Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Parecia que batiam ovos em seu estômago. Não esta­va certa se tinha a ver com o fato de que estava comple­tamente imersa em seu empreendimento ou se era por­que estava atraída por Alfonso.

- Não estou atraída por ele, não estou – protestou com a janela, na falta de algum ser vivente com quem conversar. - É só uma questão de carência, apenas isso.

Não tinha sido só o álcool que não tocara seus lábios nestes dois anos. Ela não estivera com um homem todo este tempo também.

Observou seu reflexo no espelho emoldurado por conchas que ficava pendurado bem ao lado da porta de entrada. Estava de cabelos soltos hoje. Seria um erro? Seria falta de profissionalismo da sua parte?

- Evite coisas que são nocivas a você, certo? - pediu para o seu reflexo. A mulher no espelho balançou a ca­beça positivamente.

Decidira bem antes de fazer o pacto com suas irmãs que os homens eram definitivamente nocivos para ela. Pelo menos, o tipo de homem que parecia condenada a escolher para si. Homens estonteantes com lindos olhos e nenhum conteúdo, e mais recentemente, sem coração. Quando conheceu Carlos, pensou que ele seria dife­rente. Ele demonstrara ser tão sólido e protetor naquelas primeiras semanas. É bem verdade que nunca fora perdidamente apaixonada por ele, mas, à época, dissera a si mesma que esse tipo de sentimento era próprio dos bem jovens e sonhadores. Percebera que Carlos seria bom para ela, e que para o resto da vida ficaria satisfeita, em vez de incrivelmente feliz.

Não acontecera nem uma coisa, nem outra.

Não demorou muito para que descobrisse que a sóli­da aparência e a casca protetora eram só isso mesmo: casca. Por baixo dela, o homem que acreditara ser cari­nhoso se mostrou controlador. E, como ela era mais fá­cil de dominar quando estava alcoolizada, o cordeiro em pele de príncipe fazia tudo ao seu alcance para estimular seus hábitos autodestrutivos.

Passou os dedos por entre os cabelos, dando-lhes mais volume. Seu reflexo estava franzindo a testa para ela. Seu casamento e, logo depois, o divórcio proporcionaram-lhe inúmeros golpes. Foi quando ela decidiu que, se seu julga­mento era tão ruim, não iria mais segui-lo. Ao menos no que dizia respeito aos homens. Assim, colocou a rolha de volta na garrafa de vinho e um lacre nos seus sentimentos.