Fanfic: Sorte no amor AyA finalizada

Não ti­nha sinal. Quando as coisas tinham que dar errado, da­vam errado mesmo.

- Eles devem estar sem energia. - A voz de Anahí não era mais alta que um murmúrio. Podia sentir sua garganta se fechando de novo.

Ele balançou a cabeça.

- As linhas telefônicas estão em um circuito à parte. - Com vontade de xingar, desligou o aparelho. – Talvez os demais elevadores estejam parados também, e quem deveria atender ao telefone esteja socorrendo um outro.

- É, isso mesmo.

Sua atenção voltou-se para ela. Com pouca ou muita iluminação, ela não parecia bem.

- Sente-se antes que caia.

Mas Anahí ficou onde estava, com o corpo tão rígi­do como se tivesse sido esculpido em pedra. Seus olhos fitaram o rosto de Alfonso.

Era o que se chamava um olhar de cervo surpreendi­do pelos faróis de um carro, ele pensou.

- Faça alguma coisa. - Era em parte um comando, em parte um apelo.

Mas o que ela esperava que ele fizesse? Havia pou­cas e preciosas saídas disponíveis.

- Bem, eu iria lá fora e içaria o elevador até o próxi­mo andar, mas minha capa está na lavanderia.

- Faça alguma coisa - ela repetiu, ainda mais insis­tentemente desta vez.

Certo, ele iria obedecer.

- E o que exatamente você quer que eu faça?

Ela deu de ombros. Se soubesse, teria feito ela mesma.

- Não sei, algo de homem. - Olhando em volta, ela viu o que seria uma tampa removível bem em cima de suas cabeças. - Como subir ali e abrir aquilo.

Ele olhou na mesma direção.

- E de que vai adiantar?

- Poderíamos sair por ali. - Soltando o ar pelo nariz, ele olhou para o salto alto dos sapatos dela. - Sou muito ágil - ela insistiu.

Ele decidiu se divertir com ela um pouco.

- Tudo bem, supondo que consigamos sair, e depois?

Não sabia quanto a ele, mas para ela já seria um gran­de alívio.

- Pelo menos, não ficaríamos aqui, sufocando.

- Não estamos sufocando. Tem muito ar aqui.

Ela colocou a mão em seu braço novamente. Para uma mulher relativamente pequena, tinha dedos bastan­te fortes.

- Por favor.

Alfonso sabia que ela não desistiria até que cedesse. Pen­sou que, se ninguém estava atendendo o telefone, não custaria tentar ver o que estava acontecendo, apesar de não estar disposto a escalar os cabos até o andar seguin­te. Não teria como forçar as portas do outro andar. Mes­mo se ele fosse um halterofilista, seria impossível.

Foi até a parede e testou a integridade das grades dos três lados do elevador. Com o recuo, pareciam firmes o suficiente para agüentá-lo.

Alfonso olhou-a de volta. Ela já tinha jogado o casaco no chão.

- Venha aqui, me dê o seu ombro.

Ele observou-a enquanto sua língua tocava o contor­no de sua boca e tentou não permitir que isso o afetasse.

- Por quê?

Angustiado com a situação e com o fato de que não parecia haver como negar a ansiedade nos olhos dela, soltou:

- Porque eu não tomei café-da-manhã e estou famin­to. - Levou-a pelo braço até a parede. - É que preciso dele como apoio.

Tirando os sapatos, Alfonso apoiou sua mão no ombro dela. Ela oscilou um pouco, depois firmou-se. A expres­são "borboleta-de-aço" veio à sua mente.

- Você é mais durona do que parece.