Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Capítulo 13                                  

Anahí estava no meio da loja quando o telefone fi­nalmente tocou.

Durante a hora que passara, ela tentara se convencer de que não se importava se Alfonso ligasse ou não. Fingiu estar ocupada arrumando o equipamento no escritório dos fundos. Mas, no segundo que o telefone tocou, cor­reu para atendê-lo, perguntando-se por que ele não ten­tara falar com ela no celular. A bateria estava fraca?

- Alô? - Cobriu a boca para que Alfonso não notasse que estava ofegante.

Sua voz grave penetrou em seu ouvido.

- Não vou ao encontro.

Não havia o menor rastro de desculpas na frase, nada. Anahí sentiu um arrepio nas costas. Sentiu-se como uma idiota, olhando o relógio e esperando por ele. Uma vez idiota, sempre idiota, uma voz cutucou-a.

- Eu meio que percebi isso sozinha, já que você dis­se dez horas e já passa do meio-dia.

- Está tudo engarrafado.

Ela nem ao menos merecia algo mais criativo que aquela desculpa?

- Deve estar mesmo, considerando que há vários ca­minhos para se chegar aqui. - Segurou a raiva, mas não cm fácil. Ele pensava que ela era boba? - Por quanto tempo você acha que o engarrafamento vai continuar? - indagou sarcasticamente.

Houve uma pausa do outro lado, como se ele estives­se pensando na pergunta. De qualquer maneira, ela não iria repetir-se.

- Não importa. - Olhou para a caixa na frente de seu balcão. - Consertei o seu relógio - lembrou-o.

- Certo. - Parecia distraído, como se fosse difícil para ele. Ele não conseguia mentir para ela porque se impor­tava ou porque lhe faltava criatividade? - Volto a ligar para falar disso.

- Certo - ela repetiu.

Mas não estava. Não estava nada certo. Estava incri­velmente doloroso.

Ele desligou e ela se viu escutando o tom de ocupado.

Querendo estrangulá-lo.

O homem estava fugindo. Fugindo para salvar sua vida.

Ela botou o fone no gancho. Anahí escondeu o reló­gio antes que o atirasse no chão.

- Tudo bem - murmurou para o telefone. - Vou faci­litar bastante as coisas para você, Alfonso.

Pegou o fone e começou a digitar outro número.

Pedro Herrera observava pensativamente a mulher adentrando seu escritório naquela tarde de terça-feira. Parecia pálida, mas, fora isto, estava ainda mais extraor­dinária do que na última vez em que se encontraram. Havia um fogo em seus olhos que não existia antes.

Perguntou-se se teria algo a ver com seu filho. Ele certa­mente esperava que sim.

- Ligo para você depois, querida - disse à sua espo­sa. - Sim, amo você também.

Ouvindo-o, Anahí desejou que Alfonso tivesse puxado seu pai nas coisas mais importantes.

Pedro apontou para a cadeira antiga em frente à sua mesa.

- Sente-se - convidou-a, para depois fitá-la de mais perto. - Você parece pálida, Anahí, gostaria de um copo d`água?

- Não, obrigado, foi só a viagem de elevador, expli­cou-lhe.

Entretanto, se fosse honesta, teria que admitir que já estivera se sentindo fora de órbita antes mesmo de pisar no elevador. A culpa era de Alfonso. Ele a tinha arrancado de sua órbita desde o incidente no elevador.

Com a desenvoltura de um homem que estava acos­tumado a ser o centro das atenções femininas, ele mali­ciosamente a deixara vulnerável, sonhando sonhos que nunca se tornariam realidade.

Pedro completou o que sentiu que ela não tinha mencionado.

- Com medo de outro apagão? Garanto-lhe que não vai acontecer novamente.