Fanfic: Assassinato

Três anos antes.

            Joe, Samantha, Ted e Matt entraram no apartamento, com bebidas alcoólicas nas mãos. Em seus rostos, havia uma animação extravagante, uma que nunca sentiram antes. Todos se sentaram no sofá, rindo.

            - Ah, não consigo tirar da cabeça a cara de indignação da Sra. Withley quando viu que eu havia entregado o trabalho errado! – riu-se Samantha, abraçada ao namorado, Matt.

            - Mas você sempre fez isso, não sei por que ela se mostrou tão surpresa. – brincou Joe. – Aliás, você é meio cruel com alguns professores.

            Samantha soltou uma gargalhada. Matt afagou seus cabelos, lentamente. Ted abriu uma garrafa de vinho e virou-a em sua boca.

            - Ei, Ted, vai devagar aí, cara. – advertiu Joe. – Sua mãe me deixou a responsabilidade de cuidar de você.

            - Ah, dane-se tudo... – Ted hesitou antes do segundo gole. – Hoje eu quero curtir, sem me preocupar com nada.

            Joe balançou os ombros, colocando a responsabilidade nos ombros do amigo. Tentava se importar com ele, mas, tinha que admitir, Ted era muito teimoso.

            Samantha se levantou, decidida a arrumar alguma coisa para todos comerem. Matt foi até a estante onde ficava um aparelho de som e pegou alguns CD’s.

            - O que vocês gostam de ouvir? – Perguntou, mostrando os CD’s aos amigos.

            - Rock. – Responderam Joe e Ted.

            Matt, então, pegou um CD de Marilyn Manson e inseriu-o no aparelho. Quando a música começou a tocar, Samantha gritou da cozinha:

            - EU AMO ESSA MÚSICA!

            Ted explodiu em uma gargalhada. Matt olhou-o com uma expressão cautelosa, o que atraiu a atenção de Joe.

            - Ele é assim mesmo quando bebe. – explicou Joe, tirando a garrafa de vinho das mãos do amigo. – Não liga não.

            Matt assentiu, aparentemente divertindo-se com a situação de Ted, e se dirigiu à cozinha. Samantha, ao ver o namorado, sorriu e beijou-o, num ritmo devagar e combinatório. Matt se ofereceu para ajudá-la.

            - Não, amor, não precisa, eu me viro. – Samantha fez com que Matt recolocasse a panela que havia pegado sobre a pia.

            - Não quero que você se vire sozinha. – teimou Matt. – Você é minha prioridade, lembre-se disso sempre que tentar me impedir de ajudá-la.

            Samantha sorriu e assentiu, sabendo que havia perdido. Não adiantava discutir com Matt, ele sempre colocava obstáculos nas coisas mais simples, e discutir com ele era a última coisa que ela faria.

            Matt colocou um ovo na frigideira, fazendo passos animados conforme a música na sala avançava. Samantha lavava alguns tomates, cortando-os em fatias iguais.

            - Quero propor um desafio. – Sugeriu Matt.

            - Adoro desafios. O que é agora? – Samantha parou com o que estava fazendo e olhou para o namorado.

            Matt inesperadamente pegou o cabo da frigideira que acabara de ir ao fogo e a forçou para cima. O ovo que estava dentro dela subiu no ar, depois caiu exatamente onde estivera.

            - Consegue fazer isso? – perguntou Matt, sorrindo, ao ver a expressão de surpresa nos olhos de Samantha. – Se conseguir, vou dar uma surpresa para você.

            Samantha se sentiu com uma coragem inimaginável. Sem hesitar, pegou o cabo da frigideira que Matt lhe oferecia e a forçou para cima. O ovo não subiu, e ela sentiu-se incapaz.

            - Tente novamente. – Aconselhou o rapaz.

            Inspirando o ar, e depois soltando-o numa respiração calma, Samantha forçou novamente a frigideira para cima, e dessa vez o ovo subiu no ar, dando uma volta e depois caiu na frigideira, como antes.

            - Consegui! – ela estava rindo, sem mesmo pensar que poderia parecer criancice de sua parte. – Pelo menos o ovo deu uma volta.

            - Tudo bem, o desafio foi vencido por você. – entregou Matt. – Eu estou surpreso com sua habilidade.

            Os dois se envolveram em um abraço, beijando-se apaixonadamente. Joe, que os observava da entrada da cozinha, franziu as sobrancelhas, num gesto claro de dor. Ted se aproximou dele e viu sua expressão.

            - Você ainda gosta dela, não é? – Sussurrou.

            - Não sei do que você está falando. – Desconversou Joe, voltando à sala.

            - Sabe sim, Joe. – teimou Ted. – Você é apaixonado pela Samantha, é óbvio até mesmo para quem não conhece vocês. Eu sei o que deve estar passando pela sua cabeça agora, cara, e eu aconselho você a não fazer nenhuma loucura.

            - Ted, eu... – Joe se perdeu momentaneamente.

            - A Samantha não merece ver você dando uns murros na cara do Matt, apesar de ele precisar disso para tomar mais vergonha na cara. Ela é sua amiga, apesar de tudo, nossa amiga, Joe.

            Joe andou pela sala, pensativo, ignorando qualquer reação desesperada. Não, ele não queria bater em Matt, muito menos deixar Samantha sofrendo. Ele queria apenas um momento a sós com ela, falar de seus sentimentos, dizer o quanto ainda a amava. O quanto sempre a amou.

            - Ei, você está bem? – Perguntou Ted, aproximando-se do amigo.

            - Claro, claro... – Joe limpou o suor que escorria de sua testa. – Não foi nada de mais, apenas estava pensando. Eu não vou fazer nada, Ted. É uma noite para ser comemorada, não para ser estragada, então, que assim seja.

            Ted concordou em silêncio, e ofereceu a Joe a garrafa de vinho. Joe aceitou sem hesitar, e já no primeiro gole, teve a sensação de que sua garganta estava queimando. Mas isso não era o único ponto que importava.

            Na cozinha, Matt e Samantha continuavam com seus deveres, agora ele estava terminando de fritar o segundo ovo, e ela fatiava um salame em um prato. Samantha, por algum motivo, sentia-se insegura e um pouco confusa ao lado de Matt. Lembrava-se que Joe ainda tinha algo a lhe dizer, algo que ela não imaginava o que seria. Mas ela ansiava por aquilo, e gostaria de um momento a sós com ele, em qualquer lugar, apenas para saber o que ele iria dizer.

            - Hum, Matt? – disse ela, virando-se para o namorado. – Você poderia fazer um favor para mim?

            - Claro, amor, pode pedir.

            - Eu esqueci dois refrigerantes no carro, você poderia pegá-los para mim?

            - Ah, você não pensou que eu não ia lembrar, não é? – Brincou Matt, indo até despensa e trazendo uma sacola com dois refrigerantes.

            Samantha riu, sentindo seu rosto corar. Não seria agora a conversa com Joe, e seja lá quando fosse, ela teria que ser esperta. Mais esperta do que Matt.