Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Mas o quarto estava vazio. Exceto pelos soluços. Estivera prestes a entrar no banheiro pela outra porta quando ouvira Maite entrar pela porta do corredor. Algo fizera com que ficasse onde estava. Maria sempre fora recompensada por sua cautela com relação a Anahí.

Era óbvio que sua filha estava apaixonada por Alfonso. A única que provavelmente ainda não percebera era Anahí. E, possivelmente, Alfonso.

Ela iria resolver aquilo.

- Você vai dar outra festa - Mari anunciou para o marido ao voltar para o quarto deles.

Henrique  ainda estava na cama, tentando aproveitar al­guns minutinhos a mais antes de levantar para ir ao restaurante. Eles abriam ao meio-dia, mas havia muita coisa para fazer toda manhã antes disso.

Acostumado ao jeito da mulher depois de todos aque­les anos, Henrique sorriu condescendente.

- E quando decidi isso?

Mari olhou por cima do ombro. A porta do banheiro permanecia fechada. Maite ainda estava lá com Anahí. Fechou a porta do seu quarto.

- Há alguns minutos.

- Sei. Alguma razão específica para eu dar esta festa? Maria foi até o lado de Henrique e se sentou na beirada da cama.

- Para celebrar a grande inauguração, é claro.

- E claro. - Fingiu parecer confuso. - A noite passa­da não foi para isso também?

Mari balançou a mão, sua mente já fervilhava com planos e idéias. A primeira era ligar para Pedro e pedir sua ajuda.

- Aquilo foi só para a família. Isso será maior.

- Não duvidei nem por um segundo.

Henrique olhou para a esposa. Seus sentimentos não mu­daram com relação a ela desde o momento em que lhe pôs os olhos. Ainda era a mulher mais linda do mundo. Enganchando o braço na sua cintura, puxou-a para ele. Mari gritou em protesto, mas não muito alto.

Ele parou somente o bastante para esfregar o nariz em seu pescoço.

- Vou deixar tudo com você, como sempre. Só me diga do que precisa.

Mari beijou-o com todo o amor que sentia.

- Você é um bom homem, Henrique.

- Sim, eu sei. Agora, o bom homem precisa levantar e ir trabalhar. Ligue para mim no restaurante. - Empur­rando os lençóis, esticou as pernas para fora da cama. -A propósito, quando será esta festa?

- Amanhã.

- Ligue-me logo - aconselhou, enquanto ia tomar seu banho.

Pedro teve dificuldade em conter o sorriso. Sentia como se ele fosse eclodir a qualquer momento. Mas, por enquanto, precisava mantê-lo por baixo dos panos. Do contrário, seu primogênito saberia que algo estava acon­tecendo.

Olhou para Alfonso. Este parecia inquieto, como se qui­sesse estar em outro lugar. Voltar para Nova York, quem sabe? Para longe da origem do seu dilema? Pedro tam­pouco perguntou.

No fim, foi Alfonso quem quebrou o silêncio.

- Você disse que tinha algo para me pedir - intro­duziu.

- Sim, gostaria que você adiasse sua partida por dois dias, Alfonso.

Alfonso temera isso. Mas, estando tudo certo, queria re­tornar à sua casa. E o mais rápido possível. Talvez assim conseguisse uma noite decente de sono. Uma noite em que não tivesse visões com uma morena endemoniada que o fazia querer jogar toda a cautela para o alto.

Estava muito velho para aquilo, insistia silenciosamen­te. Velho demais para entrar nessa de felicidade eterna.

- Minha reserva já foi feita.

A resposta não parecia demover seu pai.

- Reservas podem ser mudadas.

Um lampejo de raiva veio e se foi, tomando-o de sur­presa. Ele nunca se irritara de verdade com seu pai, nem mesmo durante sua adolescência, quando esse tipo de reação era para ser comum.