Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Capítulo 9

Havia uma pizza entre eles na mesa da sala dos fun­dos. Como eles careciam de um descanso após três ho­ras de pintura, Anahí encomendou uma de pepperoni na pizzaria do outro lado do shopping. Dois grandes recipi­entes com refrigerante pela metade pareciam sentinelas gelados ao lado da caixa aberta, guardando a pizza que já fora consumida em mais da metade.

Havia muito mais que o cheiro de massa, queijo, molho e pepperoni pairando no ar entre eles, contudo.

Sentindo um pouco de molho espalhado em sua boca, Anahí  limpou os lábios antes de continuar a comer sua fatia. Ela ainda não sabia o que fazer com Alfonso, ou mes­mo o que tentar fazer.

Mas ele não era o tipo de homem que você podia esquecer e se afastar.

Em especial, depois de tê-la beijado de uma maneira que teria incendiado as meias de qualquer uma.

Era melhor só continuar comendo e não dizer nada, Anahí disse para si mesma, apesar de os efeitos de seu beijo estarem perdurando muito mais do que ela gostaria.

Aquilo só estava acontecendo por causa de seu lon­go celibato. Até a água de torneira mais sem-graça tem gosto de vinho espumante se você ficar sem saciar sua sede por dois anos.

O problema era que, pensou ela, observando Alfonso secretamente, ela não tinha nem percebido que estava com sede até dar um gole.

Irritada com o fato de que não podia impedir que sua mente seguisse por um caminho que não desejava, deu uma saudável golada em seu refrigerante dietético e se inclinou para a frente para pegar outro pedaço de pizza.

Ao mesmo tempo que ele.

Com ambos chegando até a caixa, suas mãos encos­taram-se. Anahí  precisou esforçar-se para retirar sua mão. Quando ele ergueu os olhos em sua direção, ela disse a primeira coisa que veio à a cabeça.

- Você durou mais do que eu pensava.

O que diabos aquilo significava? Ela estava falando dele permanecer ali depois de beijá-la?

- O que você disse?

- Pintando - explicou, pegando sua fatia. - Eu meio que esperava que você desse meia-volta quando suge­ri que vestisse o macacão e ajudasse. - E eu estaria me sentindo muito mais segura se você tivesse feito isso, ela pensou. - Graças a você, já estamos quase terminan­do. - Esboçou um sorriso, parando para dar uma mordi­da no que contabilizava ser sua quarta fatia. - Neste rit­mo, estarei pronta para abrir em uma semana. O homem que fará o letreiro virá amanhã. - Ela observou quando ele se serviu de um pedaço.

Alfonso levantou uma sobrancelha, simulando surpresa.

- Quer dizer que você não vai fazer isso sozinha tam­bém? - Onde ela estava armazenando toda aquela comi­da?, perguntou-se. Até então, aquela mulher tinha comi­do mais do que as três últimas mulheres com quem saíra juntas, e estava fantástica fazendo isso.

Cuidado, rapaz, alertou a si mesmo. Você está pisan­do em terreno escorregadio aqui. Você começa a admi­rar o jeito como uma mulher come e está perdido.

Anahí balançou a cabeça e riu.

- De forma alguma. Minha letra é horrível. Ninguém entenderia o nome da loja.

Ele tinha uma vaga noção de ter concordado com a cabeça, mal ouvindo o que ela dizia. Sua atenção fora desviada para a maneira como ela mexia a boca enquan­to falava. Para a maneira como respirava. Como estava quente lá dentro, ela tinha aberto o zíper do macacão até a cintura quando se sentara à mesa. Por baixo da despo­jada peça e seus borrões de tinta, ela vestia um top que aderia ao seu corpo como uma pele rosada. Ele moldava seus seios, discretamente abrindo um decote onde se depositava o negro profundo de seus cabelos.

Ela tinha soltado os cabelos também. Eles flutuavam sobre suas costas como uma capa de veludo negro.

Com uma das mãos segurando sua fatia e a outra en­volvendo o recipiente com refrigerante, Alfonso ainda po­dia sentir uma coceira nas palmas de suas mãos.