Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Capítulo 10

Preocupada, Anahí não vira Alfonso até entrar no ele­vador no dia seguinte.

Pensava que seu radar a teria avisado que a única pes­soa que ela desesperadamente queria evitar estava na área. Mas, assim que dera a volta para pegar o elevador que levava ao banco, ouvira o sinal de que o mesmo estava chegando e, na pressa para não perder a viagem até o trigésimo andar naquele tubo cilíndrico, correra até a porta.

E por pouco não evitara a colisão com o homem alto e robusto que vinha do lado oposto.

De cara para o tecido, Anahí primeiro reconheceu o corte do terno. Feito sob medida. Costurado à mão. Logo em seguida, reconheceu a colônia. Não havia ninguém mais no elevador para compartilhar da viagem com eles.

O coração de Anahí  parou de bater quando as portas se fecharam atrás dela. Deu um passo atrás e olhou para ele. Suas habilidades verbais decaíram vertiginosamente.

- Alfonso.

- Anahí. - Ele percebeu sua presença um pouco abrup­tamente. Mas ela era a última pessoa com quem ele queria esbarrar, literalmente ou não. Estava a caminho de uma reunião particular com seu pai sobre o caso de Anahí. Depois daquele incidente na loja, pelo qual ele francamente aceita­va a culpa, ele definitivamente queria pular fora. Segundo as próprias palavras dela, sua loja estaria pronta em uma semana. Seu seguro estava em ordem, assim como seu es­toque. E ela tinha contratado uma firma de segurança para guardar a loja contra arrombamentos. Não havia motivo para que ele ficasse por perto. Não lembrava de o banco ter segurado alguém pela mão com tanto zelo.

Seus olhos percorreram-na. Ela vestia um casaco três-quartos de camurça. Camurça nunca o tinha excitado.

Até agora.

Talvez ele devesse ter marcado um jantar com seu pai, pensou negativamente. Seria uma oportunidade pre­ciosa de aparecer na casa dele.

Droga, por que ela se sentia como um cruzamento de malte e martíni do James Bond toda vez que esbarrava com ele? Mexida e balançada.

Anahí forçou um sorriso nos lábios.

- Parece que não conseguimos deixar de nos esbarrar. Ele decidiu que o melhor a fazer seria ficar olhando para às portas de aço.

- Parece.

Comunicativo como sempre, ela pensou. Talvez ela devesse sentir-se grata por isso, mas não se sentia. De­testava o silêncio quando estava desconfortável e, na­quele exato momento, após o que houvera ontem, ela estava muito desconfortável.

O que ele estava pensando? Ele teria revivido aquele beijo várias vezes, como ela fizera? Ou teria se arrepen­dido do impulso que o fizera transformar os joelhos dela em manteiga?

Ou a coisa toda teria sido tão insignificante que ele não perdera tempo pensando nela?

Anahí  pigarreou, buscando palavras para preencher o silêncio.

- Estou indo encontrar minha irmã para almoçar. Dulce - acrescentou por precaução, para o caso de ele ter esquecido que sua irmã trabalhava ali. Como ele não fez nenhum esforço para responder, ela pressionou. - E você?

Uma ruga denunciava confusão em sua testa sem marcas.

- E eu o quê?

Ele a estava ignorando completamente?

- Com quem você vai encontrar?

Alfonso  virou o rosto para a frente novamente.

- Meu pai. - Para me livrar desta maldita tarefa de uma vez por todas.

- Oh. - Arrancar palavras daquele homem era como retirar carvões em brasa de uma lareira. Saem rapida­mente, porém em escassez. - Diga-lhe "oi" por mim.