Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Design de jóias, pelo amor de Deus. O que seu pai estava pensando? A mulher deve ter ganhado no Natal um kit de uma loja de artesanato e pensou que iria tomar o mercado de assalto porque sabia deslizar miçangas por um fio, ou qualquer coisa assim.

Ele genuinamente quis dizer tudo isso quando seu pai ligou para atirar essa bomba no seu colo, mas segu­rou a língua por respeito e carinho.

Alfonso movia seu um metro e oitenta e cinco de enver­gadura de um lugar para outro. Onde diabos estava o elevador?

Inferno, seu pai deveria saber, pensou. Ele não havia dito mais de uma vez que Alfonso era um membro vital da equipe do Herrera-Ucker? Se ele era tão vital, deve­ria ficar no escritório de Nova York, e não ter que vir "passear" em São Paulo  só para segurar a mãozinha bem cuidada de uma novata.

Houve um tempo em que seu pai sabia disso. Mas ultimamente, Alfonso pensou, sendo corroído pela angús­tia, seu pai estava dando sinais de cansaço. Sempre que conversavam, Pedro Herrera falava sobre "sentir o chei­ro das rosas" e todo aquele papo de gente que teve uma experiência de quase-morte. Fora isso, aos setenta anos, seu pai parecia forte como nunca. E quando ele pergun­tava se havia alguma coisa errada, se ele por acaso não estava se sentindo bem, sempre dizia que não, rindo da pergunta. Pedro Herrera dissera isso pela primeira vez em sua vida, que não havia nada errado. Que ele final­mente se tornara um bem-afortunado - sem trocadilhos - por enxergar a vida da forma certa.

Para Alfonso, parecia um caso de negação. Quanto mais ele pensasse nisso agora, mais convencido ficaria de que havia algum problema com seu pai. O dínamo que aju­dara a construir e agora era encarregado do Banco Herrera-Ucker não parava para cheirar as rosas que re­cebia, nem enviava o alto escalão da empresa para São Paulo só porque a mãe da mocinha pediu.