Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

- Este é o melhor ponto que conseguiu arranjar?

Todas as evidências do homem que a salvara da cova de marshmallow evaporaram. Eles voltaram aos seus lados do combate, pensou ela.

Talvez fosse melhor assim. Por alguns minutos, gosta­ra dele de verdade. Agregando-se a isso a atração física que insistia em existir, recusando-se a desaparecer, tinha-se uma combinação perigosa. À versão excessivamente crítica de Alfonso Herrera, AH Versão 1.0, pensou com um sorriso, podia resistir com a maior facilidade.

A que ela teria dificuldade em resistir no momento, pensou, seria em pôr suas mãos no pescoço dele e aper­tar toda vez que ele abrisse sua boca desdenhosa. Toda vez que ele fazia isso, ela recuava por dentro, preparan­do-se para outro comentário depreciativo. Estava fican­do muito difícil sorrir para ele.

- Se é o melhor ponto que pude encontrar? - repetiu sua pergunta, sabendo que isto o irritava. - Na minha faixa de preço, sim. - E sentiu-se compelida a defender sua escolha. - Além do mais, o último negócio que fun­cionou aqui foi muito bem.

Ele olhou em volta lentamente, e ela não tinha como adivinhar no que estava pensando. Só que era algo ruim.

- Outra loja de bijuterias? - finalmente indagou.

Ela apontou para o boneco de papelão escorado na parede dos fundos da loja.

- Uma loja de roupas de bebê. - E então viu-o fran­zir a testa. Ótimo, o que foi agora?

Voltou-se para ela, com as mãos enterradas nos bol­sos da calça de seu terno feito sob medida.

- Você está comparando maçãs com laranjas. Ela balançou a cabeça.

- Não tem nada a ver com frutas - respondeu acida-mente. - Estava pensando no movimento. - Ela queria lembrar dos números. A raiva tinha apagado as informa­ções de seu cérebro temporariamente. - Este shopping é freqüentado por muita gente. A maior parte das lojas aqui dá certo. - Lembrou repentinamente dos números e lis­tou-os para ele.

Ele ficou olhando-a por um bom tempo e ela podia sentir sua pressão arterial aumentar.

- Você fez seu dever de casa - ele finalmente ad­mitiu.

Lá estava ele de novo, aquele tom sarcástico em sua voz. Que maldição, não importava o quão atraente e sexy era aquele homem, sua atitude a tirava do sério. Qual­quer vaga idéia que ela pudesse estar cultivando esmo­recia quando Alfonso Herrera abria a boca.

- Obrigada - respondeu friamente ao comentário sobre o dever de casa. - Mas é o meu dinheiro.

- E o do meu pai - lembrou-a. - Ele está emprestan­do qualquer verba extra de que precise.

Seus olhos estreitaram-se. Ele iria sempre lembrar aquilo a cada oportunidade que tivesse? É claro que iria.

- É mais uma razão para fazer meu dever de casa.

- É, sim.

Alfonso abaixou a cabeça, sinalizando o final de um round. Estava brigando com ela e sabia por quê. Tudo começara no acidente de carro. Sentira a necessidade de protegê-la. Sentira-se responsável por ela. E era mais do que simplesmente ser responsável por alguém que o des­tino colocara em seu caminho. Sentia algo por ela.

Sem dúvida, todas as sensações que estava experi­mentando remetiam às lembranças de Virginia, mas não gos­tava da onda de pânico que tinha sentido quando ouvira Anahí gritar pela primeira vez. Ele tampouco gostava da sensação estranha que tinha se alastrado por seu corpo, preenchendo cada cavidade, quando ela se pendurara em seu pescoço após ter sido retirada do carro.

Coisas foram mexidas dentro dele. Coisas empoeiradas e com teias de aranha.

Sentimentos.

A última coisa que queria despertar dentro de si eram sentimentos. O quanto antes aquela mulher fosse embo­ra de sua vida, melhor.