Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Um canto de sua boca ergueu-se num sorriso provo­cante.

- Isso é um pouco pessoal, você não acha?

- Um beijo é pessoal. - Por que diabos dissera isso? Prometera a si mesmo não pensar nem fazer referência ao que acontecera mais cedo. Quanto menos tempo gas­tasse com isso, melhor. Era quase como se estivesse con­denado a repeti-lo.

Alfonso tentou rapidamente distraí-la de seu erro.

- Isso são negócios.

Fitou-o, com um olhar inocente.

- Então, não eram negócios antes? Os olhos de Alfonso comprimiram-se.

- Quando?

- Quando você me beijou?

Ele ateve-se à sua tese original, por mais fraca e mal embasada que fosse.

- Eu só estava tentando nos livrar disso.

- Ah, sim. Claro - ela murmurou, as palavras saindo uma de cada vez, lentamente. - Certo, então.

Deu-lhe uma estimativa do quanto estava pagando. Ele olhou-a, surpreso.

- E dá para cobrir?

- Uma apólice de dois milhões de dólares. Eu não espero ter mais do que isso em estoque. Terei menos, provavelmente. Eu presto um serviço - explicou. - Eu crio algo que combine com a personalidade do cliente, em vez de querer esvaziar o meu estoque só porque en­comendei safiras demais no mês passado.

Era uma filosofia interessante, mas ele duvidava de sua validade.

- Como uma jóia pode refletir a personalidade de alguém? - indagou em tom de descrédito.

Analisou-o por um bom tempo, antes de responder.

- A sua se refletiria em um anel de ouro. Com uma pantera de ônix negro aplicada. E talvez um pequeno olho que o vigiasse onde quer que você fosse. Uma esmeralda.

- E assim que você me enxerga? - Ele queria saber. - Ouro berrante cravejado de ônix?

Estava tentando desmoralizá-la.

- Não há nada de berrante no ouro - informou-o. - Todos os reis cobiçavam-no. E o anel teria a imagem de uma pantera - disse pontualmente. - É como o vejo. Uma pantera. Lustrosa e mortal. Não tendo misericórdia de seus oponentes. - Era assim que o enxergava, ela reafir­mava silenciosamente. Frio, distante.

Não havia nada de frio na maneira como beijava. Ela conteve o pensamento escapista. Não havia mais lugar para ele.

Anahí forçou-se a sorrir.

- Eu fiz o dever de casa sobre você também. - Ele parecia surpreso. E não muito satisfeito. - Na era da in­ternet, ninguém está seguro.

Ele devolveu a fatia que estava beliscando à caixa. E só restara ela. Os dois tinham devorado quase toda a pizza.

- Aparentemente.

Por alguma razão, o espaço ao redor dela parecia es­tar ficando menor, percebeu. Ela podia sentir a claustro-fobia emergir. Mas, desta vez, ela quase a abraçou. Ela permitia bloquear as outras sensações que a estavam es­tremecendo, que a preocupavam muito mais do que o ataque de claustrofobia. Sabia como lidar com ela: sair para um local aberto o mais rápido possível. Lidar com a atração por Alfonso Herrera era outra coisa. E ela não se livraria disso até que ele retornasse para Nova York.

Levantando-se, esfregou as mãos.

- Vou lá terminar - anunciou.

Alfonso concordou, para então olhar de volta para o pe­daço de pizza que tinha acabado de deixar na caixa. Pe­gou-o novamente, usando-o como desculpa. Precisava se recompor.

- Saio num minuto.

Ela lançou-lhe um olhar cheio de significado.

- Não se apresse.

Alfonso acomodou-se na cadeira de encosto reto que ela havia arrastado, e a viu sair do escritório. Notando como seus quadris moviam-se de um lado para outro como uma música lírica.