Fanfic: CANCELADA
Suspirei depois de bater com o copo sujo no balcão, mais uma cerveja, por favor.
Nessa noite só havia o barulho das bolas de sinuca rolando e chocando sobre a mesa, a voz gutural de homens sem interesse algum na vida e outros risos. Não havia ela.
Com amargura ergui meu copo como que brindando pelos dias que havíamos passado juntos - típico foi bom enquanto durou. Sorvi aquela cerveja amarga e fiz uma careta sentindo a bebida quente rasgando minha garganta. Horrível.
Mas não era pela cerveja que eu me sentiria pior, já estava tudo dando errado de qualquer maneira.
De olhos fechados eu ainda podia sentir como era bom meus dedos deslizando por sua pele macia, mas bastava abri-los para lembrar que ela havia partido. Sim, Dulce havia partido deixando-me com a certeza - mais do que nunca - de ser um demônio.
Ela apareceu, foram dias intensos que passamos juntos, eu inclusive havia mudado meu jeito de ser para que tudo não se tornasse um empecilho - no fundo era para que ela desistisse de uma vez dessa ideia de ninguém ser boa o suficiente. Eu fui paciente, coerente, não exigente... Eu a acompanhei em algumas de suas loucuras e durante a noite, eu sei, eu a fazia mais mulher do que qualquer um dos homens que tenham passeado ao seu lado. Só eu a completava.
Então com seu jeito decidido, ela partiu, tão rápido como quando surgiu e mexeu comigo, ela simplesmente partiu.
- É muito bom - ela disse pondo o livro de lado, o meu romance.
- Obrigado - eu disse com um sorriso. - Eu acho.
- Sabe - ela pareceu empolgada. - Eu tomei uma decisão...
E então ela se foi, indo atrás do sonho que o pai a proibia de seguir, ela decidiu lutar contra a maré e ir.
Fechei meu punho ao me lembrar a naturalidade com que ela falava, como se fosse a coisa mais simples e fácil de todas, e para ela deveria ser mesmo eu é que fui burro o suficiente para acreditar que ela poderia mudar, pelo menos um pouco - nem que fosse um terço do tanto que eu fui capaz de mudar por ela.
Demônio.
Demônio.
Demônio.
Minha mão voltava a escrever, repetidas vezes, cansando-se mais ainda assim continuava, eu não conseguia evitar, ela se fora e isso criara um sentimento tão ruim - desconhecido - em meu interior, que minha única vontade agora era de gritar. Gritar e jogar longe qualquer misero objeto que aparecesse em minha frente.
Ela era um demônio.
Seca. Rude. Insensível.
Ela abusara de sua beleza, me seduzira e agora partia.
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Ela abusara de sua beleza, me seduzira e agora partia. Droga. E o que mais me incomodava era saber que eu não havia sido o primeiro - certamente não - e nem seria o último. No fim das contas Dulce se mostrava mesmo pior do que as irmãs, ela usava e jogava fora. Ela sabia a todo instante o que fazia. Droga. Meu sangue fervia de ódio e eu n&a ...
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