Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Desde então, esta provara ser uma boa decisão. Uma vez sóbria, ela se sentia mais realizada. Sem a mente ocupada pelo peso que o envolvimento com alguém acar­retava, ela pôde transformar um interesse, uma habilida­de, em uma carreira gratificante e bem-sucedida.

E aqui estava ela, de volta ao lugar que era pratica­mente o seu território, enfrentando outro desafio. Pen­sou em Alfonso. Detestava admitir, mas sua necessidade de ter um relacionamento superava em muito sua vontade de beber.

Supunha que aquilo era só um desejo humano por algo que não podia ter.

- Concentre-se no quão estúpido ele é, Anahí - orde­nou a si mesma. Procurando por seus sapatos, achou-os ao lado da bancada da cozinha. Calçou um. - Além do mais, ele é frio como gelo. A mulher que quiser ter algu­ma coisa com ele deverá usar lingerie térmica.

A idéia a fez rir.

Neste momento, a campainha tocou. Sobressaltada, apoiou-se no balcão para não cair enquanto calçava o outro pé.

- Já vai - avisou, meio andando, meio saltando, até a porta.

Foi preciso várias passadas para que os sapatos de salto dez encaixassem em seus pés. Parou para ajeitar a blusa, que ela havia desajustado durante sua inusitada dança do sapato, e, ao colocar a mão na maçaneta, respi­rou fundo e se preparou.

- Bem na hora - anunciou simpaticamente ao abrir a porta.

Alfonso atravessou a soleira, um imperador tomando posse de tudo em que punha os olhos.

- Sou geralmente assim. - Teria sido uma referência irônica aos cinco minutos de atraso em seu primeiro encontro?

Caloroso como sempre, pensou.

- Bom saber - comentou. - Deixe-me pegar minha bolsa. - Correu até a bancada da cozinha. Temporaria­mente, era a única superfície plana que havia na casa.

Alfonso passou os olhos longamente pelo lugar. Trata­va-se de um amplo apartamento com um par de mezaninos na lateral. Imaginou que um deles pudesse ser seu quarto. Estava no que era uma conjugação de cozinha com as salas de estar e de jantar. A única mobília que havia era um banco contíguo à bancada da cozinha. Além dele, não existia outro lugar para sentar.

Seu quarto seria vazio assim? O pensamento veio do nada e ele o baniu de volta para lá.