Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Em vez de dizer qualquer coisa, ela só olhou para o bolso dele. Levou um segundo para que ele lembrasse. Com a mão dentro do bolso, seus dedos entraram em contato com a renda delicada.

- Ah, sim. - Retirou-a do bolso e deu-lhe uma olha­da rápida. Não havia mais nada. Alfonso sorriu. - Você não gostaria de ficar resfriada agora - murmurou.

Ela pegou-a dele e depositou-a na bolsa. Pretendia vesti-la assim que encontrasse um banheiro feminino.

Foram juntos até o 29° andar. Ela foi encontrar Dulce, ele seguiu até o andar seguinte para falar com seu pai.

Ele ainda podia sentir o toque da renda macia em sua mão a caminho do trigésimo andar.

Assim que apareceu no escritório de Dulce, Anahí se viu abraçada pela irmã.

- Oh, graças a Deus, graças a Deus - exclamou Dulce. - Você está bem?

- Estou bem. - Sua resposta foi abafada pelo ombro da irmã. - Ou, pelo menos, vou ficar se você me deixar respirar.

- Ah, desculpe-me. - Dulce soltou-a imediatamen­te. - É só que eu... - Parou de repente, dando mais uma olhada na irmã.

Anahí segurava seu casaco no braço. Dera uma pa­rada no banheiro para ajeitar a maquiagem e vestir o blazer, além da calcinha. Estava certa de que tinha se re­composto e não havia vestígio de como ela e Alfonso passa­ram o tempo enquanto aguardavam o resgate.

Mas, sob o olhar detalhista de Dulce, ela não se sentia tão confiante como quando deixara o banheiro. Desobstruiu a garganta e tentou soar o mais inocente possível quando indagou.

- O quê?

- Você está radiante - declarou Dulce. Compri­miu os olhos para se certificar de que ela não estava brin­cando com ela. - Meu Deus, você está radiante. - Fe­chou a porta do escritório para que ninguém escutasse. Havia mais que descrença e curiosidade no seu rosto.

- Eu fiquei quase maluca quando percebi que a que­da de energia aconteceu justamente na hora em que você estaria provavelmente subindo. Que você estaria possi­velmente presa no elevador. Tentei localizar você no ce­lular e, quando o meu avisou que não havia sinal, eu simplesmente soube que você estava em um dos eleva­dores. Senti-me culpada e tão mal por você.

Culpada?

Porque você estava vindo me ver. Mas você está meliante - repetia.

- Bem, foi muito ruim - Anahí disse. Ao menos no começo.

Dulce deu a volta em torno dela devagar, checan­do cada ângulo. Ela estava de braços cruzados

- Então por que você não está branca como um fan­tasma? - inquiriu, soando como uma interrogadora.

Anahí podia sentir as bochechas arderem. Mas não iria contar a Dulce o que acontecera de jeito nenhum. Não depois do que ela inventara sobre renunciar aos homens para que suas vidas retornassem aos eixos.

Levantou um pouco o queixo.

- Subi cinco lances de escada. Isso geralmente faz com que as pessoas fiquem coradas.

Dulce entendia a linguagem corporal. Apesar dos anos em que estiveram separadas, ela ainda reconhecia os gestos de Anahí.

- Corada, sei - enfatizou pontualmente -, mas não radiante. - Lançou um olhar penetrante sobre a irmã que tomou o lugar da expressão de alívio que exibira segun­dos antes. - Tudo bem. O que está acontecendo?

Anahí estremeceu de leve. Se, por um lado, ganhou sobriedade, por outro, largar o mundo obscuro da bebi­da levara-lhe a habilidade de mentir com propriedade. Tentou.

- Talvez eu esteja superando minha claustrofobia. Dulce encarou-a de perto.

- E talvez haja outra explicação.

- Tipo? - indagou inocentemente.

- Tipo um homem. Você estava sozinha no elevador? Ela quase disse sim, mas e se Alfonso dissesse ao seu pai que subira com ela? Ela sabia que ele não daria detalhes explícitos a Pedro Herrera, mas, mesmo assim, aquilo a colocaria no meio de uma mentira. Decidiu dizer a verdade, ao menos em parte.

- Não.