Fanfics Brasil - III - Desastre Natural Heartless

Fanfic: Heartless


Capítulo: III - Desastre Natural

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Comentários:
thailavondy: Obrigada pelo apoio sempre, é muitíssimo importante. Fabíola, Melody... Sempre tem uma problemática e um mistério nas minhas histórias, rs.
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 O que acontece com as pessoas? Eu consigo entender que elas mudem, mas algumas mudanças as desfiguram, tiram sua essência, sua alma. Nesse caso, eu me refiro a uma mudança que eu nem assisti, mas que me custa imaginar o quanto tenha alterado aquela pessoa. Novamente, é sobre Fabíola Black que eu estou pensando, porque sim, mesmo depois de tudo que ela me colocou contra, eu estava aqui, mais uma vez, fugindo com ela. E naquele momento, observando-a dormir em meu ombro, ela parecia normal. Não parecia a mulher que tinha o pólo norte no lugar do coração. Era tão indefesa como qualquer outra pessoa, qualquer coisa que fizessem poderia afetá-la. Claro, eu duvidava que qualquer dor física fosse machucá-la mais do que a tortura psicológica que ela alimentou, ao buscar vingança contra os soldados da revolta que mataram os pais dela na frente de casa, enquanto ela, ainda adolescente, assistia da janela.
 As estrelas começavam a subir na linha do horizonte e era quase hora de acordar o anjo negro ao meu lado. Mesmo que eu não quisesse fazer isso, Andrew Fletcher, o novo aliado dela, o faria de qualquer forma. Desde que ela adormecera, ele me olhava de uma forma irritante, que eu não sabia – ou talvez apenas não quisesse – interpretar.
 Me deixei perder nos pensamentos, nas lembranças. Os últimos dias, os últimos anos. Como um furacão, tudo estava misturado, girando, prestes a ser levado, destruído.

 – Fernando... – aquela voz ainda me fazia estremecer, mas não pelas mesmas razões. – Você... Eu não posso, por favor.
 – Sinto muito, Angélica. Eu também não. Eu queria poder...
 – Podemos tentar. Precisamos. – vi o medo naquele rosto que eu conhecia há mais de anos.
 – Certo. – cedi, suspirando, me sentindo derrotado. – Vamos tentar.

 Ela me abraçou e eu não consegui repeli-la, mesmo sem ter vontade de segurá-la tampouco.

 – E quanto ao Oliver?
 – Você sabe que nunca aconteceu nada. – ela revirou os olhos. – Ele é meu amigo, deixe de implicância, pode ser?
 Eu tive vontade de dizer que não, que não dava pra ser, que não era. Eu não era cego, via a forma como ele a olhava. Estava sendo hipócrita ao sentir ciúme, é claro, afinal, ele talvez fosse muito mais digno do amor de Angélica do que eu.
 Olhei pro céu pintando-se de avermelhado, um raio caiu ao longe. Naquele momento eu soube que as coisas não estavam bem, talvez nunca ficassem.

 Aquela memória ficou turva, enquanto outra se misturava, tomando seu lugar...

 – A família O’Donnel mora logo ali. – ela apontou para uma casa. – Podemos tomar turnos naquele beco, ou simplesmente rondando a rua... De noite é melhor, podemos sair com mais facilidade. Podemos tentar entrar na casa ou algo assim... Fernando? Está me ouvindo.
 – Eu... – tentei achar forças, mas sentia meus órgãos vitais congelados, sentia um tremor interior, provavelmente pânico. – Eu gostaria que você não fizesse isso, Fabi. Já investigamos três famílias, por favor...
 – O que reduz três da nossa lista. Vamos achá-los, Fernando, não se preocupe.
 – Eu me preocupo justamente com isso!
 – Já falamos sobre isso... – suspirou cansada.
 – Ainda podemos apagá-lo. – Andrew, sempre esperançoso em acabar comigo, entrou na conversa. – Não fará falta.
 – Cala a boca, Fletcher! – falou entre dentes. – Não farei nada com o Fernando, supere isso.
 – Seu funeral... – respondeu amargurado.
 – Ele não vai estragar isso. Ele sabe que é a única forma que eu tenho de viver em paz... – ela virou para mim novamente. – Não sabe?
 – Fabi... – pedi.

...

