Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

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- Não sabia que o Sr. Herrera tinha um filho com pro­blemas mentais - reagiu Dulce, claramente incomo­dada com o fato de alguém não gostar da irmã.

Anahí riu. Antes de brigarem, Dulce sempre tivera o poder de levantar seu astral com uma simples escolha de palavras. Deus, como sentira falta dela, pensou agora, lamentando pelos anos em que estiveram separadas.

- Isso ele não tem. Mas, com certeza, pelo menos um de seus filhos tem problemas com a boa educação. Alfonso Herrera acredita poder caminhar sobre as águas. -Partiu outra bisnaga em vários pedaços, reduzindo-a a farelos. Ela visualizava o pescoço do jovem Herrera em cada naco que arrancava. - E não sei se segurarei minha língua até tudo estar pronto.

Quando Anahí  pegou a terceira bisnaga, Dulce tomou-a de sua mão e arrancou um pedaço.

- Bem, é melhor você segurar. Mamãe disse que o Sr. Herrera lhe emprestará todo o capital de que você preci­sar para começar. A juros de três por cento - enfatizou. -Você não vai conseguir uma oferta melhor do que esta.

Anahí tomou cuidado para não ficar boquiaberta. Pedro não tinha falado nada sobre o empréstimo. Per­guntou-se se Alfonso saberia e se seria por isso que a tratara tão friamente.

- Três por cento? Tem certeza?

Dulce acabou rápido com a bisnaga e pegou outra antes que Anahí  o fizesse.

- Tenho. Mamãe estava muito entusiasmada com isso.

Ex-contadora de uma empresa que falira, Anahí fi­zera seu dever de casa e sabia que disporia do suficiente para pagar pelo empréstimo e ainda restaria um pouco para gastar - desde que não houvesse nenhuma surpresa desagradável. Descobrir que tinha agora uma rede de segurança era um tremendo alívio. Com esta arma, sabia que poderia ignorar o filho do homem com mais tran­qüilidade. Afinal, ele não tinha culpa de ter nascido com uma ruga permanente tatuada na testa.

Anahí  tomou um gole d`água.

- Pedro Herrera é um cara muito legal.

- Como não se fazem mais - concordou Dulce.

Anahí pousou o fundo do copo exatamente na marca que se formara embaixo dele na mesa.

- Uma pena que não tenha passado este gene "legal" para o filho. - Sorriu e olhou para a irmã. Havia uma travessura em seu olhar como quando eram meninas e sussurravam seus mais recônditos segredos uma para a outra na calada da noite, envoltas por lençóis e pela escuridão. - Mas acho que, a juros de três por cento, posso até dançar com o demônio.

- Desde que não seja uma música romântica - disse Dulce, obviamente pensando em seu pacto.

- Não há a menor possibilidade.

O garçom aproximou-se com uma garrafa de vinho.

- Este é o especial da casa. - Segurando-o como se embalasse um bebê, apresentou-o para elas.

Anahí leu o rótulo. Sentiu um fiapo de tentação, mas ignorou-o.

- Para mim, não, obrigada.

- Nem para mim, obrigada - Dulce rapidamente fez coro. Anahí sabia que Dulce não queria parecer insensível.

- Ela vai tomar uma taça - disse ao garçom.

- Any... - Dulce protestou quando o garçom começou a servir.

- Não me subestime, Dul. Não sou tão fraca. - ga­rantiu. - Além disso, se estar com Alfonso Herrera não me fez beber, não será ver você tomar uma taça ou duas que fará. Estou em terra firme.

Mas Dulce não queria arriscar. Dispensou o gar­çom.

- Dois refrigerantes, por favor - instruiu-o. Logo que ele saiu, levando a garrafa e a taça com vinho pela meta­de, Dulce inclinou-se em direção à irmã. - Não estou certa do quão firme é essa terra onde você está pisando.

Anahí não a entendeu. - O que você disse? Dulce moveu a cabeça em direção a algo que es­tava atrás dela.

- Entrando. Doze horas em ponto - acrescentou. Anahí  virou-se na cadeira.

Pedro Herrera estava entrando no restaurante - acompanhado de seu filho.

Fechou os olhos, juntando forças. Não parecia haver como se livrar dele hoje. Resignada, reclinou-se sobre a cadeira.

- De todos os restaurantes do mundo, ele tinha que vir logo ao meu - murmurou entre os dentes.

Dulce sorriu.

- Você não lembra em nada o Humphrey Bogart. -Por sentir que havia alguma coisa acontecendo ali que ela não entendia, mas que certamente estava intrigando sua irmã, concluiu. - É o que se ganha por vir a um res­taurante no prédio do Herrera-Ucker . - Querendo poupar a irmã, apontou para o óbvio. - Ainda não fize­mos o pedido, Any. - Abaixou-se para pegar a bolsa. -Podemos ir a qualquer outro lugar.

- E você se atrasar na volta do almoço? Melhor não. Você está trabalhando aqui há muito pouco tempo para se arriscar. Não, ponha a bolsa de volta no lugar, Tina, nós vamos ficar. Vou lidar com o meu acesso de indigestão como uma escoteira.

Dulce viu quando os dois homens foram conduzi­dos a uma mesa e se sentaram.

- Sabe, até que, para um caso de indigestão iminente ambulante, Alfonso Herrera é um espécime bastante bonito - atestou Dulce.

Anahí abriu o cardápio e fingiu percorrer as diversas opções que tinha diante dos olhos.

- Segundo a Bíblia, Lúcifer também era. Dulce riu.

- A mesma Anahí de sempre, língua ferina toda a vida.

Anahí fingiu chorar devido à descrição.

- Pois fique sabendo que me comportei como a pró­pria imagem da doçura em nossa reunião, mesmo quan­do ele me tratava como uma cabeça-de-vento.

Prestes a abrir o cardápio, Dulce olhou para ela incrédula.

- Ele falou com você?