Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Capítulo 14

Anahí carregara a inócua caixinha em sua bolsa por quase uma semana, incapaz de abri-la ou colocá-la em uso. Incapaz de encarar as possíveis conseqüências. Mas já era hora de encarar as coisas. Ontem marcara a grande inauguração de sua loja e Alfonso não aparecera. Não mesmo. Ele nem se incomoda­ra de ligar. Ah, mandara flores, grandes e lindas rosas, duas dúzias em um arranjo deslumbrante. Foram acom­panhadas de um bilhete genérico que dizia "Boa sorte", que poderia ter sido enviado ao seu sapateiro com a mesma pessoalidade.

Uma única flor com um bilhete escrito à mão teria muito mais significado.

Todo mundo que conhecia compareceu. Seus pais, irmãs e irmão, velhos amigos, até Pedro Herrera- e ela sabia que sua agenda estava repleta.

Então, quando Alfonso não se preocupou em pegar o te­lefone para ligar com alguma desculpa banal para não poder vir, sabia que teria que encarar o fato de que, o que quer que houvera entre eles, estava terminado antes até de ter a chance de se concretizar.

Exceto, talvez, por uma coisa. Já tivera todo tipo de mal-estar, por uma série de razões, mas este... este era diferente. Este não parecia ser nervo­sismo, como ela estava desesperadamente tentando con­vencer-se. Era estranho. E, pela manhã, era pior.

Mas nunca pior do que esta manhã. Seus pais insistiram em receber os cinco, seu irmão, suas irmãs e ela, para um jantar em comemoração à inau­guração da loja. A princípio, recusara, querendo ficar a sós com sua dor, mas sua mãe insistiu e Anahí decidira que talvez fosse melhor ter por perto pessoas que a ama­vam. Rezara para que eles a fizessem esquecer da dor de ser ignorada pelo homem que pensara que iria fazer toda a diferença em sua vida.

O homem por quem concluíra estar apaixonada, não importando o quão desagradável ele fosse.

Mari Portilla parecera tão excitada com a idéia de ter quase todos os seus filhos embaixo do mesmo teto de novo que, quando sugerira que passassem a noite lá, nin­guém conseguira recusar. Afinal, era só por uma noite.

Mas, sozinha em seu antigo quarto, Anahí viu que seus pensamentos não a deixariam só. Eles e seu estô­mago infeliz.

Vomitou pela manhã.

Tinha que encarar. Pegou a caixa que só lhe fizera com­panhia até então e colocou-a na bancada do banheiro. Fi­cou olhando para ela por mais de dez minutos antes que a abrisse e seguisse as instruções que já havia memorizado.

A espera era angustiante.

A descoberta era pior.

O bastão estava azul. Ela estava grávida.

Grávida de um homem que estaria saindo de sua vida a qualquer momento. Comprimiu os olhos, esperando que se tornasse cor-de-rosa. Não aconteceu.

Seus joelhos dobraram-se e ela desabou sobre o lavatório, sentindo-se completamente anestesiada, um sentimento que subia até a garganta, ameaçando sufocá-la.

Droga, no que ela estivera pensando para deixar que aquilo acontecesse?

Ela não estivera pensando, este era o problema. Em vez de ser lógica, fora emotiva. Pela primeira vez em muito, muito tempo, libertara seus sentimentos e fora maravilhoso.

Olhando para trás, tinha que admitir que a sensação de se apaixonar não tinha sido menos que extasiante. Mas tinha que esquecer agora. Aquela parte da jornada linha acabado e ela tinha que pensar no que estava por vir. E no bebê que teria.

Cobriu o rosto com uma mão. Oh, Deus, ela não ti­nha como lidar com aquilo. Seus hormônios em ebuli­ção, ela sentiu-se absolutamente perdida e sozinha. Uma sensação que ameaçava engoli-la inteira.

Ainda segurando o bastão, e a incredulidade ricocheteando dentro dela, Anahí começou a soluçar. Soluços enormes e dolorosos chacoalhavam todo o seu corpo.