Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Em vez de pegar a lata de tinta que Anahí tinha colo­cado em cima do balcão, Alfonso tomou-lhe o rolo da mão e depositou-o sobre o recipiente fechado.

- Você não vai se mexer. - Aquelas palavras, em câmera lenta, soaram leves como algodão.

Seus olhos estavam atentos aos dela quando ele to­mou a decisão. Assim que o fez, uma excitação alastrou-se por seu corpo.

- Acho que precisamos tirar uma coisa a limpo pri­meiro.

A mente de Anahí rodopiava enquanto buscava desesperadamente algo para dizer. Algo descontraído para desencorajá-lo, pois, que Deus a ajudasse, sentia que sabia o que estava por vir. E que seria a sua ruína.

Ela respirou fundo.

- Eu nunca fui de fazer isso.

- Às vezes... - sua voz acariciava-a - ...precisa ser feito para que sigamos em frente.

Pense, any, pense.

- Soube que as sanguessugas voltaram à moda. Droga. Parecia que os olhos dele pregavam-na no lugar. Não era nem justo. Por que Pedro Herrera não poderia ter tido filhos feios? Ou, melhor que isso, por que ele tinha que ter um filho que fazia seu pulso dispa­rar toda vez que o dito cujo estava a menos de cinco metros de distância dela?

Não era só injusto, já tinha sido o bastante para ela, pensou Anahí , em crescente desespero, ainda sem se mo­ver do lugar onde estava. Não queria cair de novo no cárcere de veludo do desejo. Ela queria ser uma freira - não, melhor ainda, ela queria ser uma daquelas pobres almas dos contos árabes cuja única função era guardar as esposas do sultão. Eunucos tinham seu desejo esvazia­do e anulado.

Não havia nada de vazio e nulo em seu sentimento por ele.

Droga, já era para ela ter superado o desejo.

Alfonso fingiu vasculhar os bolsos, procurando por san­guessugas imaginárias.

- Fiquei sem nenhuma.

- Que vergonha. – Anahí podia sentir o ar atravessa­do na garganta. Tinha que forçar para que saísse. - Que­ro meu dinheiro de volta.

-Anahí? A respiração de Alfonso espalhava-se por sua pele. Ela teria engolido se ao menos houvesse algo para engolir.

- Sim?

- Cale-se. Ele viu um lampejo de raiva passar pelos olhos dela antes de desaparecer. Só serviu para excitá-lo ainda mais.

Alfonso passou os dedos pelos seus cabelos, emoldurando seu rosto com as mãos e aproximando-o do dele.

Se o coração de Anahí batesse mais forte, se partiria em milhões de pedaços. Como autodefesa, começou a falar de novo.

- Ouvi dizer que um alvo em movimento é um desa­fio maior.

- Tudo bem então, considere-me desafiado.

Ele acariciou seu lábio inferior com o polegar. Sentiu uma pulsação no seu abdômen quando o desejo tomou conta dele. Incapaz de respirar, Alfonso desceu sua boca até a dela.

A mente dela apagou.

Seu corpo entrou em piloto automático.

Anahí entrelaçou os braços ao redor do pescoço dele, apoiando seu corpo sobre o dele enquanto algo que soa­va vagamente como o "Aleluia" de Handel subitamente explodia em sua cabeça e em seu corpo.

A luz do sol disparava raios à esquerda e à direita, sem atear fogo nela.

Não, nada disso, pensou, ele estava ateando fogo nela.

O desespero elevava-se dentro dela, gritando "May-day". Maldição, não era para ser assim.

Mas, Santo Deus, era glorioso.

Abraçou-o mais forte, beijou-o mais forte. Certa de que seria logo esquecida, deixaria sua marca nele antes que se desintegrasse.

Não estava funcionando.