Fanfic: Assassinato

A polícia de Washington fechara a portaria do Hotel Makers, apesar de alguns curiosos ainda insistirem em continuar querendo saber o que havia acontecido. Nunca houve um episódio em que a polícia estivesse no hotel, aquele lugar era calmo, e não muito falado entre os moradores daquela região. Alguma coisa realmente estranha acontecera.

            Dentro do hotel, no 2º andar, apartamento 211, três policiais acompanhavam a perícia do corpo de Samantha Ashes, assassinada ao inalar gás de cozinha. Ninguém falava nada ali, estava silencioso e monótono.

            Joe Hilton era consolado pelo amigo, Ted Peter, no sofá do apartamento. Ted procurava ser o máximo discreto possível, pois achava que se tocasse em algo que lembrasse Samantha, Joe provavelmente teria um de seus acessos de fúria repentinos.

            - Não fica assim não, cara, esse momento vai passar, você vai ver...

            - Não sei mais o que eu faço, Ted. – Joe passou a mão na cabeça. – Sem ela eu não vou conseguir viver...

            Ted deu tapinhas amigáveis nas costas de Joe. Era difícil dizer algo quando um assassinato acontece, e é a pessoa de quem se gosta. Joe tinha seus motivos para estar sofrendo, afinal, ele amava Samantha.

            Um dos policiais que acompanhava a perícia aproximou-se de Joe. Ted levantou-se e, dizendo que ia beber alguma coisa, permitiu que o policial sentasse ao lado do amigo.

            - Hilton? – chamou o policial, atraindo a atenção de Joe. – Eu queria fazer algumas perguntas para você, se puder nos ajudar na investigação.

            - Claro, eu... – Joe enxugou com a palma da mão as lágrimas que teimavam em sair de seus olhos. – Pode perguntar o que quiser, policial.

            - Obrigado. – o policial tirou um bloco de notas e uma caneta do bolso de seu uniforme. – Bem, a que horas você chegou aqui no apartamento de Samantha Ashes?

            - Era oito e meia da noite, ela me ligou para pedir que viesse aqui, disse que tinha algo para me falar... – Joe puxava da memória o que aconteceu antes de chegar ao apartamento. – Depois que eu desliguei o telefone, saí correndo de casa, passei em um posto de gasolina e vim direto para cá. Quando cheguei aqui, o Ted já veio me alertar do que aconteceu.

            - Entendo. – o policial anotou no bloco de notas Ted Peter estava no hotel, antes que Joe Hilton chegasse para encontrar-se com a vítima. – Mas você não chegou a saber o que exatamente a Samantha queria falar com você?

            - Não, ela estava relutante e um pouco nervosa, dava para notar pela voz dela, eu não imaginava o que ela estava querendo me dizer...

            - E quanto tempo levou a sua viagem de sua casa até aqui, Joe?

            - Aproximadamente quinze minutos, a estrada estava um pouco vazia essa noite, e isso me deu tempo para chegar aqui mais cedo, ou mais tarde. – Joe engoliu em seco.

            - Quando você chegou aqui no hotel, você disse que o Ted foi o primeiro que você viu, estou certo?

            - Sim.

            - O que exatamente ele falou para você?

            - Disse que não era para eu subir, que havia acontecido algo com a Samantha. Eu fiquei desconfiado, mas pensei que ele talvez estivesse louco. Mesmo assim resolvi subir, e quando entrei aqui, senti um cheiro horrível de gás, e a Samantha estava ali, caída no chão, morta.

            - Você tocou no corpo?

            - Não, não tive coragem... Eu sabia que ela estava morta, ninguém sobreviveria quando se está inconsciente e inala um forte cheiro de gás. Foi um assassinato planejado, eu tenho certeza disso.

- Bom, é só essas perguntas. Pode ficar tranquilo que as investigações vão começar o quanto antes, e o assassino será punido.

            - Obrigado, policial.

            Ted voltava da cozinha, quando o policial chamou-o em um canto, um pouco afastado de todos. Ted se perguntou o que o policial queria com ele, e como se o outro lesse seus pensamentos, respondeu prontamente:

            - Quero fazer algumas perguntas, Ted, se não se incomodar.

            - Claro, senhor, estou aqui para ajudá-los a encontrar o culpado pelo crime.

            - Ted, a que horas chegou aqui?

            - Não sei exatamente que horas eram, mas se eu não me engano, entre quinze minutos para as nove e dez para as nove.

            - Hum, e quando chegou aqui, o que fez primeiro? E qual foi o motivo de estar aqui?

            Ted ficou um pouco em silêncio, o que rendeu ao policial um momento para escrever em seu bloco de notas relutância na resposta de Ted Peter?, e quando Ted falou, ele guardou o bloco rapidamente.

            - Eu só estava aqui porque havia esquecido um livro que eu ia precisar para estudar para uma prova, a Samantha tinha pedido emprestado, quando me lembrei que estava com ela, já era mais ou menos na hora de fazer a prova. Mas, quando apertei a campainha da porta do apartamento e não obtive resposta, fiquei com medo de que ela não estivesse aqui, e tentei a maçaneta. A porta estava aberta, então entrei e senti um cheiro de gás, e vi a Samantha no chão. Nem pensei duas vezes e já saí correndo do apartamento.

            - E ao ver o corpo, não tocou nele ou em qualquer parte do fogão?

            - Não, na hora eu nem pensei em me aproximar de nada, queria apenas avisar vocês que a Samantha estava morta, e quando estava na recepção acabei encontrando o Joe.

            - Que horas eram quando você e o Joe se encontraram na recepção? Pode se lembrar, mais ou menos, Ted?

            Ted mais uma vez pensou para responder. O policial aguardou pacientemente com a mão no bolso, para o caso de precisar pegar seu bloco e sua caneta.

            - Não me lembro, policial. Estava muito nervoso com o que tinha visto, que nem mesmo pensei em olhar para o relógio. Foi uma pena não ter ninguém na recepção, o assassino com certeza sabia que a essas horas não tem alguém por lá.

            - É a primeira vez que vem aqui?

            - Não, já tive algumas vezes com a irmã da Samantha, com o Joe e com o ex-namorado dela, o Matt. Nós éramos um grupo unido, se é que você me entende, adorávamos sair juntos, e estudar juntos.

            - Entendo. – o policial assentiu com a cabeça. – É só o que tenho a perguntar, Ted. Muito obrigado por responder.

            - Estamos às ordens. – Ted sorriu e foi sentar-se novamente ao lado de Joe.

            O policial, então, voltou para perto dos outros dois companheiros e do perito, que terminava seu trabalho. Um dos policiais virou-se para o recém-chegado e perguntou:

            - Interrogou os garotos?

            - Sim, e consegui algumas anotações, o básico, para a gente investigar.

            - Que fim para uma bela moça... – o policial balançou a cabeça. – Vamos ter um longo trabalho pela frente, temos que botar a mão nesse assassino.

            O policial confirmou com um aceno de cabeça, e passou a observar Ted Peter, conversando com Joe. Um suspeito incrivelmente estranho, pensou consigo mesmo.