Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Alfonso não respondeu nada, balançou meramente a ca­beça para indicar que a havia escutado. De acordo com os números luminosos no painel, os andares estavam passando velozmente.

Não o bastante para ele, pensou. O espaço interno às polidas paredes cinza-aço estava sendo tomado pelo per­fume de Anahí, que já o estava atingindo. Excitando-o. Fazendo com que lembrasse como era ter os lábios dela pressionados contra os seus.

Ainda faltavam dez andares.

E o elevador deu um solavanco e parou. As luzes apagaram-se, deixando-os na mais completa escuridão.

No momento seguinte, sentiu seu braço ser puxado. "Agarrado" seria o melhor termo.

- O que aconteceu?

A voz de Anahí parecia sem fôlego, em pânico. Da mesma forma como quando a caminhonete acertara seu carro no cruzamento.

- É só uma falha no funcionamento. Não comece a gritar - advertiu-a.

Pensou tê-la ouvido dizer.

- Não vou. - Ela soava pouco segura com relação à promessa.

- Só levará alguns segundos - prometeu ele. Era um prédio relativamente novo. O Herrera-Urcker muda­ra-se de seu escritório original para ali havia menos de cinco anos. Tudo era para ser de última geração.

E isso significava que esse tipo de coisa não deveria acontecer.

- As luzes já vão acender.

Desvencilhou seu braço para colocar as mãos na pare­de e tentar achar o telefone. De alguma forma, ele virou-se e achou Anahí no lugar.

Puxou as mãos de volta imediatamente. O que quer que tivesse tocado - e ele suspeitava o que tinha sido -, era incrivelmente macio, mesmo coberto por camurça.

- Desculpe - ele murmurou.

- Tudo bem.

Sua resposta mal passava de um sussurro. Ele podia sentir o medo crescente em sua voz.

- Vamos ficar bem - disse a ela com firmeza.

- Sei que vamos.

Apesar de não parecer ter tanta certeza, ela acreditou nele.

Quando já pensava que iria desmaiar, uma luz de emergência acendeu-se. A iluminação que ela oferecia era precária, mas ao menos não estavam mais no escuro.

A pele dela estava quase translúcida, ele pensou, olhando para seu rosto.

- Ali. - Alfonso indicou o foco de luz. - Viu?

- Sim - ela sussurrou. - Estou vendo. - Ela só via o quão pequeno e fechado era o espaço. Por alguma razão, a luz fraca só o fazia parecer menor ainda. Um aperto instalava-se em seu peito.

- Eu também estou - disse a ela. E o que viu foi um medo genuíno. O mesmo medo que estivera em seus olhos ao retirá-la do carro quando o air-bag fora aciona­do. - Vai ficar tudo bem. - As palavras pareciam vazias, ocas, sublinhando a frustração que ele sentia.

Ela voltou seus olhos para ele, em desespero.

- Quando? Quando vai ficar tudo bem?

- Assim que as luzes reacenderem.

Ele sabia que sua resposta não era muito confiante. Nada frustrava-o mais do que não ter o controle sobre uma situação. Com a impaciência se apoderando dele, abriu uma portinha logo acima do painel e retirou o fone do circuito-interno.

- Alô? Alô? Tem alguém aí?

Não obteve resposta. Por um minuto, teve vontade de bater o fone contra a parede, mas perder as estribei­ras não resolveria o problema. Tentou o celular.