 – Hei! Lewis! – A voz de Andrew me chamando, me trouxe para o presente novamente. – Vou precisar ir até aí acordá-la?
 Fiz careta.
 – Hei Andrew... Eu me pergunto se você tem família. Porque se teve algum dia, saberia a gravidade do que essa... criatura – palavras sempre me faltavam para descrever Fabíola – está prestes a fazer.
 – Acontece que não, Fernando. Eu não tenho. Nunca tive. – respondeu seco.
 – Deixe-me adivinhar – revirei os olhos, sentindo meu estômago afundar em desânimo, pelo pensamento amargo – Você também perdeu sua família em uma espécie de guerra. Por isso quer ajudá-la a se vingar?
 – Na verdade não. – ele exibiu um sorriso de canto, sem emoção. – Ou melhor, mais ou menos. Meu pai foi soldado, morreu na guerra. Então minha mãe me abandonou em um orfanato. Ela não queria mais viver, não encontrava razões. Não tinha capacidade de cuidar de mim... Também tenho meus motivos pra odiar guerras, afinal. Estou nessa com ela, porque o meu pai foi morto. Os soldados deveriam proteger uns aos outros, não é? Por não fazerem isso, eu também perdi minha família... Quando você está em uma luta com alguém, você tem como dever moral proteger quem luta ao seu lado. Se apontassem uma arma para Fabíola, eu me jogaria na frente da bala sem hesitar, e se fosse com você, mesmo não tendo particular amizade, faria o mesmo. Não se trata de gostar ou não, se trata de defender os seus. Muitas vezes é sobre isso. Nem sempre soldados lutam por amor a causa pela qual lutam. Às vezes tem a ver com o compromisso que assumiram, com os vínculos que criaram... Mas não foi assim com meu pai.
 – ... Obrigado. – ele me encarou confuso. – Você contou uma história que deve doer. E, sendo verdade ou não, você disse que levaria um tiro por mim também. Mesmo quando eu sou o cara que está apaixonado pela mesma garota que você.
 – Garota que ficará uma fera se não acordarmos ela agora. – ele sorriu, desconcertado com a situação.


 Chamei Fabíola que acordou de um salto, mas logo sorriu ao nos ver. Enquanto se espreguiçava, começou a repassar detalhes com Andrew. Naquela noite eu ficaria no beco, vigiando a casa, enquanto os dois iam se encontrar com mais um dos contatos de Andrew. Ele havia entrado em contato para cobrar alguns velhos favores, então essa pessoa havia cruzado as informações e chegara a três nomes. O contato de Andrew também conseguira uma foto do grupo na época, possibilitando assim que Fabíola reconhecesse a pessoa que ela tanto queria encontrar.
 Sabe quando o mar puxa a água muito depressa, anunciando o tsunami? Era mais o menos isso que eu sentia estar vendo. Em breve, ela poderia conseguir alcançar seu objetivo, mas eu torcia para que ela não conseguisse identificar nenhum dos soldados.
 Fabíola se despediu de mim com um beijo no rosto e um sorriso, pedindo que eu desejasse boa sorte a eles, e, vendo a careta que eu fiz, ela riu. Eu realmente me preocupava com ela. Como eu queria que ela fosse a garota inocente e indefesa que parecia quando a conheci...
 A noite se arrastou. Vi os O’Donnel na sala de estar. Ela vendo o noticiário, enquanto ele brincava com uma menininha que eu calculei ter um ano e alguns meses. Eles eram uma família feliz.
 Melody...
 Balancei a cabeça, tirando os pensamentos que tentavam invadir. Não era hora para esse tipo de pensamento. Eu devia concentrar minhas forças em pedir aos céus para que Fabíola não encontrasse o que procurava.
 A senhor O’Donnel se levantou, pegando a bebê no colo. Ela ria e eu imaginei o quão gostoso deveria ser aquele som. Doeu imaginar. Eles eram uma família feliz. Pensamentos como esse me atormentaram em cada estado que estivemos, à cada família que observamos, mas, dessa vez, com a possibilidade do fim aproximando-se, eu realmente sentia os temores fazerem minha pele se arrepiar.
 Como Fabíola podia ser tão sem coração?
 Levantei-me, andei de um lado para o outro, sem sair do beco. Vi O’Donnel subir com a criança. Vi quando ele voltou ao andar debaixo e beijou a senhora O’Donnel. O vi pegá-la no colo para levá-la para o andar de cima. E, antes de ver as luzes se apagarem no andar debaixo, a vi jogar a cabeça para trás em uma risada. Escorreguei pela parede, cansado. Aquela tarefa era desgastante. Era terrível, era tensa. Deitei-me no chão frio de concreto. O céu estava estrelado, nenhuma nuvem pairava em agouro. Quanto tempo teria passado? Onde estariam Andrew e Fabíola?
 Meus olhos amoleceram e aos poucos fui sendo tomado pela inconsciência...

