Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Capítulo 8

Puro instinto guiou seus movimentos. Alfonso segurou-a sem pensar. Num segundo, estava de pé ao lado de Anahí; no seguinte, ela virara-se de alguma forma e fora projetada no ar.

A escada que ela deixara para trás involuntariamente oscilou por um segundo, mas misericordiosamente per­maneceu de pé. Alfonso mal notou. Estava muito ocupado em processar toda aquela situação. Estava segurando uma mulher estonteantemente linda em seus braços.

E estava se denunciando para ela.

Os olhos de Anahí arregalaram-se e, por um segun­do, ele pensou que ela estaria sentindo alguma dor. Mas, quando ela soltou um consternado. - Me perdoe -, se­guido do que possivelmente seria a risada mais sexy que ele já ouvira, Alfonso soube que não havia nada quebrado, contundido ou machucado.

Pelo menos no que dizia respeito a ela. O júri ainda não havia se decidido com relação a ele.

Seus olhos não miravam mais o rosto dele. Com uma expressão um tanto envergonhada, ela olhava para o seu peito. Alfonso olhou para baixo para enxergar o que ela es­tava vendo. O rolo que ela carregava ainda estava seguro em sua mão. Entendeu que Anahí devia tê-lo acertado com ele acidentalmente quando despencara da escada. Ele agora exibia sobre o peito a mesma cor da parede recém-pintada. Azul-caramujo.

Ele franziu a testa. Não carecia de muita imaginação para ver por quão pouco ela errara seu rosto. - Pensei que a idéia fosse pintar a parede, não a mim.

- Me perdoe -, ela repetiu.

Olhando de perto, ele podia ver que Anahí estava clara­mente lutando contra os músculos de sua face, tentando mantê-los no lugar para que pudesse ao menos parecer sé­ria. Mas o sorriso estava ganhando. Por que ele achava aquilo cativante e não irritante não tinha a menor idéia.

Soltou o ar pela boca, ainda contendo os cantos dos lábios.

- Sorte que fiz você vestir esse macacão.

- Acho que foi mais sorte ainda eu estar aqui para agarrá-la.

- Foi só um degrau - argumentou ela. - E eu não teria escorregado se você não tivesse me deixado tão nervosa.

A não ser pelo incidente com o air-bag, ele via Anahi Portilla como alguém com nervos de aço. E, tinha que admitir, também considerava isso um pouco intri­gante.

Com rosto ainda a centímetros do dela, Alfonso buscou os sinais que denunciavam algum humor. Mas, desta vez, não havia nenhum. Ela estava séria. Seu interesse aumentou.

- Eu deixo você nervosa?

Certo, talvez ela não devesse ter dito aquilo, repreen­deu-se Anahí. Mas não era como se estivesse revelando algum profundo e obscuro segredo de estado. Aquele homem tinha que saber que seu jeito de inspecioná-la fazia com ela duvidasse de si mesma. Esse tipo de coisa deixa qualquer um nervoso.

Anahí fitou-o incisivamente. Decidiu não recuar. A honestidade era geralmente a melhor medida, de qualquer maneira. Mentiras eram bem mais difíceis de se manter.

- Sim, deixa. A propósito... - seus lábios divertiam-se - quando você pretende me colocar no chão?

Ele estava tão tomado pela reação que tivera que es­quecera completamente que ainda a segurava. Sentindo-se um pouco idiota, Alfonso colocou-a no chão. Parecia que o fazia em câmera-lenta. Estava extremamente atento a cada movimento, a cada parte do corpo dela que entrava em contato com o dele à medida que a soltava.

Além disso, ele sentia uma relutância que zumbia pelo seu corpo, uma relutância incômoda com a qual estava completamente desacostumado.

Bem, talvez não completamente, retificou silencio­samente, mas já tinha passado muito tempo desde a última vez em que sentira os reboliços do verdadeiro desejo despertando em seu corpo.

Era só uma reação masculina a uma bela mulher, in­sistia, nada mais.

Exceto por ele normalmente não se deixar dominar por este tipo de sentimento.