Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Ele queria tocá-la. Passar as mãos por todo o seu cor­po. Queria ver por si próprio se era firme e macio como aparentava.

Numa tentativa desesperada de frear antes que se aprofundasse ainda mais, procurou algo para usar como barricada entre eles. Algo oficial.

- Que tipo de seguro você vai contratar?

Demorou um pouco para que ela absorvesse a pergun­ta. Ele também a estivera observando com um olhar quente o bastante para incinerar seu macacão e tudo o mais. Ela ficou feliz de falar sobre algo tão impessoal quanto segu­ros. Mesmo assim, deu um gole no refrigerante gelado para matar uma sede que só em parte havia sido provoca­da pelo apimentado pedaço de pizza que deglutia.

- O mesmo de antes - disse a ele. Então, caso ele não tivesse checado isto quando conduzia a investiga­ção sobre sua vida, ela completou. - Contratei a Gibraltar Seguros quando abri minha loja em Nova Iorque. - Antes que ele pudesse indagar, deu-lhe as razões por trás de sua escolha, enumerando-as com seus dedos. - Taxas razoáveis, agentes acessíveis. Eles chegaram logo quan­do fui roubada.

- Roubada? - Com a fatia a meio caminho de seus lábios, Alfonso parou e fitou-a incredulamente. - Você foi roubada?

Anahí  mordeu a língua, mas já era tarde demais. Ela deveria ter feito isso antes de dizer qualquer coisa.

Grande erro, sua mente sentenciou.

Anahí deu de ombros da forma mais despojada pos­sível, desfazendo-se do incidente, e sorriu meiga, mos­trando o polegar e o indicador a poucos centímetros um do outro.

- Foi só um ladrãozinho.

- Balas são do mesmo tamanho, independentemente do quão alto ou baixo é o atirador - ele argumentou.

Droga, queria ter permanecido de boca fechada.

- É, ela disse pacientemente -, creio que sim. Mas ninguém se machucou - foi rápida ao acrescentar. – O cara que nos roubou parecia mais assustado do que qual­quer outra coisa.

- Você viu o rosto dele?

- Os olhos - corrigiu Anahí. - E ele estava apavora­do. - Ela simplesmente sabia que ele tinha sido compe­lido a fazer aquilo por circunstâncias bastante adversas. - Se minha cliente não tivesse começado a passar mal, acho que teria conseguido demover o assaltante do que ele estava fazendo.

Que tipo de doente mental seu pai estava ajudando? A mulher era comprovadamente insana.

- Ou, então, conseguido levar um tiro...

Ela acabou sua fatia e pegou um guardanapo limpo, passando-o nos dedos.

- Sabe, Alfonso, você realmente tem que fazer algo quan­to a essa sua atitude otimista.

Não havia nada de engraçado na situação que ela lhe contara.

- Eu sou realista.

Recolhendo os guardanapos usados que estavam so­bre a mesa, jogou-os na lata de lixo e virou-se para ele, analisando-o.

- Talvez seja esse o seu problema.

Ele não gostou do que ela estava sugerindo.

- Eu não tenho problema algum. - A não ser ter que lidar com você e esses sentimentos estranhos.

Anahí  olhou-o nos olhos, sentindo que ele era uma alma atormentada. Mais ou menos como ela naquele momento.

- Você é feliz? - desafiou-o de súbito. De onde diabos veio aquilo?

- Extasiadamente - respondeu-lhe entre os dentes.

Anahí  riu, o som reverberava nele como ondas na superfície de um lago, sinalizando uma tormenta. Que era exatamente o que o som de sua risada provocava nele. Uma enorme tormenta.

- Tudo bem, talvez você não tenha problema algum - consentiu.

- Obrigado - respondeu-lhe friamente antes de re­tornar ao tema que eles estavam fingindo discutir com interesse. - Quanto está pagando pelo seguro?