 – Fernando – a doce voz de Angélica me chamava. Seu olhar era indagador.
 – O que foi? – sorri, mesmo que a alegria não estivesse dentro de mim.
 – Eu... Tenho pensado em alguns nomes. – ela passou a mão pela barriga, mesmo que ainda não estivesse muito visível. – Mas eu queria que você opinasse.
 Sorri com a preocupação dela, mas me senti mal em não amá-la. Era errado, não era? Sentir-se mal por não amara alguém?
 – Diga os nomes que pensou. – acariciei os cabelos dela, quando ela deitou a cabeça no meu ombro. Eu podia não amá-la, mas a respeitaria e cuidaria dela para sempre.
 – Se for menino, Thomas. – ela me olhou, buscando minha aprovação, eu sorri concordando. – Se for menina... Não sei, eu gosto de Melody.
 – É um lindo nome. – concordei. – Eu gosto dos dois, na verdade. Mas acho que será menina.
 – Também acho. – ela sorriu timidamente. Eu gostava da forma como, às vezes, ela ainda ficava envergonhada na minha presença. – Acho que fomos o casal a fazer isso mais rápido.
 – Provavelmente. – eu ri. – Talvez na história da humanidade.
 – Fernando... – ela chamou.


 – Fernando? – senti o toque em meu braço e abri os olhos, dando-me conta da realidade e de Fabíola já abaixada ao meu lado. Andrew estava em pé na entrada do beco, de costas para a rua, de braços cruzados, nos observando.

 – E então? – passei a mão pelo rosto, sentindo um frio na barriga. – Como foi?
 – Eu reconheci o soldado. – ela estava séria.
 – Então... Para onde vamos?
 – Lugar nenhum.
 – Você...? – eu tinha esperança que ela tivesse desistido, mas medo era a sensação dominante em meu corpo.
 – Eu quero dizer que foi Marcus O’Donnel. – ela esclareceu. – Iremos acabar com isso agora.

 Eu devia dizer algo, eu sabia que devia. Eu precisava. Mas o pânico e o desespero me impossibilitavam de me mexer ou produzir qualquer som. Eu sentia cala-frios por todo meu corpo. Fechei os olhos com força.
 Melody...
 Fabíola limpava as mãos, levantando-se. Levantei de um pulo, ela sorriu.

 – Fabíola, por favor... – implorei
 – Para com isso, Lewis! – Andrew revirou os olhos.
 – Fabíola, eu te suplico! – ignorei os resmungos de Fletcher. – Por mim!
 – Não posso, Fernando. – ela abaixou o olhar. – Eu vim muito longe, cheguei muito perto pra simplesmente virar as costas e desistir.
 – Nem é o Marcus O’Donnel que mora aí! – eu estava muito impaciente.
 – E você acha que algum dia ela pretendeu fazer algo diretamente a ele? – Andrew me olhou, rindo de minha inocência. – Ela quer vingança, Fernando, ela quer pagar na mesma moeda.

 Olhei de Andrew para Fabíola, esperando que ela negasse, mas não aconteceu. Eu já não sabia o que fazer.

 – Vamos, Fernando. – ela me olhou, tentando entender o que se passava em minha cabeça. – Andrew.

 Andrew foi até mim, pegando meu braço com força e me fazendo andar. Saímos do beco, a fraca iluminação do poste de luz devia denunciar minha palidez, porque Andrew Fletcher me olhou de forma indagadora.

 – Não desmaie, Lewis. – ele pediu.


 Aquela noite era a ocasião perfeita. Os vizinhos dos O’Donnel haviam saído, então era provável que ninguém ouviria nada – a casa do outro lado estava desocupada.
 Fabíola deu mais uma demonstração das coisas que aprendeu nos anos em que se preparou para aquele dia, abrindo a porta com certa facilidade. Senti o frio percorrer meu corpo ao adentrarmos a sala. Andrew rapidamente me puxou, tapando minha boca, levando-me atrás de um armário, segurando-me ali. Eles deviam ter planejado aquilo durante a noite, sabiam que eu era contra a idéia. Como eu não pensei nisso antes?

