facilidade para ir embora.
 Aquele encontro arruinou minha tarde, é claro. Desde então, ficou difícil concentrar-me em qualquer coisa, então apenas tomei uma ducha e joguei-me na cama, dormindo boa parte da tarde. Era 19h30 quando levantei, lavei o rosto e comi alguma coisa com dificuldade – sentia meu estômago embrulhado. Liguei a TV, mas nenhum seriado poderia me distrair naquelas duas horas, por isso, fui arrumar uma mochila. Coloquei algumas roupas limpas, dinheiro, uma garrafa d’água, barrinhas de cereais... Eu estava me preparando para fugir mais uma vez. Eu queria distância daquela máquina destrutiva ambulante de sobrenome e alma negra, mas não conseguia manter meus pensamentos ou minhas ações coincidirem com meu querer, porque, talvez, eu não quisesse mesmo me afastar. Havia algo naquela mulher, algo sobre ela, algo que me atraia inconscientemente, quando eu deveria odiá-la por ter destruído minha vida.
 Melody...
 Talvez Fabíola o tivesse salvado, já não sabia dizer ao certo.
 Mesmo sabendo que chegaria antes do horário, decidi deixar o apartamento – me odiando por isso. – Abandonando alguns pertences, e a porta aberta. Conhecendo a mulher que eu ia encontrar, era bem improvável que eu voltasse praquele prédio.
 O papel que ela me dera tinha coordenadas que me conduziram às ruínas de Urquhart, um antigo castelo destruído, as margens do Ness. Eu adorava aquele lugar, mas ao me dar conta de para onde estava indo, fiquei mais apreensivo. Primeiro porque era um ponto turístico, seria absurdo que Fabíola se escondesse ali. Segundo porque a sensação daquele lugar era de tristeza, aquelas ruínas eram prova do que guerras podem fazer, então, aquele lugar não foi escolhido por acaso.
 Entrei nas ruínas, irritado. Não fazia idéia de onde encontrá-la. Da parte mais alta, onde a bandeira azul e branca voava com leveza, tentei enxergar algo na escuridão da noite. Desci escadas laterais por uns dez minutos ou mais, até chegar na ponte. Nem sinal de Black. Me apoiei nas barras da ponte, observando o Lago Ness por trás das árvores desfolhadas, deixando a brisa me acariciar. Fechei os olhos, deliciando-me com a sensação de quase ouvir um leve chamado nas notas que o vento produzia em meus ouvidos... Fiz careta, ainda sem abrir os olhos, mas logo suspirei e fui até o outro lado da ponte, de costas para o Lago, sentei e me estiquei para fora, pulando da ponte para tocar o chão verde lá embaixo.

 – 8,7 pro seu salto. – ouvi a risada de Fabíola. – Não se espatifou no chão, me encontrou, mas o lado artístico ficou devendo...
 – Assim como o seu lado humano. – respondi levantando, mas ainda sem virar. – “Lado artístico”, um pouco psicopata além do limite. Até pra você.
 – Você insiste em pensar que eu sou psicopata, mas se eu fosse, não teria essa dor me correndo e nada disso estaria acontecendo.
 – Você é patética. – finalmente virei, encontrando-a a meia distância de mim, enquanto um homem ficava nas sombras debaixo da ponte. – E ainda trouxe o seu novo animal de estimação, que bom.
 – Eu disse que queria que vocês se conhecessem, lembra? E, de toda forma, você fez uma mochila. Vai fugir conosco, estou certa?
 – Você não está certa há tempos, mas quanto a isso... Não posso permitir que você leve seus planos adiante.
 – Você veio.
 – Sim. E olha onde estamos. São ruínas, Fabi. Esse lugar é referência de anos de sangue inocente derramado. Anos de uma escócia negra. Partes desse castelo foram propositalmente explodidas, sabe o que é isso?
 – Não é minha culpa, Fernando.
 – Mas será. Quando você propositalmente derramar sangue, destruir famílias.
 – Como a minha foi destruída! – subiu o tom. – É fácil me taxar de louca, mas tente viver a vida que me foi imposta!
 Me calei, vendo um brilho no canto do olho dela, mas a lágrima nunca caiu. O rapaz nas sombras se aproximou, ficando poucos passos atrás dela.

 – Vamos embora. – ele disse calmamente, mas ela negou, ainda olhando-me fixamente.
 – Eu quero o Fernando.
 – Pra que, Black? Podemos fazer isso logo, vamos pro USA. Se o silenciarmos agora...
 – Não. – falou taxativamente. – Ele não vai morrer por nossas mãos, ouviu bem? Ele vai conosco.
 – Eu não vou! – respondi irritado.
 – Achei que quisesse me manter longe de confusão.
 – ... Que seja. – resmunguei, deixando-a vencer, afinal, eu não tinha escolha. – Pra onde vamos?
 – USA, claro. Um contato do Andrew conseguiu uma lista dos grupos que atuavam em cada lugar. Já tenho os nomes que preciso.
 – Sua vibração com o assunto me assusta. – suspirei.
 – Eu preciso disso, Fernando.
 – Compensará?
 – Estou prestes a descobrir.
 – Mas depois será tarde demais para desfazer.
 – Não pretendo desfazer. – falou em tom de finalização e depois sorriu. – Não fiz isso direito, perdão. Andrew, Fernando. – ela nos apresentou. – Fernando, Andrew.

