Fanfic: Assassinato

Joe acordou cedo naquela manhã, pretendendo ir se encontrar com Samantha. Apressou-se, e cinco minutos depois, já estava na cozinha.

            Seu pai, James, o esperava, os braços cruzados, a expressão séria. Joe olhou para ele, pensou um pouco e disse:

            - Algum problema?

            - Acho melhor você se sentar, Joe. – James falava com um tom de irritação. – Tenho muito o que dizer a você.

            - Não, me sinto bem assim. – retrucou Joe. – Pode falar, pai.

            James concordou, mas não começou imediatamente. A primeira coisa que fez foi pegar o telefone, que estava sobre o criado-mudo. Só então deu início à conversa:

            - Matt Danton acabou de sair daqui, enquanto você estava dormindo ele me fez uma visita.

            Joe percebeu que seu rosto ficara vermelho. Não podia acreditar que Matt poderia querer se intrometer em sua vida, mesmo depois de ter perdido Samantha.

            - O que ele veio fazer aqui? – Perguntou Joe, tentando manter a calma.

            - É estranho que você não saiba, meu filho... Mas acho que tem uma ideia do que ele falou. – James fez uma pausa. – Você e a Samantha, voltaram a namorar, não é?

            - Sim, pai. Nós voltamos, mas não era apenas porque eu queria, ela também quis! O Matt se acha mais importante que eu, mas dessa vez ele perdeu, e eu não quero mais ouvir falar dele.

            - Não, Joe. Você fez a cabeça da Samantha, o Matt me contou, e eu acredito nele. Acho que você deveria ser mais responsável e dizer a verdade para mim, que sou seu pai, porque o que você fez foi digno de um rapaz ignorante!

            Joe pensou por um minuto. Não podia perder a paciência com o pai, aquela discussão não poderia ir mais além. Tinha que ver Matt o mais rápido possível, tirar satisfações com ele, e mandá-lo ficar longe dele e de Samantha. Mas James parecia não estar cansado da discussão. Ainda.

            - Pai, por favor, eu tenho que me encontrar com a Samantha, estou atrasado, depois a gente conversa.

            - Você não vai se encontrar com ela. Nunca mais, Joe, está me ouvindo? – James estava disposto a impedir o filho. – O que você vai fazer agora é ligar para ela, e dizer que quer terminar. Por mais que doa, isso será melhor para vocês dois.

            - Pai, não seja paranóico! – Joe riu, achando que aquilo era uma brincadeira. – Eu amo a Samantha, e estou disposto a enfrentar tudo para ficar ao lado dela, não vai ser aquele pilantra do Matt que vai me fazer desistir dela! Entenda os meus motivos, pai, por favor, não quero levar essa discussão adiante.

            - Cale a boca e me escute, moleque! – James bateu o telefone na mesa. – Eu estou falando sério, mais sério do que sempre falei nessa vida, você não vai se encontrar com ela, nunca mais, e ponto final. Eu sou seu pai, e você é menor de idade ainda, então terá que me respeitar. Essa garota não é para você, Joe, ela é uma vagabunda que fica deitando com homens, e você sequer sabe!

            - Mentira! – Joe perdeu a paciência. – Ela nunca faria isso, pai, ela é uma mulher direita e honesta! Que palhaçada é essa, pai? Você só pode ter bebido, enchido a cara como sempre faz quando está nervoso!

            James cuspiu no rosto de Joe. Estava descontrolado, segurando a vontade de partir para a violência. Pensou na mulher, que o abandonara há muitos anos, e achou que não merecia ter que bater no próprio filho.

            - Tudo o que sei é verdade, seu doente! Samantha não é para você, ela é uma piranha, e não quero vê-la ao seu lado para sempre! Não se dê ao trabalho de perguntar a ela, é claro que vai mentir para você, como sempre mentiu para todos, mas você não se importa com isso, não é, porque gosta de ser o bobo idiota e orgulhoso, igual como eu era no passado. Mas não vou permitir isso, Joe, nem que eu tenha que matar essa mulher, você não vai ficar com ela.

            - Você me dá nojo. – Joe balançou a cabeça. – Mas aquele Matt ainda vai se arrepender de ter se intrometido na minha vida, e você vai ver o quanto se enganou em relação à Samantha. E quando isso acontecer, você pode ficar tranquilo, vou sair dessa casa, que quem está sobrando aqui sou eu.

            Joe se virou e foi para seu quarto. James o seguiu, sabendo que tinha muitas coisas a dizer a ele ainda.

            - Não seja covarde de virar as costas para mim, Joe! Quero que você escute cada palavra, até se convencer de que essa mulher não presta! Você vai ligar para ela e terminará esse relacionamento sem fundamento, e é agora.

            - Tente me obrigar, vamos! – Joe olhou para o pai com a expressão de desafio. – Não vou pegar essa merda de telefone porque não sou fraco igual a você, pai. Não vale a pena destruir a minha vida só porque a minha mãe nos abandonou, a Samantha não tem nada a ver com isso.

            - Claro que não tem! Mas a sua mãe não era vagabunda, e a Samantha é pior do que todas que eu já vi. Sinceramente, foi um erro trazer você para Washington, filho, o que uma pessoa faz com você...

            - Pai, saia daqui! – Joe foi até a porta de seu quarto. – Não me atormente mais, o resto do dia, me deixe em paz.

            - Tudo bem, você que sabe. – James balançou os ombros. – Depois não vá dizer que não avisei.

            Joe olhou impaciente para o pai, que saiu do quarto, pisando fundo. Quando ele saiu, Joe bateu a porta com força, foi até a mesa do computador e derrubou alguns enfeites de vidro no chão, que se fragmentaram em várias partes.  

            - MERDA! – Gritou, a raiva explodindo dentro de si.

            Cansado e nervoso, deitou de bruços na cama, e ficou olhando para o piso de mármore de seu quarto. Não conseguia pensar em mais nada, apenas em Samantha. Por que aquilo tudo estava acontecendo com eles? Por que Matt iria colocar coisas para atrapalhar os dois? Não entendia os motivos para Matt o odiar tanto, a ponto de querer acabar com a amizade dessa forma.

            Mas sabia, no fundo, que não poderia desistir de Samantha. James e Matt eram apenas dois obstáculos que iria enfrentar, mas nunca terminaria com a mulher que amava. Esperou por esse momento por muitos anos, e agora que finalmente conquistou-a, não deixaria que esse amor acabasse.

            Sem hesitar, Joe pegou o celular e discou o número de Samantha. Quando ela atendeu, ele sorriu, satisfeito de ouvir sua voz.

            - “Sabia que você ligaria, amor.” – Samantha estava feliz com a ligação.

            - Eu precisava falar com você, Samantha. E para isso, tive que ligar do meu celular. Meu pai ficou maluco, não sei o que aconteceu, mas o Matt esteve aqui.

            - “O que ele foi fazer aí?” – Ela estava preocupada.

            - Não sei, mas com certeza encheu a cabeça do meu pai com mentiras a seu respeito. Ele não vai se cansar, enquanto você não voltar com ele, Samantha.

            - “Se depender de mim, isso nunca vai acontecer.”

            E Joe, de alguma maneira, sentiu que aquelas palavras eram incertas. Mas será que Samantha realmente teria coragem de acabar com um bom futuro a seu lado para preferir ficar com Matt, que a via como um troféu?