Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

- Você está indo muito rápido,Alfonso. Pare um minu­to, respire.

Alfonso olhou para seu pai por cima do ombro. Encon­trava-se irritado porque estava imobilizado, e não por­que estava indo rápido.

- Não estou sem ar.

Suas palavras não tiveram absolutamente nenhum efeito sobre seu pai.

- A negação é um sinal concreto de que está até pior do que pensava que estava.

Desistindo da pintura seguinte, Alfonso foi até a mesa de seu pai e inclinou-se sobre ela, comprimindo as juntas dos dedos contra o mata-borrão.

- Pai, eu gosto de trabalhar.

A expressão de Pedro suavizou-se, atenuando as li­nhas ao redor dos olhos.

- Sei que você gosta, e eu aprecio isto. Não existe nada mais gratificante do que ganhar a vida fazendo o que você gosta e sabe fazer.

- Mas? – A pergunta parecia pulsar no espaço entre eles. Alfonso era um viciado em trabalho de primeira categoria, mas isso só significava que Pedro teria mais trabalho para dobrá-lo. Agora que a sua própria alma estava salva, graças à sua esposa, ele recusava-se a deixar Alfonso para trás.

- Mas não se pode levar trabalho para casa.

Alfonso riu. Nisso era melhor que seu pai, pensou. - Claro que pode. Com laptops, palmtops e internet... Pedro ergueu a sobrancelha, em advertência.

- Você sabe o que quero dizer. Você precisa de uma família.

Alfonso levantou as mãos. Aquilo já estava ficando cha­to. Achava que só as mulheres tivessem que escutar esse tipo de conselho das mães. Teria apostado qualquer coi­sa como seu pai estava acima desse tipo de assunto sem sentido. Obviamente, teria perdido a aposta.

- Eu tenho uma família, pai. Tenho você e a mamãe e aqueles chatos que vocês insistem em dizer que são meus irmãos. - Permitiu-se sorrir. Gostava bastante de seus irmãos e de sua irmã caçula, mas não pretendia cloná-los ao ter filhos. - Eu diria que já é família suficiente para qualquer um.

Os olhos de Pedro encontraram-se com os de seu filho.

- Uma família só sua, Alfonso.

Alfonso lançou-lhe um olhar inocente.

- Você e mamãe eram emprestados?

- Uma esposa, Alfonso. Uma esposa - seu pai enfati­zou. Antes que Alfonso pudesse dizer alguma coisa, Pedro acrescentou. - E filhos. Muitos filhos.

Inquieto, Alfonso foi até a janela. A chuva que estivera ameaçando cair desde o dia anterior finalmente caía.

Filetes de água deslizavam pela janela. O mundo lá fora parecia enfadonho. O mundo ali dentro não parecia muito melhor, pensou.

- Não acredito que seria bom nisso - disse, direcio­nando suas palavras ao reflexo de seu pai na janela.

- Bem, com certeza você não saberá se escondendo por trás de relatórios corporativos.

Alfonso virou-se. Ninguém nunca tinha nem insinuado que ele era um covarde. Sentiu uma grande vontade de brigar e deu um jeito de contê-la.

- Escondendo, não, pai, analisando. É o que eu faço. O que você me paga para fazer, lembra?

Pedro aproveitou a oportunidade para colocar a con­versa de volta em seu rumo original.

- Falando nisso, como vai o empreendimento com Anahi Portilla?

Alfonso percebeu que o pai havia convenientemente su­primido o nome de casada daquela mulher. Anahí já te­ria tomado as providências legais para isso, ou seu pai estaria planejando fazer com que algo acontecesse ao estimulá-lo a pensar nela como solteira?

Não, aquilo não podia estar certo. Ele mantinha um re­lacionamento aberto e honesto com seu pai. Sua mãe pode­ria tentar articular algo com vistas a um casamento, mas seu pai não. Eles eram muito parecidos, ele e seu pai, mes­mo que este indicasse ter perdido a razão temporariamente.

Respondeu o que primeiro viera à sua cabeça.

- Ainda acho que você deveria ter delegado essa ta­refa a outra pessoa. - Ele nem teve que pensar em quem colocá-lo em seu lugar. - Alguém como Christopher.