Fanfic: Assassinato

No dia seguinte ao assassinato de Samantha, o policial localizou imediatamente a irmã dela, Ashley. Ao ver o policial, Ashley sentiu um tremor em suas pernas, mas mesmo assim permitiu que ele entrasse em sua casa.

            Na sala de estar, Ashley deu ao policial um copo de café, o que o deixou satisfeito de início. Uma pessoa educada e ágil, pensou ele, memorizando aquele ato.

            Depois de explicar a ela o que havia acontecido, e quase ter que levá-la ao hospital, por causa da repentina revolta de desespero, o policial acalmou-a, com um copo de água com açúcar.

            - Obrigada. – Ashley sussurrou, incapaz de pensar numa forma de demonstrar a dor da perda.

            - Eu não queria ter que dar essa notícia para você, Ashley, mas infelizmente você saberia por outra pessoa, mais cedo ou mais tarde.

            - Certamente. – a garota enxugou uma lágrima com as costas das mãos. – Mas, não é só por isso que você está aqui, não é?

            - Não. – o policial assentiu, achando que chegara a hora. – Apesar de ver o quanto dói para você saber que sua irmã está morta, eu queria, se você pudesse, lhe fazer algumas perguntas. Ajudaria no caso de sua irmã, você pode ter certeza.

            Ashley hesitou alguns instantes, olhou para a fotografia de Samantha que estava na mesa de centro, e só então aceitou o interrogatório, de repente sentindo a boca seca.

            O policial pegou seu bloco e sua caneta e fez uma anotação antes de começar, calmamente:

            - Ashley, como era a convivência com a sua irmã? Vocês duas eram unidas, amigas, ou viviam em intrigas?

            - Fazia muitos dias que eu não a via, policial, não sei o que era mais importante para ela, se era os amigos ou a família. Ela e eu sempre fomos confidentes uma da outra, tudo o que fazíamos íamos juntas, não nos desgrudávamos para quase nada. Mas os amigos dela atrapalharam nossas vidas, e os namorados, e o bebê dela.

            - Samantha tem um filho? – O policial estava incrédulo.

            - Sim, você não sabia? – Ashley franziu as sobrancelhas. – Ela engravidou de não sei quem, só fiquei sabendo que ela estava grávida quando estava no último mês, ela nunca me visitou nesse período.

            O policial estava interessado nessa gravidez que não foi comentada por Joe ou por Ted, mas não era o momento certo de questionar sobre isso. Voltando sua atenção para o presente, ele perguntou:

            - Qual era seu real sentimento pela Samantha?

            - Eu gostava da minha irmã, nós duas meio que disputávamos quem era a melhor, e meu pai sempre preferiu a ela que a mim. Samantha era especial para mim, policial.

            Quando ouviu os fatos do passado de Ashley, o policial não pôde deixar de anotar em seu bloco trauma do passado pode ter influenciado afastamento de Ashley e Samantha Ashes? Ashley engoliu em seco, curiosa com o que seu companheiro havia escrito.

            - Hum, uma pergunta de rotina, Ashley. – o policial assumiu um tom de voz que mostrava que era a última pergunta. – Ontem você chegou a se encontrar com sua irmã, entre as oito e quarenta e cinco da noite até nove da noite?

            - Não, eu fui ao apartamento dela ontem de manhã, ela me convidou para um almoço, mas não chegou a comentar qual era a comemoração. À tarde eu voltei, dormi até mais ou menos sete da noite e então acordei para fazer a janta.

            - E, se me permite, você pensa em alguém que poderia ter cometido esse crime?

         Ashley de repente arregalou os olhos, assustada com a pergunta do policial. Ele a observou por alguns instantes, em silêncio, deixando que a pergunta tomasse completamente o clima desagradável.

            - Eu... – Ashley olhou para as mãos, que estavam tremendo. – Hum... É complicado, policial, minha irmã era tão boa pessoa, não faria mal a ninguém, não mataria uma mosca... Foi um assassinato cruel e desumano... Realmente, não quero acusar ninguém, mas...

            - É uma pergunta de rotina. – repetiu o policial, gentilmente. – Não vamos colocar a culpa sobre ninguém aqui, nada sério, apenas palpite, já que você é a irmã da Samantha e sabe o tipo de amizade que ela tinha.

              - Está bem, eu entendo, até porque é seu trabalho, não é... – ela parecia que falava consigo mesma. – Bom, o Matt, ex-namorado dela, não gostou nada de quando os dois terminaram, é o que o Ted me contou. Ela só terminou com o Matt para ficar com o Joe, mesmo que ela amava o Matt. Eu não acho que faria essa escolha quando se trata de Matt Danton, policial. Ele é um monstro. – Ashley manteve a postura de quem estava relaxada.

            - Como assim, um monstro? – O policial estava interessado.

            - Ah, ele sempre dizia a ela que não aguentaria perdê-la para outro homem, que seu maior sonho era ter um filho com ela... Mas eu não sei se é dele o filho, ela sempre me pareceu reservada nesse ponto. Mas, apesar disso, eu nunca o vi ameaçando a minha irmã.

            Novamente, outra anotação no bloco: Matt Danton, um suspeito muito violento. Interrogá-lo imediatamente.

            - O que mais você tem a dizer, Ashley? Não quero tomar mais do seu tempo, portanto, diga o que não me falou até agora, por gentileza.

            - Não há muita coisa, desde que a Samantha entrou nessa confusão de amigos e namorados, nunca mais tivemos aquela relação de irmã para irmã, mas eu sempre senti um carinho enorme por ela, e ficava pensando o quanto seria bom se estivéssemos novamente juntas. Pode parecer bobagem, mas não chegávamos a brigar, era uma discussão normal, e que se transformava em calma logo depois. Ela era uma pessoa maravilhosa, e boa irmã.

            As lágrimas voltaram aos olhos de Ashley, o que a fez esconder a cabeça nos braços. O policial escutou soluços e mais soluços, e resolveu terminar com aquilo, antes que tivesse que levá-la ao hospital.

            Antes de dizer alguma coisa, ele pegou a fotografia de Samantha, só então percebendo o quanto ela era linda. É estranho o que uma pessoa possa ter em mente quando está para matar uma pessoa inocente. Quem quer que tenha entrado naquele apartamento, sedado e matado a Samantha, tinha um motivo convincente para esse ato. Quando eu colocar a mão nessa pessoa, não sei do que serei capaz...

            Ele recolocou o retrato no lugar, e esperou que Ashley levantasse a cabeça para olhá-lo. Quando isso aconteceu, ele viu que os olhos dela estavam já muito vermelhos e inchados.

            - Sinto muito, Ashley. – disse ele. – Mas todos nós da polícia vamos nos empenhar ao máximo para conseguir descobrir quem foi. Qualquer novidade, volto a entrar em contato.

            - Obrigada, policial. – Ashley assentiu. – Estou no aguardo do andamento desse caso, e quero que quem matou minha irmã pague com qualquer forma de lei.

            - Claro. – ele estendeu a mão para ela. – Tenha um bom dia.

            - Igualmente, policial.

            Ashley apertou a mão do policial, que imediatamente percebeu sua força e uma apreensão inquietante nos olhos.