Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

- Sim. - Sem retirar seus olhos de Alfonso. - Ele faltou ao nosso compromisso de hoje porque disse que estava muito engarrafado.

Agora as coisas estavam começando a fazer sentido, Pedro pensou. Naquele momento, ele estava bem no meio de uma briga de namorados e, se não saísse rápido, seria atingido no fogo-cruzado.

Levantando-se, dirigiu-se ao filho, apesar de estar balançando a cabeça para Anahí.

- Anahí veio pedir-me que o destituísse da função de seu consultor. - Ele não iria citar suas razões. - Vou deixar vocês dois resolverem isso.

Destituído da função de consultor. Era exatamente o que ele queria, exatamente o que passara ali para propor - novamente - a seu pai. Mas o fato de ela ter pedido por isso feria seu orgulho masculino.

Sentiu-se como se lhe tivessem passado por cima. Rejeitado. Não era um sentimento agradável.

- Não há necessidade de sair... - Alfonso ensaiou um protesto, mas seu pai já acenava para ele. Não notara o desconforto no rosto de Alfonso.

Pedro lançou um olhar expressivo na direção de seu filho.

- Ah, mas eu acho que há. Há muita necessidade. -Sorriu de novo. -Até mais, Anahí. - Com aquilo, Pedro pegou o rumo da porta. Ao passar por seu filho, parou para dizer: - Ah, a propósito, ela queria que lhe desse isto. - Depositou a caixa azul-escura na mão de seu filho e deixou o escritório.

Anahí não tirava os olhos de Alfonso. Pontadas de ansie­dade alastravam-se pelo seu corpo. Alfonso estava olhando para a caixa em sua mão. Então, quando a abriu, ela viu a raiva envergar sua sobrancelha.

Olhou para ela.

- Você não tinha que vir aqui entregar isto.

Ela ainda sentia como se alguém tivesse pego sua personalidade emprestada e deixado cinzas em seu lu­gar. A mágoa misturou-se à raiva e ela deixou extravasar o que ela normalmente mantinha sob controle.

- Por que eu não deveria vir aqui entregá-lo? Você certamente não passaria lá para buscá-lo tão cedo. Você estava preso no "engarrafamento". Onde era esse en­garrafamento mítico, Alfonso? Eu cheguei aqui sem en­contrar nenhum. Acho que ele deveria estar seguindo você, porque ele definitivamente não estava lá fora quando saí.

Irritado por ter sido pego na mentira que lhe contara, Alfonso tentou iniciar uma explicação.

- Anahí...

Mas ela já estava de pé, com as mãos levantadas, pron­ta para rebater qualquer coisa que dissesse.

- Não, já entendi. É sério - insistiu ela. - Você está desconfortável com relação ao que aconteceu no elevador. - Uma vez que começou, as palavras que guardava em seu coração simplesmente foram expelidas. - Não sei se você só está com vergonha de baixar a guarda, ou de tê-lo feito comigo...

- Anahí...

- Mas não importa. O resultado final é que você está envergonhado, ou assustado, ou como quiser chamar. Conclusão, estar perto de mim deixa você desconfortá­vel. Bem, você não tem mais que ficar perto de mim. Acabei de resolver isso para você.

- Não estou envergonhado - ele finalmente conse­guiu se pronunciar.

Aquilo absolutamente não melhorava nada para ela.

- Mas você está desconfortável.

Pensou em mentir, mas ela certamente perceberia. -Sim.

Aquilo doeu mais do que ela esperava, mesmo tendo sido ela a dizer primeiro.

- Ótimo, então estamos entendidos.

- Deu meia-volta, seu estômago revirava e sua cabe­ça latejava, e se dirigiu à porta.

Alfonso sabia que deveria deixá-la ir. A longo prazo, se­ria mais fácil, e ambos teriam um pouco de paz.

Mas algo dentro dele não permitiria. Não queria que ela fosse, não daquela forma. Não sem nenhum tipo de explicação. Era importante que ela compreendesse por que ele se sentia desconfortável.