 Fizemos um aceno de cabeça, mas evidentemente havia um conflito, por mais que não nos conhecêssemos: Eu podia sentir que, assim como eu, ele estava apaixonado por Fabíola Black.

 Fomos para os Estados Unidos e o solo americano me fez sentir tenso, mesmo sobre identidades falsas, ainda éramos procurados.

 – Para onde vamos afinal? – perguntei quando entramos no táxi.
 – Tudo ao seu tempo, Fernando. – ela sorriu docemente, enquanto no banco da frente, Andrew passava um papel com o endereço para o motorista.
 Aqueles dois iam me tirar do sério.
 – Fabi...
 – Califórnia, Texas, Filadélfia... – ela revirou os olhos. – Preciso descobrir quem foi. Apenas um nome, Fernando.

 Calei-me, sentindo um frio na barriga ao pensar que ficaríamos perseguindo e observando aquelas pessoas e suas famílias, e, quando chegasse a hora, uma daquelas famílias seria arrasada.

 – Começaremos por aqui, é claro. Nova York.

 Outro frio na barriga. Ela estava determinada, aquilo era o ar que ela respirava... Em algum momento ela descobriria, em algum momento a guerra teria de ser travada. Deus queira que eu esteja errado, porque ficar entre essa mulher e seu objetivo, não terminaria bem. Mas aquela desconfortável sensação me perseguia há algum tempo, por mais que eu a tivesse tentado sufocar. Não era mais uma tempestade que apontava no céu, prestes a vir, era um completo desastre natural. E eu temia que não houvesse escapatória.
 Melody...
 Estremeci. Naquele momento eu rezei para, se realmente houvesse um céu, alguém me escutasse e permitisse que eu estivesse errado. Eu precisava estar errado. Pelo bem do que eu mais amava, do que eu defenderia com a minha vida se fosse preciso. Fabíola podia estar sedenta por vingança, mas eu também tinha um motivo para lutar, um que me faria fazer qualquer coisa, a única razão que restava no meu mundo: Melody Swan.

-


N/A:  Primeiramente, sim, eu sei que essa segunda parte ainda é mais confusa do que a primeira, se duvidar. A história, novamente, não termina aí. Terá, pelo menos, mais uma parte. Porém, essa próxima parte não está escrita, então não sei quando sairá...
Ah, os nomes das partes são nomes de músicas que tem algo relacionado aos capítulos. Essa é Here Comes The Storm, do McFLY, por exemplo, e tem uma parte em especial que diz: "Você foi e fez as coisas que nos traíram, E se eu fizer o mesmo, se isso fosse real... Como seria? Não posso mentir, estou cansado de você me tratando tão friamente. Essa noite, isso acabará, ou você fica ou você vai."

Mais uma coisinha... O castelo citado, realmente existe em ruínas, é só copiar o nome e colar no google, caso queiram ver, rs.

Love,

- A.K. Cardoso




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Autor(a): akcardoso

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Comentários:thailavondy: Obrigada pelo apoio sempre, é muitíssimo importante. Fabíola, Melody... Sempre tem uma problemática e um mistério nas minhas histórias, rs.- O que acontece com as pessoas? Eu consigo entender que elas mudem, mas algumas mudanças as desfiguram, tiram sua essência, sua alma. Nesse cas ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 22



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  • thailavondy Postado em 04/06/2011 - 23:28:47

    1°web que eu leio que não é vondy e adorei

  • thailavondy Postado em 04/06/2011 - 23:28:09

    amei!!!!

  • thailavondy Postado em 04/06/2011 - 23:27:41

    perfeita!!!!vc ja disse tudo na nota so me resta ressaltar o quanto foi perfeita a web realmente fabiola black não é de todo o mal cuida de malody a ama e continua a amar fernando

  • thailavondy Postado em 03/06/2011 - 15:47:59

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  • thailavondy Postado em 01/06/2011 - 12:21:54

    morrendo de saudade s2

  • thailavondy Postado em 29/05/2011 - 18:11:27

    ai amiga vou esperar como louca o proximo post

  • thailavondy Postado em 23/05/2011 - 14:55:25

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  • thailavondy Postado em 20/05/2011 - 14:12:02

    ai amore so quero te avisar que vou sumir esse fim de semana mais é por motivo de força maior sabado vou trabalhar na faculdade pra conseguir horas pra acc e provavelmente vou chegar tarde e morta e no domindo vou estudar ate dizer chega pois na segunda tenho uma prova odiosa de historia da educação acho que so volto mesmo na segunda a tarde ou na terça tambem a tarde desculpe mesmo mais prometo compensar com muitos comentarios

  • thailavondy Postado em 18/05/2011 - 22:18:42

    Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!Posta mais!:)

  • thailavondy Postado em 12/05/2011 - 15:46:05

    o proximo post promete muito!!!!!


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