 – Quem está aí? – a voz masculina surgiu no topo da escada.

 As luzes foram acesas, e mesmo sem ver a cena, eu sabia que Fabíola sorria.

 – Quem é você? – Perguntou O’Donnel.
 – Meu nome é Fabíola Black. – a voz dela denunciava a empolgação. – Conheci seu pai durante a rebelião...
 – Oh. – ele pareceu um pouco aliviado.
 – Ele matou meus pais, meros civis, na porta da minha casa. Eu vi tudo da minha janela.

 O silêncio tenso se estalou.

 – Sinto muito. – ele disse por fim. – Mas peço que se retire, senhorita. Não me faça chamar a polícia.
 – Oliver, o que está acontecendo? – senti um cala-frio ao ouvir a voz feminina na escola e reuni minha força para me mexer o suficiente para conseguir socar a boca do estômago de Andrew, saindo assim do esconderijo. Vi os rostos surpresos olharem de Andrew que caiu de dor, para mim.

 – Fernando? – Oliver estava surpreso, e o olhar de Fabíola correu em minha direção.
 – Fernando, o que...? – a mulher no topo da escada pedia por uma explicação.
 – Eu posso explicar, Angélica. – olhei para Fabíola. – Por favor, Black. Essa... É a minha família.

 O silêncio reinou novamente, dessa vez, todos ficaram tensos com a situação. Aquela era a tão esperada erupção do vulcão.

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N/A: Aí está a terceira parte da "Mais fria das histórias já contadas". Acredito que consigo terminá-la em mais uma parte (apesar de que, talvez, vá ficar um pouco maior), mas não sei quando vai sair. Na verdade, preciso agradecer à Thaila por essa parte ter sido escrita tão rápido, afinal, foram os pedidos dela que, como sempre, me incentivaram. Ah, e se ficou confuso, Lewis é o sobrenome do Fernando, Fernando Lewis. Acho que não tinha sido citado até então... Mais uma coisa, a música dessa parte III (que inspirou, deu nome e tal) foi Natural Disaster, da Alexz Johnson, só pra informar mesmo, rs.
Enfim, assim que possível, postarei o final dessa história!

Love,

- A.K. Cardoso




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Autor(a): akcardoso

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Comentários:thailavondy: Gracias por acompanhar. Finalmente, chegamos na última parte... Mas não se esqueça do que diz a música que deu origem a história: "A mais fria das histórias já contadas". Oh, e se prepare porque ainda hoje posto na déjame sobre o segredo da Beli!- Sabe quando o tempo parece congela ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 22



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  • thailavondy Postado em 04/06/2011 - 23:28:47

    1°web que eu leio que não é vondy e adorei

  • thailavondy Postado em 04/06/2011 - 23:28:09

    amei!!!!

  • thailavondy Postado em 04/06/2011 - 23:27:41

    perfeita!!!!vc ja disse tudo na nota so me resta ressaltar o quanto foi perfeita a web realmente fabiola black não é de todo o mal cuida de malody a ama e continua a amar fernando

  • thailavondy Postado em 03/06/2011 - 15:47:59

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  • thailavondy Postado em 01/06/2011 - 12:21:54

    morrendo de saudade s2

  • thailavondy Postado em 29/05/2011 - 18:11:27

    ai amiga vou esperar como louca o proximo post

  • thailavondy Postado em 23/05/2011 - 14:55:25

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  • thailavondy Postado em 20/05/2011 - 14:12:02

    ai amore so quero te avisar que vou sumir esse fim de semana mais é por motivo de força maior sabado vou trabalhar na faculdade pra conseguir horas pra acc e provavelmente vou chegar tarde e morta e no domindo vou estudar ate dizer chega pois na segunda tenho uma prova odiosa de historia da educação acho que so volto mesmo na segunda a tarde ou na terça tambem a tarde desculpe mesmo mais prometo compensar com muitos comentarios

  • thailavondy Postado em 18/05/2011 - 22:18:42

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  • thailavondy Postado em 12/05/2011 - 15:46:05

    o proximo post promete muito!!!!!


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