Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Ele tem mais paciência do que eu.

Por um momento, Pedro nada disse. Em vez disso, lembrou como fizera com que seu outrora protegido contratasse a irmã de Anahí para atuar como sua analista de negócios. Seria uma mentira dizer que ele não se sentia bastante orgulhoso de si mesmo. Com um pouco de sor­te, as coisas iriam se desenrolar por lá também. Sua resposta a Alfonso foi vaga.

- Christopher já está ocupado com outros projetos.

Será que seu pai o via como um filhote rico e mima­do? Ele já não tinha provado o seu valor inúmeras vezes?

- E eu não?

- Eu já lhe disse, Alfonso, esse projeto precisa do seu toque. - E, se eu não estiver enganado, Anahí também. Quase tanto quanto você precisa do toque dela.

Alfonso observou cuidadosamente a expressão no rosto de seu pai. Ele quase podia ver os pensamentos que pas­savam pela mente dele. Vê-los, mas não entendê-los.

Ou talvez não quisesse entender, pois seria dar crédi­to a algo que não gostaria que fosse à frente.

- No que está pensando?

Pedro encostou em sua cadeira, analisando o primo­gênito. Alfonso nunca lhe dera um instante de preocupação. Talvez o problema estivesse em ser perfeito demais, julgou.

- Que você é igualzinho a mim. Que, na sua idade, eu estava determinado a não relaxar nunca. Mas eu descobri que estava competindo contra mim mesmo. Não se pode ganhar quando se tem a si mesmo como oponente.

Alfonso riu. Aquilo era bem verdade. Mas outra coisa também era certa.

- Tampouco se pode perder.

Dedicação exclusiva ao trabalho tinha um custo para a vida de uma pessoa. E trabalho, Pedro viera a desco­brir, era uma amante perversa.

- Depende da sua definição de derrota.

- Eu não tenho uma definição de derrota – Alfonso ten­tava persuadir o pai. - Porque não pretendo perder.

Pedro olhou o filho longamente. Qualquer um diria que aquele homem era muito arrogante, que precisava ter a crista cortada. Mas Pedro sabia que Alfonso era tão bom quanto dizia. E falhar não era uma opção para ele.

Talvez não, mas um pouco de humildade fazia-se necessário.

- Espero que não, Alfonso - disse com doçura. - Eu es­pero sinceramente que não.

Havia algo acontecendo, Alfonso pensou, mas não sabia ao certo o quê. O velho estivera agindo estranhamente por aqueles dias. Ia além de sua postura descompromissada com relação à empresa. Se bem que, em caso de crise, como acontecera tantas vezes no passado, seu pai estaria a par de tudo, comandando o trabalho, brigando com seus subordinados. Alfonso sorriu para si mesmo. Nin­guém fazia isso melhor do que o velho.

Mas, quando as coisas estavam indo relativamente bem, seu pai costumava, por falta de um termo melhor, chutar o balde. Talvez a idade estivesse finalmente che­gando: Alfonso não podia deixar de se perguntar se não era hora de seu pai parar.

Só pensar nisso já entristecia Jack. Independentemen­te do que seu pai dissesse, o Herrera-Ucker repre­sentava a soma do trabalho de toda a sua vida. O velho Herrera enlouqueceria se aposentasse. Não, era me­lhor tê-lo onde estava e, se necessário, poder cuidar dos problemas em seu lugar. Afinal, não existia nada mais importante para Pedro do que a empresa.

De repente, uma sensação estranha e vazia eviden­ciou-se por um segundo.

É só isso? No fim das contas, é só isso?

Ele estava dando atenção demais ao seu pai, pensou. Ninguém servia para ser sua esposa e mãe de seus fi­lhos, não importava o que seu pai pensasse. O único amor de sua vida estava morto, e ele não tinha a menor inten­ção de procurar uma substituta.

Olhando para Pedro, viu que ele se preparava para começar a falar de novo. Alfonso decidiu partir.

- Acho que vou lá ver como o seu projeto está indo.